Trabalho intenso da Fiscalização
do Ibama em Mato Grosso identifica desmates ilegais e
cresce o número de embargos de desmatamentos.
Cuiabá (30/04/2008) - Foi divulgado hoje um balanço
das atividades de fiscalização ambiental
realizadas pelo Ibama em todo o estado de Mato Grosso,
com especial atenção voltada para as regiões
conhecidas como Arco do Desmatamento. As operações
do Ibama não têm previsão de término,
devendo ocorrer o ano todo em todas as regiões
do estado. No site do instituto (http://www.ibama.gov.br/)
tem a lista com as áreas embargadas.
Operação Guardiões Termópilas
e Arco de Fogo
Destacados em duas grandes
operações - Guardiões Termópilas
e Arco de Fogo, os cerca de 150 fiscais do Ibama estão
há mais de 60 (sessenta) dias fazendo vistorias
em pátios de madeireiras e fiscalização
de polígonos de desmatamento apontados pelo sistema
DETER - Detecção de Desmatamento em Tempo
Real - INPE.
Os dados oferecidos pelo
DETER se configuram hoje como a melhor ferramenta de detecção
de desmatamentos e de degradação da floresta.
A degradação progressiva da floresta detectada
preliminarmente pelo sistema permite que os órgãos
fiscalizadores antecipem as ações de fiscalização
propiciando a frenagem do crescimento do desmatamento.
O Ibama tem utilizado,
ainda, duas aeronaves para ajudar na identificação
de novos desmatamentos e acompanhar o cumprimento das
sanções às áreas que estão
embargadas.
Foram mais de 70 milhões
de reais em multas, sendo que a imensa maioria delas corresponde
justamente a multas lavradas por conta de desmatamentos
ilegais. É mais uma prova de que o desmatamento
ilegal em Mato Grosso continua forte, e que é necessária
a presença constante do órgão por
todas as regiões, identificando e coibindo estes
abusos.
Em números absolutos,
fechado o balanço hoje (30/04), a soma atinge o
valor exato de R$ 70.301.322,11, para um total de 360
Autos de Infração lavrados e com respectivo
processo de cobrança abertos no órgão.
Atualmente, os trabalhos
do Ibama estão divididos em cinco grandes pontos
focais dentro de Mato Grosso, as chamadas Bases Operativas
de Fiscalização, localizadas nos municípios
de Sinop, Alta Floresta, Canarana, Juína e Cuiabá,
esta última cuidando especificamente das áreas
de transição entre o bioma Cerrado e Floresta
Amazônica, ao sul do arco de desmatamento.
Além dos municípios
sede, elas abrangem todos os municípios ao redor.
Cada uma destas Bases Operativas tem um coordenador próprio,
e uma equipe média de 30 fiscais vindos de todo
o Brasil, que se revezam nas tarefas de campo e levantamento
de informações. Juntos com os servidores
do próprio Ibama de Mato Grosso, eles compõem
somados um grupo de mais de 200 pessoas, num esforço
jamais visto dentro do órgão.
Situação
semelhante vem acontecendo em todos os estados da Amazônia
Legal, ou seja, além de Mato Grosso, os estados
do Pará, Acre, Rondônia, Amazonas, Amapá,
Roraima, Tocantins e Maranhão. Todo este esforço
dentro do Ibama está alicerçado dentro do
planejamento do PPCDAM - Plano de Prevenção
e Combate ao Desmatamento na Amazônia Legal, liderado
pelo Ibama e MMA - Ministério do Meio Ambiente,
com a ajuda de mais 10 outros ministérios envolvidos
na sua execução.
A Ajuda Que Vem de Longe
As atividades desempenhadas
pelo Ibama na execução das cinco Bases Operativas
dentro do estado de Mato Grosso tem estabelecido uma nova
e curiosa situação dentro de seus corredores.
Devido a falta de tanta gente necessária para tamanha
tarefa, é comum encontrar atualmente pessoas de
todas as partes do Brasil dentro de MT. São piauienses,
cearenses, mineiros, catarinenses, gaúchos, fluminenses,
alagoanos, goianenses, brasilienses, paulistas, sul-matogrossenses,
paraenses, dentre tantos, que chegam trazendo bagagem
cultural de tantos outros estados. A troca de experiência
profissional tem sido benéfica para todos os servidores.
São fiscais acostumados a tantos outros biomas,
como atividades no litoral e oceano, caatinga, pampas,
que vem somar a experiência dos matogrossenses com
o bioma amazônico, repassando conhecimento e levando
de volta aos seus estados tudo o que presenciaram.
Na chegada ao estado,
eles se apresentam nas divisões de controle e fiscalização
do Ibama em suas gerências, onde recebem orientações
sobre as peculiaridades da gestão florestal estadual
em especial, e como devem proceder as conferencias documentais
e as autuações, caso sejam necessárias.
São vários
os exemplos de grupos de fiscais que demoraram mais de
três dias somente para chegar até o local
de trabalho, no norte de MT, percorrendo vários
estados, mostrando toda a dedicação à
causa necessária no combate ao desmatamento na
Amazônia. A mobilização de tantos
estados brasileiros vem demonstrar mais ainda que o problema
é de cunho nacional, necessitando do apoio de todos
os estados.
Força-Tarefa Busca
Agilizar Cobrança de Multas
Com as crescentes ações
de combate ao desmatamento exercidas pelo Ibama dentro
de Mato Grosso, é de se esperar que cresçam
também a quantidade de multas aplicadas a serem
julgadas pelo órgão. Pensando nisso, desde
o mês de março passado, a direção
do Ibama também vem contando com a presença
de novos Procuradores Federais Especializados, que representam
dentro do órgão a instância que emite
os pareceres jurídicos necessários para
avaliação de cada sanção ou
embargo aplicado, garantindo ainda o direito de ampla
defesa do cidadão.
Portanto, baseado no aumento
de volume de análises a serem realizadas, outra
grande medida tomada, dentro das ações de
governo definidas pelo Plano de Prevenção
e Combate ao Desmatamento na Amazônia Legal - PPCDAM,
está sendo a intensificação da cobrança
administrativa das multas aplicadas pelo órgão.
Foram enviados a Mato Grosso um grupo de trabalho composto
inicialmente de seis novos procuradores ( a se somarem
com mais oito), que se atem principalmente na análise
processual dos processos de Autos de Infração.
Foi identificado inicialmente
um passivo de aproximadamente 6 mil processos em andamento
atualmente no instituto. Cabe lembrar que o número
de multas aplicadas é sempre proporcional aos danos
ambientais verificados, ou seja, em Mato Grosso se desmata
mais, portanto o elevado número de sanções
aplicadas. Levando-se em consideração somente
as multas aplicadas no ano de 2007, foram lavrados mais
de 2.200 autos, o que acaba por criar uma demanda e necessidade
de um número cada vez maior de procuradores dando
subsídios para que seja mantido a eficácia
do rito processual.
A força-tarefa
tem como objetivo principal diminuir o tempo entre a aplicação
da multa e seu pagamento efetivo, e da mesma forma aprimorar
o diálogo com as promotorias públicas das
comarcas, visando a instauração de novas
Ações Civis Públicas para reparação
dos danos ambientais verificados. A Lei de Crimes Ambientais,
marco regulatório principal da atuação
da fiscalização do Ibama, além da
aplicação das multas, estabelece a sanção
criminal e a ação civil pública como
meio de combate ao ilícito ambiental. Esta última
especificamente visa cobrar do infrator a recuperação
do meio ambiente que foi afetado.
Ibama/MT
Foto: Fiscalização Ibama MT