Belém (24/11/2009)
– As empresas Companhia Siderúrgica do Pará
- Cosipar, Sidenorte Siderurgia Ltda e Sidepar Siderurgia
do Pará S.A. tiveram ontem (23/11) seus acessos
ao Sisflora bloqueados pelo Ibama. As três foram
flagradas pela Operação Caça-Fantasma
comprando 1.520 metros de carvão ilegal, o equivalente
a 26 caminhões cheios, de uma firma de fachada,
ou seja, criada apenas para comercializar créditos
florestais. Além de autuadas, as siderúrgicas
terão os estoques irregulares apreendidos.
Com a sanção,
elas ficam impedidas de emitir novas Guias Florestais
(GF), o documento que acompanha todo produto da flora
nativa no Pará. Até a suspensão do
bloqueio pelo Ibama, as indústrias não podem
comprar carvão. A Cosipar, com capacidade instalada
de um milhão de toneladas ano, é a maior
siderúrgica do estado.
“Os fatos sugerem que
as GFs emitidas pelas empresas foram usadas para esquentar
carvão vindo de áreas de desmatamento”,
justifica o Coordenador da Caça-Fantasma, Paulo
Maués, cuja equipe já desvendou 200 empresas
fantasmas desde o início da operação,
em 2008.
O esquema de venda de
crédito às siderúrgicas foi descoberto
por meio de auditoria no Sisflora. O sistema, que faz
o controle do fluxo de madeiras e subprodutos florestais,
é gerido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente
do Pará. Uma única empresa, a LA Baseggio,
criada há três meses no Sisflora, chamou
a atenção dos fiscais do Ibama por ter comercializado
9 mil metros cúbicos, entre madeira e carvão,
com 39 empresas neste curto período.
Na sexta-feira (20/11),
os agentes do Ibama foram ao endereço da firma,
em Castanhal, a 60 Km de Belém. No local, encontraram
uma fábrica de carrocerias de caminhão e
nem sinal da LA Baseggio. Da empresa fantasma, a Cosipar
comprou 1.130 metros de carvão, a Sidenorte 330
e a Sidepar 60.
A multa para cada siderúrgica
pode chegar a R$ 1 milhão, por apresentar informação
enganosa aos sistemas oficias de controle ambiental. Além
de mais R$ 300 por cada metro de carvão adquirido
sem licença válida. As empresas, após
as autuações, terão 20 dias para
recorrer.
Operação
Caça-Fantasma: R$ 200 milhões em multas
Desde seu início em 2008, a Caça-Fantasma
bloqueou cerca de 200 empresas comerciantes de crédito,
que movimentaram mais de R$ 350 milhões no ano
passado. A operação ainda apreendeu 10 mil
m³ de madeira comprada ilegalmente, 5 mil metros
de carvão, fechou cinco Planos de Manejo Florestal
fraudulentos, aplicou R$ 200 milhões em multas
e cancelou 20 mil m³ de créditos no Sisflora.
Nelson Feitosa
Ascom Ibama