08/09/2025
– A maior ameaça à diversidade
da vida marinha nos últimos 50 anos tem sido
a pesca insustentável, superando até
mesmo as mudanças climáticas e a poluição
plástica. A falta de regulamentação
e supervisão da pesca comercial em grande
parte dos oceanos contribui para que cerca de 10%
das espécies marinhas estejam ameaçadas.
Em resposta, diversos países têm criado
áreas marinhas protegidas para preservar
a biodiversidade.
As áreas
marinhas protegidas, que somam mais de 30 milhões
de km² em 16.000 locais, servem como refúgio
para diversas espécies e ajudam a recuperar
estoques de peixes, beneficiando a pesca e economias
locais. No entanto, nos EUA, o presidente Donald
Trump enfraqueceu essa proteção ao
autorizar, em abril de 2025, a pesca comercial em
partes do Monumento Marinho Nacional das Ilhas do
Pacífico.
O governo
Trump também propôs revisar todos os
monumentos marinhos nacionais, com o objetivo de
possivelmente liberá-los para a pesca comercial,
e sugeriu alterar a definição de "dano"
na Lei de Espécies Ameaçadas, o que
facilitaria impactos maiores aos habitats. Um biólogo
marinho e mergulhador destaca que seus locais de
mergulho preferidos ficam em áreas protegidas,
que, como mostram estudos científicos, abrigam
ecossistemas mais saudáveis e populações
marinhas mais abundantes.
O Monumento
Nacional Marinho Pacific Island Heritage, localizado
a cerca de 1.200 km a oeste do Havaí, abriga
recifes de corais e atóis únicos,
com uma diversidade de espécies raras, incluindo
tartarugas, baleias e focas-monge havaianas ameaçadas
de extinção. Locais como o Atol de
Palmyra e o Recife Kingman são considerados
entre os recifes de corais mais preservados do planeta,
servindo de refúgio para inúmeras
espécies marinhas que prosperam graças
à proteção de seus habitats.
Criada
em 2009 pelo presidente George W. Bush e posteriormente
ampliada por Barack Obama, essa área protegida
teve a pesca restrita para preservar a biodiversidade.
No entanto, o governo Trump, alinhado a uma agenda
de desmonte de proteções ambientais,
começou a reabrir partes significativas da
região à pesca industrial, ameaçando
o equilíbrio ecológico dessas águas.
A sobrepesca
ocorre quando muitos peixes são capturados
e não há jovens o suficiente para
repor a população, o que tem se tornado
um problema global crescente. Em 1974, apenas 10%
dos estoques pesqueiros estavam sobreexplorados,
mas esse número subiu para 37,7% em 2021,
segundo a FAO. Esse aumento reflete a pressão
crescente sobre os recursos marinhos devido à
pesca excessiva.
Além
disso, a pesca industrial moderna prejudica diversas
outras espécies por meio da captura acidental,
afetando aves marinhas, tartarugas e baleias que
ficam presas em redes. Equipamentos como redes de
arrasto também danificam habitats marinhos
ao raspar o fundo do oceano. Sem regulamentações
eficazes ou áreas protegidas, a pesca se
torna uma competição desenfreada,
colocando em risco tanto os estoques de peixes quanto
a saúde dos ecossistemas marinhos.
As áreas
marinhas protegidas são criadas para resguardar
partes do oceano dos impactos humanos, como a extração
de petróleo e a pesca industrial. Estudos
mostram que essas áreas trazem benefícios
significativos, permitindo a recuperação
de espécies sobreexploradas e garantindo
a sustentabilidade futura da vida marinha e da atividade
pesqueira.
Exemplos
como Cabo Pulmo, no México, onde a biomassa
de peixes aumentou quase 500% em uma década,
demonstram a eficácia dessas zonas protegidas.
Elas geralmente apresentam habitats mais saudáveis,
maior diversidade e quantidade de peixes, além
de indivíduos maiores — sendo que organismos
nessas áreas são, em média,
28% maiores do que em regiões não
protegidas. Isso é importante porque peixes
maiores tendem a gerar mais filhotes, fortalecendo
os ecossistemas marinhos.
As áreas
marinhas protegidas geram benefícios econômicos
ao promover o ecoturismo e fortalecer comunidades
pesqueiras próximas. Elas também proporcionam
um "efeito de transbordamento", no qual
peixes que se reproduzem dentro dessas áreas
se espalham para fora, ajudando a repovoar regiões
adjacentes. Esse processo sustenta a pesca a longo
prazo, garantindo um suprimento contínuo
de peixes para a indústria, tudo isso com
um custo relativamente baixo.
As alegações
do governo Trump de que áreas marinhas protegidas
prejudicam a indústria pesqueira dos EUA
não são respaldadas por evidências.
Pelo contrário, tanto a ciência quanto
a experiência prática mostram que essas
áreas podem beneficiar as economias locais
e a própria pesca, ao permitir a recuperação
das populações marinhas. Para garantir
o futuro de espécies como baleias, tartarugas
e corais — e da pesca sustentável —,
cientistas defendem a expansão dessas áreas
protegidas, e não sua redução
ou eliminação.
Da Redação,
com informações de agências
internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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