22/07/2025
– A economia oceânica cresceu 2,5 vezes
desde 1995, ultrapassando a média global.
Em 2023, o comércio de bens e serviços
oceânicos atingiu recordes de US$ 899 bilhões
e US$ 1,3 trilhão, respectivamente, destacando
a crescente importância das atividades marinhas
para nações costeiras e insulares.
Somente a pesca agora sustenta 600 milhões
de pessoas que vivem principalmente em países
em desenvolvimento.
Importante,
o comércio Sul-Sul está crescendo.
De 2021 a 2023, as exportações de
peixe (primário) aumentaram 43% para US$
19 bilhões, enquanto as exportações
de peixe processado saltaram 89% para US$ 23 bilhões.
Enquanto
isso, o oceano permanece em grande parte inexplorado,
com até dois terços das espécies
marinhas ainda não identificadas, oferecendo
vasto potencial. O mercado de biotecnologia marinha,
estimado em US$ 4,2 bilhões em 2023, deve
atingir US$ 6,4 bilhões até 2025 ,
impulsionado por alimentos marinhos de baixo carbono,
novos antibióticos e materiais de base biológica.
Mas as mudanças climáticas, a poluição,
a pesca excessiva, as lacunas regulatórias
e o subinvestimento ameaçam o futuro do setor.
Mudanças
climáticas e o desafio do transporte marítimo
2024 foi o ano mais quente já registrado,
com temperaturas globais 1,55°C acima dos níveis
pré-industriais (excedendo o limite crítico
de 1,5°C). Águas oceânicas mais
quentes perturbam os ecossistemas marinhos, prejudicam
as populações de peixes, reduzem as
colheitas e ameaçam a segurança alimentar
– especialmente para as comunidades costeiras.
Os riscos
se estendem ao comércio marítimo.
A elevação dos mares e a seca ameaçam
portos e rotas de navegação, enquanto
o clima extremo atrasa embarques e inflaciona os
custos de seguro.
O transporte
marítimo, responsável por 2,9% das
emissões globais, enfrenta um custo anual
de descarbonização de US$ 8 bilhões
a US$ 28 bilhões, além de até
US$ 90 bilhões para atualizações
de infraestrutura. A estratégia de gases
de efeito estufa (GEE) da Organização
Marítima Internacional para 2023 define metas
ambiciosas, mas o progresso é lento. Os combustíveis
de baixo carbono continuam caros, os portos carecem
de infraestrutura, a falta de coordenação
em combustíveis alternativos dificulta os
investimentos e as economias em desenvolvimento
lutam para financiar a transição.
No entanto,
a maioria dos planos climáticos nacionais
deixa de fora a economia oceânica. Sem uma
ação urgente, a mudança climática
prejudicará tanto a economia oceânica
quanto o comércio global.
Déficit
de dados impede ação
A economia oceânica é responsável
por 11% das emissões globais de CO2, mas
nenhum conjunto de dados abrangente monitora as
emissões em setores-chave.
O turismo costeiro e marinho sozinho contribui com
4% das emissões globais, mas os dados oficiais
são irregulares. Transporte marítimo,
petróleo offshore e pesca são mais
bem documentados, mas outras indústrias como
portos e construção naval permanecem
amplamente deixadas de fora das avaliações
globais de carbono.
A expansão
do Banco de Dados de Comércio Oceânico
da ONU Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
e das estatísticas pesqueiras da FAO poderia
ajudar a fechar lacunas críticas.
Comércio:
Desbloquear o potencial através da remoção
de barreiras
Tarifas altas e barreiras não tarifárias
limitam o potencial do comércio Sul-Sul em
pescarias. Economias em desenvolvimento aplicam
tarifas médias de 14% sobre produtos pesqueiros
entre si – muito mais altas do que os 3,2%
em países de alta renda.
O Sistema
Global de Preferências Comerciais (GSTP) –
um mercado de US$ 16 trilhões entre 42 países
em desenvolvimento – poderia ajudar a impulsionar
o comércio reduzindo tarifas entre países
em desenvolvimento e melhorando a cooperação.
Enquanto
isso, as exportações de substitutos
não plásticos de origem marinha, como
algas e silicatos, somaram apenas US$ 10,8 bilhões
em 2022 – 1% das exportações
globais de plástico. O crescimento é
retido por altas tarifas, regulamentações
desatualizadas e barreiras comerciais. O tratado
de poluição plástica da ONU,
agora em negociação, pode ajudar a
desbloquear esse mercado, facilitando o comércio
e apoiando a inovação em insumos marinhos
naturais e de origem sustentável.
Uma economia
oceânica carente de investimento
Apesar de sua escala, a economia oceânica
continua lamentavelmente subfinanciada. Em 2022,
o financiamento global relacionado aos oceanos totalizou
menos de US$ 3 bilhões – uma fração
do que é necessário.
Alcançar
o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
14 (vida abaixo da água) requer US$ 175 bilhões
anualmente, mas apenas US$ 30 bilhões foram
desembolsados desde 2010, tornando-o o objetivo
menos financiado.
Enquanto
isso, a indústria pesqueira global recebe
cerca de US$ 22 bilhões em subsídios
prejudiciais, alimentando a sobrepesca. Redirecionar
esses fundos e expandir mecanismos de financiamento
combinados pode ajudar a fechar a lacuna.
O que
deve mudar?
A economia oceânica está em um ponto
de virada. Para garantir que ela cresça de
forma sustentável e inclusiva, cinco ações
são urgentemente necessárias:
• Integrar setores baseados no oceano aos
planos nacionais de clima e biodiversidade para
acelerar a adaptação e melhorar a
resiliência.
• Finalizar o tratado juridicamente vinculativo
sobre poluição plástica para
reduzir o desperdício e permitir o uso de
materiais de origem marinha.
• Reduzir as barreiras comerciais para impulsionar
o comércio de pesca e aquicultura Sul-Sul.
• Ampliar a coleta de dados sobre emissões,
comércio e investimentos relacionados aos
oceanos.
• Acabar com subsídios prejudiciais
e aumentar o financiamento, alavancando fundos públicos
e privados.
Com o 5º Fórum Oceânico da ONU
(março) e a Conferência Oceânica
da ONU de 2025 (junho) se aproximando, os formuladores
de políticas precisam agir agora. O futuro
da economia oceânica depende disso. Fonte:
UNCTAD.
Da UNCTAD
Fotos: Reprodução/Pixabay
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