Recife (04/05/2009) -
Agentes de fiscalização do Ibama fecharam
na quinta-feira, dia 30/04, 16 serrarias irregulares e
uma fábrica de vassouras que operavam na região
da zona da mata sul de Pernambuco, nos municípios
de Ribeirão, Gameleira, Catende, Água Preta
e Palmares. Essas empresas, sem Cadastro Técnico
Federal ou licença ambiental, consumiam madeira
nativa, também extraída ilegalmente na região.
O total de multas chegou a R$ 900 mil reais e seus responsáveis
deverão responder por crime ambiental, ficando
sujeitos a penas que podem chegar a 3 anos de prisão.
A ação foi realizada em conjunto com a Polícia
Rodoviária Federal e a Agência Estadual de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos de PE - CPRH.
Durante a operação,
batizada de “Sucupira” em referência a uma das essências
mais consumidas pelas serrarias, foram apreendidas 460
toras de madeira. As serrarias foram lacradas e embargadas
e os motores das serras, retirados. Também foram
apreendidas cerca de 300 bases para montagem de rodos
e vassouras, que serão doados às oficinas
da penitenciária de Itamaracá. A madeira
será doada ao Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional – IPHAN, para recuperação
de edifícios históricos.
A operação
é a conclusão de um ciclo de investigações
dos setores de inteligência do Ibama. Desde o início
do ano, agentes fiscalizam pontos de desmate, levantam
dados e checam informações. Os resultados
apontaram que essas pequenas e médias empresas
são as principais responsáveis pela destruição
dos últimos fragmentos de Mata Atlântica
do estado de PE. Estima-se que PE mantenha apenas 2,5%
de sua cobertura original do bioma, número bastante
inferior à média do país, que ainda
conserva parcos 7%. Por se tratar de um dos biomas mais
ameaçados do mundo e, ao mesmo tempo, entre os
de maior biodiversidade, qualquer agressão à
Mata Atlântica representa um grave problema ambiental.
O cenário é
bastante complicado, pois essas infrações
ambientais vêm acompanhadas também de outros
crimes. Em toda a região é possível
encontrar relatos de ameaças de pistoleiros que
invadem propriedades para roubar madeira e oferecer às
serrarias. Há casos de espancamento contra assentados
rurais que ousaram resistir aos desmatadores no município
de Ribeirão. A polícia de Gameleira foi
recebida a tiros durante uma vistoria em área de
mata. E vários proprietários de engenho,
também em Gameleira, já foram ameaçados
de morte.
A “Operação
Sucupira” registrou com o auxílio de um helicóptero
da Polícia Rodoviária Federal diversos pontos
de desmatamento. No sobrevoo foram mapeados a situação
dos fragmentos, áreas invadidas e estoques de madeira
ocultos. As imagens vão subsidiar novas ações
na área, bem como servirão para orientar
a reconstituição de corredores ecológicos
para recompor a floresta.
O Ibama orienta os consumidores
de madeira para que verifiquem sempre a situação
de regularidade da empresa antes de fazer sua compra.
Todo consumidor tem o direito de exigir do produtor ou
comerciante de madeira o Cadastro Técnico Federal,
a emissão de um Documento de Origem Florestal (DOF)
e uma nota fiscal para cada compra. A recusa em fornecer
tais documentos deve ser denunciada. O telefone do Ibama
em Recife é (81) 3441-5033.
Airton De Grande
Ascom/Ibama/PE