27/01/2009 - Em mais uma
ação para combater o desmatamento na Amazônia,
o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, esteve nesta
terça-feira (27) nos arredores de Porto Velho (RO)
para comandar a Operação Manejo Pirata,
que fechou uma grande serraria no município de
Cujubim.
Na serraria WD Madeiras,
a cerca de 160 quilômetros de Porto Velho, foram
apreendidos 11.500 m³ de madeiras ilegais, que "oficialmente"
teriam sido retirados de uma área onde existe plano
de manejo licenciado pelo governo estadual.
Na WD Madeiras foi apreendida
também documentação relatando de
que havia ali apenas cerca de 65 m³ de madeira retirada
de uma área com plano de manejo estadual. Mas no
local licenciado não havia praticamente exploração
de madeiras. Portanto, o documento oficializava o processamento
e a venda de grande quantidade de madeira retirada ilegalmente
da região.
Além de 398 toras
de faveira ferro, uma espécie nobre da Floresta
Amazônica, equivalente a 2.300 m³ de madeira,
foram apreendidos cerca de 9.200 m³ de madeira beneficiada,
de espécies como ipê e maçaranduba.
Na operação
Manejo Pirata deflagrada no município foram presos
três donos de madeireiras, e dois sócios
da WD Madeiras estão foragidos.
Em poucos dias, esta foi
a terceira operação deflagrada pelo Ministério
do Meio Ambiente para combater o que Minc chama de "Plano
de Manejo 171". Ou seja: criminosos ambientais cortam
e vendem madeira que aparentemente vem de uma exploração
legalizada, mas que na verdade é retirada de áreas
não autorizadas para esse tipo de serviço
comercial.
De sábado até
agora, foram realizadas blitze ecológicas do gênero
em áreas do Mato Grosso, Pará e Rondônia.
"Estamos fazendo pente fino para rastrear planos
de manejo 171", disse o ministro do Meio Ambiente.
Este tipo de operação
tem o caráter também simbólico, para
que os planos de manejo - em que a madeira é retirada
de forma selecionada, em pequenas porções
(2,5% do total da área) a cada ano, para que a
floresta tenha condições de se regenerar
- não sejam desmoralizados, prejudicando assim
a política do Ministério do Meio Ambiente
de construir "as bases de uma economia florestal
forte".
Ao comandar agentes da
Polícia Federal, da Força Nacional, do Ibama
e do Batalhão Ambiental da Polícia Militar
de Rondônia, Minc voltou a afirmar que não
se combate desmatamento apenas com medidas de repressão,
mas principalmente com a promoção de atividades
e empregos sustentáveis que estimulem os habitantes
da Amazônia a manter a floresta em pé. E
nessa linha de atuação os planos de manejo
são fundamentais.
Algo que impressionou
o ministro do Meio Ambiente e que o levou a participar
ativamente da ação de hoje foi a descoberta
de que a serraria estava beneficiando madeira retirada
ilegalmente da Floresta Nacional do Jamari, que fica na
vizinhança.
Com cerca de 220 mil hectares,
96 mil hectares dessa Floresta Nacional (Flona) - administrada
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade - foram licitados para exploração
legalizada de madeira. A Flona Jamari abriga o primeiro
plano de manejo federal aprovado até agora. "O
mais absurdo é ter ao lado do primeiro plano de
manejo federal um plano de manejo 171", desse Minc.
Para o ministro do Meio
Ambiente, esse tipo de situação é
inadmissível, pois acaba desmoralizando as licitações
para futuros planos de manejo, sejam federais ou estaduais.
Minc afirmou não
ter números detalhados, mas acredita que existam
centenas de planos de manejo irregulares na Amazônia,
e que estão sendo combatidos. "Estamos correndo
contra o tempo. São centenas de planos 171, e se
não formos rápidos em combatê-los,
estaremos desmoralizando as licitações legais."
O ministro do Meio Ambiente
reconheceu que as fiscalizações de planos
de manejo é precária, citando como exemplo
o caso da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará,
que não conta com fiscais suficientes para checar,
em campo, se os planos licenciados pelo governo estadual
estão sendo explorados de forma legal.
O ministro adiantou, porém,
que uma série de ações está
sendo articulada pelo Governo Federal para reforçar
a fiscalização.
O Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), por exemplo, passará
em breve a usar um satélite só para detectar
o que vem sendo realizado em áreas com planos de
manejos aprovados.
Estão ainda sendo
intensificadas as operações repressivas,
como a de terça-feira (27). Além disso,
as madeiras ilegais apreendidas serão leiloadas
e os recursos obtidos, aplicados em ações
de repressão e de sustentabilidade.
Com a venda de 2.000 m³
de madeiras da serraria em Cujubim, por exemplo, espera-se
obter pelo menos R$ 1,4 milhão, que serão
investidos na construção de uma ponte e
de habitações populares em Porto Velho,
pela prefeitura, e em uma espécie de "bolsa
desemprego" a ser administrada pelo Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
para dar sustento àqueles que ficaram desempregados
com o fechamento de atividades ilegais de exploração
de madeira.
O Município de
Cujubim, com 13 mil habitantes, tem sua economia baseada
na exploração de madeira, sediando 76 serrarias.
O Ministério do
Meio Ambiente está também trabalhando na
elaboração de um instrumento legal, a ser
aprovado em breve, que determinará aos estados
uma série de requisitos que devem constar das normas
dos futuros licenciamentos para planos de manejo regionais,
como o georreferenciamento da área a ser explorada,
para dificultar as fraudes e facilitar a fiscalização.