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                                    LEI DE BIOSSEGURANÇA 
                                      É APROVADA NA CÂMARA E VAI 
                                      À SANÇÃO DE LULA 
                                    Panorama 
                                      Ambiental 
                                      Brasília (DF) – Brasil 
                                      Março de 2005 
                                    | 
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                            02/03/2005 - A Câmara 
                              dos Deputados encerrou hoje a polêmica sobre 
                              o plantio de sementes transgênicas e pesquisas 
                              com células-tronco embrionárias no 
                              país, e aprovou, por 352 votos contra 60, 
                              o projeto de lei de Biossegurança, que segue 
                              agora para sanção do presidente Luiz 
                              Inácio Lula da Silva, e só pode ser 
                              modificado caso o Executivo decida vetar algum ponto. 
                              
                              A votação durou mais de cinco horas 
                              e, após a aprovação do texto 
                              principal, os deputados rejeitaram três destaques 
                              que pretendiam retirar do texto a autorização 
                              para pesquisas com células-tronco embrionárias 
                              e promover mudanças na fiscalização 
                              do plantio de transgênicos no país. 
                              
                              O projeto mantém o texto também aprovado 
                              pelo Senado Federal, no ano passado. e permite a 
                              utilização para pesquisa de embriões 
                              que estejam congelados há mais de três 
                              anos em clínicas de fertilização, 
                              mas veda a clonagem humana e a clonagem de células-tronco 
                              embrionárias para utilização 
                              terapêutica. Na primeira votação 
                              na Câmara, os deputados rejeitaram a autorização 
                              para a pesquisa com as células embrionárias. 
                              Hoje, decidiram rejeitar o destaque que retirava 
                              do texto essa permissão. 
                              Segundo o médico Drauzio Varella, as células-tronco 
                              são as únicas com potencial para se 
                              transformarem em qualquer tecido do corpo, de músculos 
                              a neurônios - e cada uma pode se multiplicar 
                              em milhões de outras células: "Nós 
                              temos milhares de óvulos já congelados 
                              nas clínicas de fertilização 
                              que não serão utlizados para mais 
                              nada, porque não servem mais para fertilização, 
                              mas servem para fazer trabalhos com células-tronco. 
                              A questão é jogar no lixo ou permitir 
                              que os cientistas usem isso para aliviar o sofrimento 
                              humano". 
                              A cientista Mayana Zats, da Universidade de São 
                              Paulo (USP), elogiou a aprovação do 
                              projeto de lei e ressaltou que as pesquisas com 
                              células embrionárias deverão 
                              ser submetidas às comissões de éticas 
                              das universidades antes de serem autorizadas. "A 
                              aprovação é um passo gigantesco 
                              para iniciar as pesquisas com células embrionárias. 
                              Qualquer pesquisa tem que passar por um comitê 
                              de ética. Não é qualquer um 
                              que poderá executá-la", afirmou. 
                              
                              Para o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo 
                              Campos, as universidades brasileiras têm competência 
                              para realizar pesquisas com células-troncos 
                              embrionárias: "As universidades têm 
                              que ser apoiadas por um marco regulatório 
                              como esse, e com recursos para que as pesquisas 
                              possam avançar e responder a cinco milhões 
                              de brasileiros que estão hoje olhando para 
                              o Congresso e aguardando essa votação".
                              A Lei de Biossegurança também regulamenta 
                              o plantio, comercialização e pesquisas 
                              com sementes transgênicas - uma das principais 
                              bandeiras da bancada ruralista do Congresso Nacional. 
                              O texto atribui à Comissão Técnica 
                              Nacional de Biossegurança (CTNBio), responsável 
                              por liberar a venda de Organismos Geneticamente 
                              Modificados (OGMs), a competência para decidir 
                              sobre as sementes transgênicas que poderão 
                              ser produzidas no país. Dois destaques apresentados 
                              pelo PT tentaram retirar a prerrogativa de controlar 
                              os transgênicos da CTNBio, mas eles acabaram 
                              derrubados pelos parlamentares.
                              O projeto determina que a Comissão vai ter 
                              que submeter suas decisões ao Instituto Brasileiro 
                              do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis 
                              (Ibama) e à Agência Nacional de Saúde 
                              (Anvisa), que poderão entrar com recursos 
                              para questionar as decisões da CTNBio no 
                              prazo de até 30 dias contados a partir da 
                              publicação do parecer técnico 
                              da comissão. O Conselho Nacional de Biossegurança 
                              vai ter 45 dias para apreciar os recursos. O projeto 
                              também determina que produtos transgênicos 
                              sejam identificados em seus rótulos para 
                              que o consumidor possa ter claro conhecimento do 
                              que está comprando. As lavouras de sementes 
                              transgênicas e naturais terão que ser 
                              separadas de acordo com o texto.
                              Intensas negociações antecederam a 
                              votação da lei de Biossegurança. 
                              O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, 
                              recebeu ao longo da semana religiosos, ministros, 
                              parlamentares, cientistas, médicos e portadores 
                              de doenças degenerativas com posições 
                              distintas sobre a lei. Severino Cavalcanti havia 
                              assumido ontem o compromisso de colocar a matéria 
                              em votação, mesmo sem defender as 
                              pesquisas com células embrionárias. 
                              Acabou convencido pela própria filha, a deputada 
                              estadual de Pernambuco Ana Cavalcanti (PP), que 
                              fez um apelo para que o pai não dificultasse 
                              a aprovação das pesquisas. "Como 
                              religiosos que somos, eu disse ao meu pai que era 
                              importante aprovar a biossegurança para salvar 
                              vidas. Eu disse que só voltaria a Pernambuco 
                              depois de ver o projeto aprovado", afirmou 
                              a deputada. 
                              Severino Cavalcanti, no entanto, preferiu se ausentar 
                              do plenário depois que a matéria foi 
                              colocada em votação. Ele cedeu o lugar 
                              ao primeiro-vice presidente da Câmara, deputado 
                              José Thomaz Nonô (PFL-AL), que presidiu 
                              a sessão. Além do debate sobre as 
                              células-tronco, o deputado Severino Cavalcanti 
                              também recebeu hoje o ministro da Agricultura, 
                              Roberto Rodrigues, para discutir a questão 
                              dos transgênicos. 
                              Segundo Rodrigues, o essencial do projeto é 
                              garantir uma legislação definitiva 
                              sobre o tema: "A vantagem não é 
                              econômica ou social, mas sim que o Brasil 
                              passa a ter uma regra clara sobre o assunto, que 
                              acaba com discussões, debates e com uma enorme 
                              pertulha sobre a questão que não interessa 
                              a ninguém. O importante é o marco 
                              legal. Isso que é fundamental".
                             Fonte: Agência Brasil - 
                              Radiobras (www.radiobras.gov.br)
                              Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço