| 07/11/2025
– Pela primeira vez, cientistas registraram
em vídeo orcas caçando um tubarão-baleia,
o maior peixe do mundo. A gravação,
feita em 2024 perto de La Paz, no México,
revela que esses tubarões fazem parte da
dieta de algumas orcas e mostra em detalhes como
elas conseguem abatê-los. O vídeo foi
capturado pela ecologista Kathryn Ayres e pela fotógrafa
Kelsey Williamson, que documentaram cinco orcas
matando um tubarão-baleia juvenil de 3 metros.
A descoberta, publicada na revista Frontiers in
Marine Science, ajuda a esclarecer o comportamento
predatório dessas baleias.
Até
agora, havia apenas um relato científico
sobre orcas caçando tubarões-baleia,
filmado por pescadores no sul do México,
sem detalhar a predação completa.
A nova pesquisa inclui imagens de Ayres e registros
de três outros ataques no Golfo da Califórnia,
feitos por turistas entre 2018 e 2023. Com essas
evidências, cientistas agora conseguem descrever
detalhadamente como as orcas abatem essas enormes
presas.
Orcas
empregam uma estratégia de caça brutal
contra tubarões-baleia. Elas atordoam o tubarão
com golpes repetidos e, em seguida, trabalham em
conjunto para virá-lo de cabeça para
baixo, expondo sua vulnerável barriga. Após
o golpe final que incapacita a presa, as orcas mordem
as nadadeiras pélvicas do tubarão,
causando uma hemorragia fatal. Elas então
se alimentam dos órgãos internos,
especialmente do grande fígado gorduroso.
Um macho
orca, Moctezuma, tem sido um participante frequente
e chave nesses ataques, suspeita-se que tenha aprendido
essa técnica de caça de uma matriarca
do grupo. Ele geralmente é acompanhado por
um grupo de fêmeas e juvenis, que em uma ocasião,
inclusive, iniciaram o ataque sem ele, demonstrando
a eficácia e a disseminação
dessa predação dentro da comunidade
de orcas.
O grupo
Moctezuma de orcas, que recebeu esse nome em homenagem
ao imperador asteca, é especializado na caça
de peixes cartilaginosos, incluindo arraias, raias
pigmeus e tubarões-touro na costa sul de
Baja, México. As fêmeas do grupo também
têm nomes astecas, como Quetzali, Niich e
Waay, que significa “bruxa” em Majan,
referência à forma de suas nadadeiras
dorsais. Esse grupo tem um gosto particular por
tubarões-baleia, algo raro entre as orcas
no mundo. Simon Pierce, especialista em conservação
de tubarões-baleia, afirma que não
há registros de outras orcas caçando
tubarões-baleia, e ressalta que esses grandes
peixes dificilmente escapariam se um grupo de orcas
se aproximasse.
No Golfo
da Califórnia, México, jovens tubarões-baleia
se reúnem na Baía de La Paz para se
alimentar do outono à primavera. Esses tubarões
ingênuos são alvos das orcas, que atacam
principalmente em abril e maio, quando os tubarões
migram para o sul. Apesar de serem gigantes gentis
que se alimentam de plâncton, tubarões-baleia
podem crescer até 9 metros e são maiores
que tubarões brancos e tigres jovens, tornando
a caça pelas orcas um desafio.
Quando
os tubarões-baleia ultrapassam 4,5 m, só
as orcas conseguem atacá-los, segundos as
pesquisadoras. Com pele grossa e uma defesa que
vira o dorso ao predador, eles ainda podem fugir
mergulhando a mais de 2 mil metros. Para impedir
isso, as orcas do grupo Moctezuma batem repetidamente
neles para mantê-los na superfície
e garantir o ataque.
As caçadas
do grupo Moctezuma foram documentadas graças
ao turismo em Baja, onde visitantes nadam com tubarões
e baleias. Pescadores e operadores enviaram fotos
e vídeos a Erick Higuera, biólogo
que estuda orcas desde 2008. Ele e Pancaldi suspeitavam
que as orcas atacavam a área pélvica
dos tubarões, mas só com o vídeo
de Ayers e Williamson conseguiram confirmar essa
estratégia.
Com o
aumento da atenção, mais avistamentos
do grupo Moctezuma atacando tubarões-baleia
juvenis perto de La Paz têm ocorrido, inclusive
em dias consecutivos. Embora quase todos os tubarões
ali sejam jovens, a pesquisadora acredita que as
orcas têm inteligência e força
para abater também tubarões-baleia
adultos, que podem medir até 9 metros. Até
o momento, ninguém presenciou esse feito,
mas assim como as orcas caçam baleias-azuis
gigantes, seria possível enfrentar o maior
peixe do mundo em uma batalha épica, exigindo
coordenação entre várias orcas.
Da Redação,
com informações de agências
internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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