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MAPA CONTESTA
DENÚNCIAS SOBRE DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2004
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Quanto mais o agronegócio
brasileiro mostra desempenho alvissareiro e se projeta
no cenário mundial, mais organizações
não governamentais (ONGs) estrangeiras e
veículos da imprensa internacional publicam
reportagens vinculando o crescimento do setor, principalmente
soja e pecuária, a desmatamentos da Amazônia.
Em setembro do ano passado, por exemplo, matéria
do jornal “The New York Times” acusou o Brasil de
desmatar a região com a expansão de
suas lavouras de soja, justamente no momento que
o País assumia a liderança mundial
nas exportações da oleaginosa.
Mais recentemente, a revista “The Economist”, numa
reportagem intitulada O Preço do Sucesso,
relaciona o crescimento das exportações
brasileiras de carne bovina ao desmatamento da Amazônia,
matéria diretamente vinculada com a posição
conquistada pelo Brasil como líder mundial
nas exportações deste produto a partir
do ano passado. O jornal inglês “The Guardian”
também veiculou matéria nessa mesma
linha. Por sua vez, a ONG Centro para a Pesquisa
Florestal Internacional também publica extenso
artigo sobre esse tema. Indubitavelmente, são
assuntos que sensibilizam a opinião pública
internacional e brasileira.
Há fortes indícios de que muitas dessas
matérias têm, como pano de fundo, o
objetivo de prejudicar a imagem do competitivo agronegócio
brasileiro perante o mundo. Como se não bastassem
as barreiras tarifárias e sanitárias
que países como o Brasil enfrentam no comércio
internacional, tem-se notado uma crescente preocupação
dos países desenvolvidos em tentar introduzir,
como regras de comércio, temas normalmente
alheios à área, como meio ambiente
e questões trabalhistas. Por isso mesmo,
é inevitável a suspeição
de que tais reportagens refletem o incômodo
que o crescimento do agronegócio brasileiro
está causando aos seus concorrentes internacionais,
isto é, a preocupação dos beneficiários
do protecionismo dos países desenvolvidos
com a competitividade da nossa agricultura.
É difícil encontrar outra explicação,
na medida em que, ao divulgar tais informações,
esses organismos revelam grande desconhecimento
da região. Confundem, talvez deliberadamente,
“Amazônia Legal” com “Amazônia Equatorial”,
onde efetivamente predomina a floresta amazônica.
Apesar da aparente homogeneidade, o meio ambiente
amazônico possui grande diversidade interna.
Em primeiro lugar, deve-se considerar que a Amazônia
Legal é um conceito político e administrativo,
que incorpora uma área muito superior à
floresta amazônica. Exemplo disso é
que quase a metade do cerrado brasileiro está
na Amazônia Legal - região administrativa
que abrange nove estados e uma área de 5
milhões de km2 (quase 60% de todo o território
brasileiro). Nesta área de cerrado se pratica
atividades agrícolas que de forma alguma
afetam a integridade ou a conservação
da floresta equatorial. Na Amazônia Equatorial,
as lavouras e a pecuária são inexpressivas
ou mesmo marginais, por não serem economicamente
viáveis.
Números da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), recentemente divulgados, mostram que na
Amazônia Equatorial foram plantados na safra
2003/2004 apenas 645,5 mil hectares com algodão,
arroz, milho e soja, o que representa somente 0,13%
da área total da Amazônia Legal, de
500 milhões de hectares. Mesmo se considerarmos
a área plantada com essas culturas em toda
a Amazônia Legal, na safra 2003/2004 foram
cultivados 9,0 milhões de ha, significando
apenas 1,8% da área. No caso específico
da soja, a área cultivada na Amazônia
Equatorial foi tão-somente de 34,5 mil ha,
o que representa apenas 0,16% da área total
plantada com essa oleaginosa no Brasil em 2003/2004,
de 21.119,9 mil hectares.
Diferentemente do que vem sendo divulgado no exterior,
os dados disponíveis revelam que o expressivo
crescimento da agricultura brasileira nos últimos
anos não tem sido feito à custa de
desmatamento desenfreado. Basta observar que nos
últimos 13 anos, entre as safras 11000/91
e 2003/04, a área plantada com grãos
cresceu apenas 24%, enquanto a produção
cresceu 107% (mas teria crescido 126% se neste ano
não tivesse havido uma quebra de 10,7 milhões
de toneladas, por causa de problemas climáticos).
Além disso, o Brasil ainda dispõe
de 90 milhões de hectares agricultáveis
inexplorados, que podem ser incorporados à
produção, sem necessidade de derrubar
sequer uma árvore da floresta amazônica.
A preservação da Amazônia é
uma das preocupações centrais do Governo
brasileiro. Neste sentido, a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já
desenvolveu e tem disponibilizado tecnologias para
uso dos pequenos, médios e grandes produtores
nos sistemas locais de produção. A
empresa possui um eficiente sistema de monitoramento
anual dos desmatamentos e queimadas na Amazônia
brasileira. Outras instituições públicas
e privadas, algumas em parceria com organismos internacionais,
também desenvolvem estudos para ajudar na
formulação de políticas públicas
(zoneamento ecológico-econômico) que
levem a um crescimento sustentável da região.
Maior prova de que o Governo do Presidente Lula
está preocupado com a preservação
da Amazônia foi o anúncio recente do
“Plano de Ação para a Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal”.
Com esse plano, o Governo Federal se compromete
a implementar medidas para reduzir o desmatamento.
Isso inclui: planificação e melhor
uso da terra; melhor aplicação das
leis relativas ao desmatamento e à ocupação
ilegal das terras do Estado; controle do desmatamento;
revisões de investimentos em infra-estrutura
pública; apoio aos territórios indígenas
e bosques comunitários; apoio à agricultura
sustentável; e maior controle sobre o crédito
para fazendeiros, entre outras iniciativas.
Relacionar as exportações brasileiras
de soja e carne bovina ao desmatamento da Amazônia
é desconhecer a realidade do agronegócio
brasileiro. Além da produção
local de soja ser inexpressiva, a carne bovina produzida
na região está sujeita a barreiras
sanitárias para a exportação.
A carne que o Brasil exporta é originária
basicamente das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste,
áreas já reconhecidas pela Organização
Internacional de Epizootias (OIE) como livres de
febre aftosa.
Ao lamentar o enfoque distorcido de tais matérias,
o Ministério da Agricultura, Pecuária
e do Abastecimento reafirma mais uma vez a permanente
preocupação do Governo Federal em
preservar os recursos ambientais da Amazônia
e de estimular o desenvolvimento de uma agricultura
auto-sustentável e ecologicamente compatível
com a região. Não é do interesse
de ninguém, muito menos do Brasil, que a
floresta amazônica seja desmatada. Prova do
interesse do país em desenvolver políticas
preservacionistas está no fato de ser um
dos signatários do Protocolo de Kyoto - instrumento
que estabelece compromissos de preservação
do meio ambiente do planeta -, que ainda não
está em vigor pela não adesão
de alguns países mais desenvolvidos, como
os Estados Unidos e a Rússia.
Fonte: Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (www.agricultura.gov.br)
Assessoria de imprensa