Porto Alegre (01/02/2013)
- Agentes do Ibama e Policiais Militares fiscalizaram
nesta quinta-feira, dois entrepostos ilegais de camarão
em São José do Norte (distante 372 quilômetros
ao sul da Capital), onde encontraram diversas irregularidades,
além de crime ambiental. A Operação
Farfante, iniciada em 21/01/2013 faz referência
ao nome científico do camarão rosa (Farfantepenaeus
paulensis) e deve prosseguir naquela região por
tempo indeterminado.
No primeiro local, conhecido como "Ponta do Mato",
zona rural do Município de São José
do Norte, adjacente ao estuário da Lagoa dos Patos,
em uma enseada rasa conhecida como Saco do Rincão,
foi encontrado, escondido no mato, pequena quantidade
de camarão rosa impróprio para consumo,
indicando o escoamento recente da pescaria irregular naquela
área, estando o mesmo armazenado em condições
precárias. Foram apreendidas 283 redes do tipo
aviãozinho, duas motobombas para abastecimento
de água no acampamento e uma motoserra. O responsável
foi autuado em R$ 31.800,00 e conduzido a Delegacia da
Polícia Federal de Rio Grande, onde foi indiciado
por crime ambiental e teve de pagar uma fiança
no valor de R$ 15 mil.
Além dessa infração
o autuado também cometeu crime ambiental ao desmatar
uma Área de Preservação Permanente
(APP) para construção das moradias provisórias
de pescadores bem como estradas de acesso dos veículos
dos infratores que buscavam o camarão para vender
em época de defeso.
De acordo com o Agente
Ambiental Federal do Ibama, Luiz Louzada, o local era
monitorado há algumas semanas por equipes do Ibama
e do Comando Ambiental da Brigada Militar. Muitos comerciantes
ilegais do Estado de Santa Catarina, principalmente da
cidade de Laguna, utilizavam este entreposto irregular
para comprar o camarão ilegal pescado na época
do defeso da Lagoa dos Patos e transportavam o produto
para o Estado vizinho, configurando assim, além
de crime ambiental, crime fiscal contra o Estado do Rio
Grande do Sul.
Em um segundo ponto nas
proximidades da Praia do Barranco, na mesma localidade
da primeira ação fiscalizatória,
a equipe formada por 30 servidores do Ibama e do Batalhão
Ambiental realizou uma abordagem de surpresa, onde constaram
indícios de freqüente e intensa atividade
de pesca ilegal de camarão. No local, funcionava
um grande galpão de dois andares onde, no andar
térreo eram realizadas as atividades de armazenagem
e comércio ilegal, enquanto no andar superior ficavam
improvisados os quartos dos trabalhadores.
Também foram apreendidos
cinco freezers com 571 Kg de camarão rosa recém
pescado. O infrator também possuía um caminhão
frigorífico e uma picape Montana com a suspensão
alterada, prática utilizada para tentar burlar
a fiscalização, pois dessa forma o veículo
não parece carregar muito peso. O proprietário
foi autuado em R$ 84.260,00 e conduzido à Polícia
Federal, onde foi indiciado por crime ambiental e pagou
fiança de 25 mil reais. Os dois freezers e os 571
Kg de camarão foram doados para o Programa Mesa
Brasil do Sesc.
Segundo o Chefe do Escritório
Regional do Ibama em Rio Grande, Vinicius Costa, a quantidade
de pessoas, bens, equipamentos, veículos e o nível
de organização dos infratores demonstram
a alta rentabilidade desta atividade ilícita, ligada
a sonegação fiscal, considerando que o pescado
sai do Rio Grande do Sul sem pagar impostos.
Exemplo: "Uma carga
de 1000 Kg, que pode ser transportada por uma pequena
picape, é adquirida dos pescadores por R$ 2 reais/quilo
e revendida em Santa Catarina por R$ 20 gerando um lucro
de 900%. O Camarão é "esquentado"
com uma nota de produtor rural e pode ser vendido normalmente,
gerando prejuízo ao RS."
Maria Helena Firmbach Annes
Ascom/Ibama/RS