ESPECIALISTAS QUEREM EVITAR A MORTE
DE ONÇAS
POR PROPRIETÁRIOS RURAIS NO NORDESTE
Panorama Ambiental
São Paulo - Brasil
Novembro de 2002
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O Centro
Nacional de Pesquisas para Conservação
dos Predadores Naturais-Cenap realiza entre os dias
4 e 8 de novembro, em Pernambuco, um treinamento com
servidores do Ibama, oficiais da Polícia Florestal
Ambiental e colaboradores de outras instituições
com o objetivo de torná-los capazes de orientar
os fazendeiros nos casos de O Centro Nacional de Pesquisas
para Conservação dos Predadores Naturais-Cenap
realiza entre os dias 4 e 8 de novembro, em Pernambuco,
um treinamento com servidores do Ibama, oficiais da
Polícia Florestal Ambiental e colaboradores
de outras instituições com o objetivo
de torná-los capazes de orientar os fazendeiros
nos casos de ataques de onças contra rebanhos
domésticos (bovinos e cabras) na região
Nordeste. O treinamento do Cenap será no Cepene/Ibama,
localizado à rua Dr. Samuel Hadmam s/n - Tamandaré
- PE - Fone 81 3676 1109/ 1310.
Apesar de raros, os ataques quase sempre resultam
em perseguições mortais às onças
por parte dos fazendeiros que têm seus animais
abatidos. Tal atitude, além de não resolver
o problema, cria outro ainda mais grave. A matança
leva as onças cada vez mais para a beira a
extinção. Animais representantes do
topo da cadeia alimentar, as onças regulam
a quantidade de presas e de outros carnívoros
na região onde vivem, sendo responsáveis
pelo equilíbrio ambiental. Se elas desaparecerem
do ecossistema, toda a cadeia alimentar sofrerá
as conseqüências. |
"O
mais importante neste momento é definir uma
estratégia de ação específica
para o Nordeste, região cujas peculiaridades
são um desafio para os pesquisadores",
afirma José de Anchieta dos Santos, diretor
de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama. Segundo ele,
além de possuir uma realidade sócio-econômica
diferente de outras regiões do país
- onde já existe uma metodologia definida para
o trabalho com os predadores, - verifica-se no Nordeste
um modo peculiar de manejo do gado caracterizado pela
criação extensiva. Essa característica
da pecuária regional faz com que as formas
já conhecidas de prevenção contra
os ataques de onças não sejam tão
eficazes.
"Teremos que estabelecer uma forma de trabalho
completamente nova para a região, de modo que
o gado seja protegido e as onças possam continuar
vivas", diz o biólogo Rogério Cunha
de Paula, coordenador do Cenap. Outro aspecto que
será levando em consideração
é o tráfico de animais silvestres no
Nordeste. Ao retirar animais das matas, os traficantes
deixam as onças sem condições
naturais de subsistência, forçando-as
a procurar suas presas nos rebanhos domesticados.
No Nordeste, um animal doméstico pode significar
o sustento da família ao longo de vários
anos. "Se faltar alimento para as onças
no meio selvagem, elas vão procurar comida
próximo às comunidades humanas",
diz Rogério.
Segundo ele, as duas espécies de onças
brasileiras - onça-pintada Panthera onca) e
onça-parda ou sussuarana (Puma concolor) -
podem ser encontradas no Nordeste. A onça-pintada
tem hábitos extremamente arredios. Os casos
de ataques de onças a regiões onde há
a presença de comunidades são mais comuns
com a onça-parda. Mesmo assim, a predação
geralmente acontece contra animais que se desgarram
do grupo e procuram pastagens em locais distantes,
tornando-se presas fáceis. |
Mitos e verdades
De acordo com Rogério
de Paula, há mais mitos do que verdades cientificamente
conhecidas por parte da população em relação
às onças. Primeiro, é preciso ficar
claro que as onças só atacam os rebanhos domésticos
quando os alimentos se tornam escassos nas matas. As onças
não atacam os animais domésticos porque são
ferozes ou más. "Elas só querem sobreviver",
explica o biólogo. "O maior inimigo do homem
é o mito da onça malvada", diz ele. Ataques
a humanos são ainda mais raros. Somente um caso foi
registrado no Brasil, no fim da década de 90, em
Carajás, no Pará.
Fonte:
Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom |