01/09/2025
– A Terra é majoritariamente coberta
por oceanos, o que a faz parecer um “pálido
ponto azul” do espaço. No entanto,
um estudo recente de pesquisadores japoneses, publicado
na revista Nature, sugere que os oceanos da Terra
já foram verdes. Essa mudança de cor
estaria ligada à composição
química antiga dos oceanos e à evolução
da fotossíntese. O estudo também destaca
a importância das formações
de ferro em faixas (ou itabiritos) como registros
geológicos que ajudam a entender essa transformação
ao longo do tempo.
As formações
de ferro em faixas se formaram entre 3,8 e 1,8 bilhão
de anos atrás, durante as eras Arqueana e
Paleoproterozoica, quando a vida na Terra se limitava
a organismos unicelulares marinhos. Os continentes
eram áridos e compostos por rochas e sedimentos
escuros. A chuva dissolvia o ferro das rochas, transportando-o
para os oceanos, com os vulcões submarinos
sendo outra fonte de ferro. Nessa época,
a Terra não tinha oxigênio livre na
atmosfera ou nos oceanos, mas surgiram os primeiros
organismos capazes de realizar fotossíntese
anaeróbica, produzindo energia a partir da
luz solar sem gerar oxigênio.
A fotossíntese
anaeróbica produzia oxigênio como subproduto,
que inicialmente reagia com o ferro dissolvido nos
oceanos. Só quando esse ferro foi saturado
é que o oxigênio começou a se
acumular na atmosfera. Esse processo culminou no
"Grande Evento de Oxidação",
uma mudança ecológica crucial que
permitiu o surgimento da vida complexa na Terra.
As formações de ferro em faixas registram
essa transição, com camadas alternadas
de ferro não oxidado e ferro oxidado (vermelho),
refletindo a mudança na presença de
oxigênio.
O artigo
recente propõe que os oceanos eram verdes
no éon Arqueano, baseando-se na observação
das águas esverdeadas ao redor da ilha vulcânica
de Iwo Jima, onde a cor está ligada ao ferro
oxidado (Fe(III)). Nessas águas, prosperam
algas verde-azuladas — que, na verdade, são
bactérias primitivas. No Arqueano, seus ancestrais
e outras bactérias realizavam fotossíntese
usando ferro como fonte de elétrons, em vez
de água, indicando que os oceanos daquela
época tinham altos níveis de ferro.
Organismos
fotossintéticos usam pigmentos como a clorofila
para converter CO2 em açúcares usando
a luz solar, sendo a clorofila responsável
pela cor verde das plantas. As algas verde-azuladas
possuem, além da clorofila, um segundo pigmento
chamado ficoeritrobilina (PEB). No estudo publicado
na Nature, os pesquisadores mostraram que algas
verde-azuladas modificadas com PEB crescem melhor
em águas verdes, pois esse pigmento é
mais eficiente na fotossíntese sob luz verde,
sugerindo uma adaptação a antigos
oceanos esverdeados.
Antes
da fotossíntese, os oceanos continham ferro
reduzido dissolvido. Com o surgimento da fotossíntese
no éon Arqueano, o oxigênio liberado
passou a oxidar esse ferro, formando partículas
que, segundo simulações do estudo,
tornavam a água da superfície verde.
Quando todo o ferro foi oxidado, o oxigênio
começou a se acumular nos oceanos e na atmosfera.
O estudo sugere que planetas com oceanos esverdeados,
vistos do espaço como "pálidos
pontos verdes", podem ser bons candidatos a
abrigar formas de vida fotossintética primitiva.
As mudanças
na química dos oceanos durante o éon
Arqueano ocorreram de forma gradual ao longo de
1,5 bilhão de anos — cerca de um terço
da história da Terra. Em comparação,
a vida complexa surgiu em um período muito
mais recente. A cor dos oceanos provavelmente mudou
ou oscilou ao longo do tempo, o que pode ter levado
as algas verde-azuladas a desenvolverem dois pigmentos
fotossintéticos: a clorofila, eficaz na luz
branca atual, e a ficoeritrobilina, eficiente na
luz verde. Essa diversidade de pigmentos teria sido
uma vantagem evolutiva.
O estudo
mostra que a cor dos oceanos está diretamente
ligada à química da água e
à presença de vida. Assim, diferentes
cores de oceanos são cientificamente possíveis.
Oceanos roxos poderiam existir com altos níveis
de enxofre e pouco oxigênio, favorecendo bactérias
sulfurosas roxas. Oceanos vermelhos poderiam surgir
em climas tropicais intensos, com ferro oxidado
trazido por rios ou ventos, ou com a predominância
de algas associadas às marés vermelhas.
Essas variações não exigem
muita ficção científica —
são plausíveis com base em processos
naturais conhecidos.
As algas
vermelhas prosperam em áreas ricas em fertilizantes,
como regiões costeiras com poluição
por esgoto. Com o envelhecimento do Sol, ele se
tornará mais brilhante, aumentando a evaporação
dos oceanos e a radiação ultravioleta,
o que pode favorecer bactérias roxas que
vivem em águas profundas e sem oxigênio.
Isso levaria a oceanos com tons mais roxos, marrons
ou verdes e menos azul profundo, à medida
que o fitoplâncton diminui. Eventualmente,
os oceanos evaporarão completamente com a
expansão do Sol. Em escalas geológicas,
a cor dos oceanos está em constante mudança
e nada é permanente.
Da Redação,
com informações de agências
internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
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