Brasília (24/09/2009)
- Para combater o desmatamento do Cerrado, que já
teve cerca de 48% de sua cobertura vegetal original destruída,
foi desmontada nesta quinta-feira (24/9) mais uma carvoaria
ilegal, na Fazenda Buritizal, região de Cristalina
(GO), a cerca de 100 km de Brasília.
A operação,
realizada pelo Ibama, MMA e Polícia Militar Ambiental
de Goiás, destruiu 19 fornos que utilizavam vegetação
nativa do bioma, e contou com a presença do ministro
do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do assessor especial
do MMA, José Maurício de Brito Padrone.
A ação foi organizada pelo coordenador de
operações do Ibama, Roberto Cabral, e contou
com o apoio de vinte e dois policiais ambientais.
Houve ainda apreensão
do trator utilizado na produção clandestina,
aplicação de multa e embargo da área.
A carvoaria funcionava desde 2005 e estava com a licença
vencida há dois anos. O responsável, Sebastião
Brandão, foi encaminhado à delegacia para
ser indiciado por crime ambiental e pode pegar uma pena
de um a seis meses de prisão.
No local, eram produzidos
cerca de quatro caminhões de carvão por
semana. O desmatamento observado na área chegava
a cem hectares por ano, o equivalente a cem estádios
de futebol. Árvores importantes da vegetação
nativa, como aroeira, sucupira, pau-ferro e barbatimão
foram encontradas nos fornos.
Carlos Minc disse que
a partir de agora serão realizadas e intensificadas
operações semelhantes às que ocorrem
na região amazônica. “Precisamos defender
o Cerrado, que tem a mesma importância da Amazônia,
pois este bioma é o berço das águas,
e para isso vamos combater a impunidade ambiental”, acrescentou.
Ele afirmou que haverá a implementação
de barreiras e entrocamentos para fiscalização
de caminhões e cargas, bem como o corte de crédito
para os produtores que estiverem em situação
ilegal, tanto na questão fundiária como
ambiental.
O ministro explicou a
dinâmica de devastação que vem acontecendo
no bioma. Primeiro são retiradas as madeiras de
lei, depois as outras espécies são utilizadas
para fazer carvão e, em seguida, há as queimadas
para a formação de pasto e criação
ilegal de gado.
“A partir de agora vamos
fazer um planejamento com órgãos ambientais
estaduais para começar a exigir a certificação
ambiental do carvão, bem como promoção
de campanhas para que os varejistas e consumidores comprem
um produto de origem conhecida”, completou.
Minc afirmou ainda que,
em parceria com a Embrapa, o MMA vai investir cerca de
U$10 milhões de dólares - doados por outros
países em prol da conservação da
biodiversidade brasileira - na recuperação
de solos em áreas degradadas.
Ele também defendeu
a implementação de alternativas econômicas
ao desmatamento no Cerrado, como o pagamento por serviços
ambientais e plano de manejo florestal adequado nas propriedades.
Recentemente foi divulgada
pelo MMA uma lista com os estados que mais desmatam o
cerrado, dentre eles o Maranhão, Mato Grosso e
Bahia. O ministro disse que nos 60 municípios onde
há maior incidência de desmatamento haverá
o controle do crédito e barreiras de fiscalização.
Esta
foi a terceira operação de fiscalização
e combate ao desmatamento realizada no bioma. A primeira
foi em uma fazenda de soja na Bahia e a outra em assentamento
no estado de Goiás. As multas por crime ambiental
podem chegar a R$ 50 mil, e em alguns casos a 10 milhões
de reais. A pena aplicada pode ser de até 3 anos
de prisão.
Carine Corrêa - Ascom MMA
Foto: Jefferson Rudy - MMA