Belém (19/03/08)
- Madeireiros de Tailândia, município paraense
fiscalizado por forças federais que atuam na Operação
Arco de Fogo, estão escondendo madeira ilegal para
tentar escapar das autuações administrativas
e criminais. Segundo o coordenador do Ibama, Bruno Versiani,
na semana passada 4 mil metros cúbicos de toras
foram localizados debaixo de pó de serraria. A
artimanha foi descoberta pelos fiscais e policiais quando
examinaram um terreno vizinho a uma empresa. Noutra serraria,
uma pá carregadeira e um trator foram apreendidos
ao serem vistos camuflando madeira ilegal. Os responsáveis
foram encaminhados à base da operação
para lavratura de Termo Circunstanciado de Ocorrência,
que dá início ao processo criminal.
A Operação
Arco de Fogo já desmontou três madeireiras
que tinham mais da metade do pátio com madeira
irregular. Uma delas não tinha licença para
operar. Máquinas foram apreendidas e retiradas.
“O impacto significativo da operação vai
além da multa. O Ibama paralisa a atividade madeireira
ilegal e a PF responsabiliza criminalmente os responsáveis”,
observa Versiani.
As equipes formadas por
fiscais do Ibama, policiais federais e da Força
Nacional de Fiscais do Ibama inspecionaram, até
agora, cerca de 40 estabelecimentos, entre madeireiras,
carvoarias e propriedades de pessoas físicas. Desses,
39 foram multados e 23 embargados por problemas na documentação
ou por não comprovarem a origem de estoques de
madeira e carvão vegetal. Foram apreendidos, até
agora 16,4 mil m³ de madeira (15,2 mil m³ em
tora e 1,2 mil m³ serrada) estocadas por empresas
que não comprovaram a origem legal do produto.
As multas chegam a um total de R$ 9 milhões pela
lavratura de 76 Autos de Infração. Além
da madeira ilegal, apreenderam também mais de mil
metros de carvão produzido sem licença ambiental
e 23 motosserras.
Segundo o coordenador
da frente que fiscaliza fornos clandestinos, analista
ambiental Norberto Neves, já foram destruídos
mil fornos sem licenciamento ambiental na cidade e na
zona rural. “Isso representa poupar 60 mil árvores
pequenas por mês”, calcula Neves. Ele observa que
há um desvio das atividades do pequeno agricultor.
” Em vez de plantar cultura de subsistência, eles
se dedicam agora ao extrativismo de madeira nativa para
a produção do carvão vegetal ilegal”,
comenta. A grande maioria dos fornos irregulares foi derrubada
pelos fiscais e policiais. Em alguns lugares, os fazendeiros
e arrendatários preferiram desmanchá-los,
para não serem multados. A multa por cada forno
irregular varia de R$ 500 a R$ 10 milhões.
A Arco de Fogo também
fiscaliza polígonos de desmatamento. Sobrevôos
do Ibama e PF identificaram 15 pontos no município
de Tailândia e Moju. As aeronaves deslocam os fiscais
e policiais até as áreas desmatadas para
notificar proprietários. A partir daí, começa
o trabalho de investigação dos culpados
pela devastação a fim se serem efetuadas
as autuações.
A Operação
Arco de Fogo, uma ação resultante da parceria
do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Federal
(PF), Força Nacional de Segurança. O Governo
do estado do Pará tem participação
decisiva na ação por meio da Secretaria
de Estado de Meio Ambiente (Sema). Além dos 13
mil m3 de madeira ilegal apreendidos na Operação
do Ibama Guardiões da Amazônia, a Sema já
retirou de Tailândia uma grande parte dos 16, 4
mil m3 apreendidos pela Arco de Fogo. E todo o maquinário
também. A madeira e as máquinas serão
leiloados após o trânsito em julgado dos
processos. Segundo Bruno Versiani, a Arco de Fogo “não
tem prazo determinado para acabar”.
Kézia Macedo - Ascom Ibama e Luciana Almeida -
Ascom Ibama/PA