Belém (22/08/2011)
– Pela segunda vez em menos de um ano, o Ibama fechou
um pólo madeireiro irregular nas imediações
da Terra Indígena Kayapó em Cumaru do Norte,
no sudeste do Pará. Desta vez, o instituto desmontou
três serrarias clandestinas e bloqueou uma legalizada,
que operava mediante fraude no Sisflora, o sistema que
controla o comércio de produtos florestais no estado.
Na ação, que aconteceu entre 15 e 19 de
agosto, durante a operação Ocara II, foram
apreendidos 729 m³ de madeira armazenada nos pátios
das empresas (cerca de 40 caminhões cheios) e aplicados
R$ 315 mil em multas.
Com apoio da Funai e do Batalhão de Polícia
Ambiental de Belém, o Ibama desmontou e removeu
todo o maquinário das três serrarias clandestinas.
Paralelamente à fiscalização nas
madeireiras, os agentes ainda apreenderam um caminhão
carregado com 26 m³ de toras, destruíram sete
fornos de carvão ilegal e vistoriaram dois planos
de manejo florestal sustentáveis (PMFS) aprovados
no município. A suspensão de um deles será
requerida à Secretaria de Meio Ambiente do Pará
(Sema), responsável pela liberação
dos PMFS no estado, porque após um incêndio
não restou madeira para ser explorada na floresta.
“Além de interromper
o dano ao meio ambiente provocado pelas madeireiras ilegais,
queremos descapitalizar esse infrator, retirando o maquinário
usado para o crime ambiental, assim como a madeira obtida
ilegalmente”, explica o coordenador da operação,
o analista ambiental Lucivaldo Serrão. Para desmontar
as serrarias e retirar a madeira apreendida, a operação
Ocara II utilizou dois caminhões munk do Ibama,
além de dois caminhões truck e quatro carretas
cedidas pela Funai. A madeira ficou depositada aos cuidados
da prefeitura de Cumaru do Norte, que deverá utilizá-la
em obras sociais na região, após a conclusão
do processo de doação.
Reincidência e fraude
A primeira investida contra
a exploração de madeira na reserva dos Kayapós
aconteceu em novembro de 2010, durante a Operação
Ocara I. Com apoio da Funai e da Polícia Federal,
o Ibama desmontou e embargou cinco serrarias em Cumaru
do Norte e duas em Bannach. Um sobrevôo na região,
durante a operação Disparada, em maio de
2011, no entanto, revelou que três das serrarias
embargadas haviam voltado a operar ilegalmente.
Além destas, uma nova serraria havia se instalado
recentemente no entorno da área protegida. O empreendimento
operava com licença ambiental da Sema. Mas, ao
fiscalizar a empresa, os agentes encontraram no pátio
253 m³ de produto florestal sem documentação
de origem. Ou seja, madeira retirada ilegalmente da floresta.
A serraria acabou bloqueada no sistema DOF, que controla
o comércio de produtos florestais no nível
federal, e, consequentemente, no Sisflora, e não
poderá mais comercializar madeira até se
regularizar junto ao Ibama.
Nelson Feitosa
Ascom - Ibama/PA