30/09/2025
– A profundidade de compensação
de carbonato, uma zona onde alta pressão
e baixa temperatura dissolvem conchas e esqueletos
de animais marinhos, pode ocupar metade do oceano
global até o final do século. Nas
profundezas abaixo de 4.000 metros, as condições
criadas pela combinação de pressão
e temperatura dissolvem o carbonato de cálcio,
essencial para a formação das conchas.
Essa
zona está se expandindo, contrastando com
a acidificação das águas superficiais
causada pela absorção de dióxido
de carbono proveniente da queima de combustíveis
fósseis. Ambos os fenômenos estão
interligados, já que o aumento do dióxido
de carbono no oceano reduz seu pH, tornando a água
mais ácida e ampliando a área onde
o carbonato de cálcio se dissolve, indo das
profundezas para camadas mais altas do oceano.
A
zona de transição onde o carbonato
de cálcio se torna instável e começa
a se dissolver é chamada de lisoclina. Como
o fundo do oceano é relativamente plano,
até mesmo um pequeno aumento na elevação
da lisoclina pode resultar em grandes áreas
ácidas e subsaturadas. A pesquisa mostrou
que essa zona já subiu quase 100 metros desde
os tempos pré-industriais e deve continuar
a subir, possivelmente centenas de metros, ao longo
deste século. Isso implicará que milhões
de quilômetros quadrados do fundo oceânico
passarão por uma rápida transição,
fazendo com que os sedimentos calcários se
tornem quimicamente instáveis e se dissolvam.
A zona
de transição da lisoclina é
delimitada pela profundidade de saturação
de calcita na parte superior, onde os sedimentos
do fundo marinho são ricos em carbonato de
cálcio e a água é supersaturada
com esse mineral. O limite inferior dessa zona é
a profundidade de compensação de calcita,
abaixo da qual os sedimentos contêm pouco
ou nenhum carbonato de cálcio. Atualmente,
cerca de 41% do oceano global está abaixo
dessa profundidade. Desde a revolução
industrial, essa zona tem se expandido em todas
as partes dos oceanos, variando de elevações
quase inexistentes no Oceano Índico ocidental
a mais de 300 metros no Atlântico noroeste.
Se a
profundidade de compensação de calcita
aumentar em mais 300 metros, a área do fundo
do mar abaixo dessa profundidade aumentará
em 10%, passando a cobrir 51% do oceano global.
O estudo recente revelou que essa profundidade é
um limite biológico, com habitats distintos
acima e abaixo dela. No nordeste do Pacífico,
acima da profundidade de compensação
de calcita, os organismos marinhos mais abundantes
incluem corais moles, estrelas quebradiças,
mexilhões, caracóis marinhos, quítons
e briozoários, todos com conchas ou esqueletos
calcificados.
Abaixo
dessa profundidade, habitats mais ácidos
se tornam dominantes, com anêmonas-do-mar,
pepinos-do-mar e polvos sendo mais abundantes. Esse
habitat subsaturado já ocupa 54,4 milhões
de milhas quadradas (141 milhões de km²)
do oceano e pode se expandir em mais 13,5 milhões
de milhas quadradas (35 milhões de km²)
caso a profundidade de compensação
de calcita continue a subir.
Além
da expansão da profundidade de compensação
de calcita, o aquecimento das águas e a diminuição
dos níveis de oxigênio nas regiões
de baixas latitudes, ambos causados pelas mudanças
climáticas, estão resultando na perda
de espécies marinhas. Isso significa que
o habitat habitável para essas espécies
está diminuindo tanto nas profundezas do
oceano (com o aumento da profundidade de compensação
de calcita) quanto na superfície (devido
ao aquecimento).
As zonas
econômicas exclusivas de alguns países
serão mais impactadas do que outras. Em geral,
nações oceânicas e insulares
sofrerão perdas maiores, enquanto países
com grandes plataformas continentais terão
perdas proporcionais menores.
A ZEE
das Bermudas será a mais afetada por um aumento
de 300 metros na profundidade de compensação
de calcita, com 68% de seu leito marinho ficando
abaixo da lisoclina. Em comparação,
apenas 6% da ZEE dos EUA e 0,39% da ZEE russa serão
impactadas. Globalmente, já 41% do mar profundo
é efetivamente ácido, e metade pode
ser afetada até o final do século.
Este impacto na vida marinha foi abordado em um
estudo recente, publicado apenas no ano passado,
que destacou os efeitos da acidificação
nas espécies marinhas.
Da Redação,
com informações de agências
internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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