Levantamento dos últimos sete anos aponta queima
de 21 milhões de árvores nos fornos de carvão
vegetal utilizado na produção do ferro gusa
Brasília (20/04/07) – Mais de
R$ 150 milhões em multas e 21 mil metros cúbicos
de carvão vegetal aprendidos (equivalentes a 350
caminhões carregados de carvão vegetal).
Foi o resultado de inspeções realizadas
por fiscais do Ibama com o apoio do Batalhão de
Policiamento Ambiental – BPA, nos dias 17 e 18/04, em
oito siderúrgicas do município de Marabá,
no Pará. A ação integra a Operação
Quaresma, deflagrada na região desde fevereiro.
Os fiscais notificaram as empresas
para apresentarem o relatório de produção
de ferro gusa e as licenças do carvão recebido
nos últimos dois anos. Também foram medidos
os lotes de carvão armazenados nos pátios
e galpões das indústrias.
Ao consultar os arquivos do Ibama,
levantaram volumes de carvão apreendidos e sob
a guarda das empresas siderúrgicas, tendo como
referência inicial o ano de 2000. Foram pesquisados
relatórios de ações fiscalizatórias
anteriores. As informações de cada siderúrgica
inspecionada foram confrontadas com volumes constantes
em documentos e dados obtidos durante as inspeções.
A equipe de fiscalização
constatou todo tipo de irregularidade. Uma das siderúrgicas
foi novamente embargada por não ter licença
para operar. Ela havia conseguido liminar da Justiça
contra fechamento realizado no mês passado. O Ibama
recorreu e liminar foi suspensa.
Outro crime ambiental flagrado foi
o consumo carvão vegetal maior do que o autorizado.
Foi constatada também a aquisição
do produto de empresas fornecedoras que fraudaram o sistema
de controle de produto florestal - DOF.
De acordo com levantamento do Ibama,
nos últimos sete anos, foram consumidas pelas siderúrgicas
do Pólo Industrial de Marabá sete milhões
de metros cúbicos de carvão vegetal, equivalentes
a 100 mil hectares de área desmatada ou 21 milhões
de árvores derrubadas ilegalmente.
“Esse déficit comprova a gravidade
da situação ambiental do setor siderúrgico
do estado do Pará. Demonstra a continuidade do
elevado índice de ilegalidades na maioria das empresas
siderúrgicas vistoriadas no Estado”, declara Norberto
Neves, um dos coordenadores da operação.
Kézia Macedo
Fotos: Givanildo Lima