Eunápolis (27/10/2009)
- Em seu primeiro dia de atividades, a “Operação
Novo Horizonte”, organizada pelo Ministério Público
Estadual, Ibama e Polícia Militar na região
sul da Bahia, resultou na apreensão de mais de
uma centena de aves da fauna brasileira, além da
prisão de traficantes de animais silvestres e da
apreensão de armas de fogo e de uma grande quantidade
de gaiolas e armadilhas para aves. A operação
foi iniciada no município de Guaratinga, a cerca
de 120 km de Porto Seguro, uma região fortemente
afetada pela captura e comércio ilegal de aves
silvestres.
Segundo o Sargento Lourival,
do Segundo Pelotão de Polícia Militar de
Guaratinga, os traficantes foram identificados através
do trabalho de inteligência da Polícia Militar,
que incluiu a realização do levantamento
de informações e colocação
de policiais infiltrados nos locais de comércio
dos animais. Isso levou à descoberta dos depósitos
onde as aves permaneciam escondidas até que pudessem
ser transportadas de forma dissimulada para outras cidades
em carros de passeio e motocicletas.
De posse da localização
destes depósitos, a equipe de policiais militares
e agentes ambientais federais do Ibama aguardou a chegada
dos traficantes e realizou a prisão em flagrante,
procedendo a contagem dos animais, a aplicação
de mais de R$ 30 mil em multas e a condução
dos presos para a Delegacia de Polícia Civil em
Guaratinga.
O chefe de fiscalização
ambiental do Ibama na região sul da Bahia e coordenador
das equipes de campo, Henrique Jabur, conta que “a maior
parte das aves apreendidas haviam sido capturadas na natureza
há poucas horas, o que favoreceu a sua pronta liberação
em áreas protegidas da ação de traficantes
de animais silvestres”. Os animais que apresentavam sinais
de cansaço ou de longa permanência em cativeiro
foram encaminhados para o Núcleo de Fauna do Ibama
em Eunápolis, unidade responsável pela sua
reabilitação e soltura.
Segundo o Promotor de
Justiça de Guaratinga e idealizador da operação,
Dr. Bruno Gontijo, “o caráter inovador do trabalho
reside na adoção de horizontes diferenciados
quando do oferecimento de denúncia contra este
tipo de presos, que serão indiciados não
apenas com base na Lei de Crimes Ambientais como era feito
até então em todo o país mas, adicionalmente,
através do Código Penal Brasileiro pela
prática de receptação de bens que
se sabe ser produto de crime, neste caso a fauna silvestre
ilegalmente capturada na natureza. Isto amplia as punições
previstas e garante a manutenção dos responsáveis
em regime de prisão, o que não acontecia
no resto do Brasil, onde os traficantes de animais eram
soltos após a aplicação de multa
ambiental simples”.
O Promotor afirma ainda
que, ao lado dos órgãos de fiscalização
ambiental “a participação do Ministério
Público nos Estados é fundamental para o
avanço das ações de combate ao tráfico
de animais silvestres no Brasil pois, entre as funções
desta Instituição, está justamente
a proteção do meio ambiente como garantia
prevista pela Constituição. Assim, atuando
de forma conjunta, podemos ampliar os resultados alcançados,
denunciando os traficantes de animais silvestres com base
em dispositivos legais até então compreendidos
como estando além dos limites de atuação
dos órgãos de fiscalização
ambiental federal, estaduais ou municipais”.
A Gerente Executiva do
Ibama em Eunápolis, Cleide Guirro, afirmou que
graças ao seu sucesso, a Operação
Novo Horizonte será estendida para outras localidades
afetadas pelo comércio ilegal de animais silvestres
e que “este modelo de trabalho, onde diferentes esferas
do poder público colaboram para a melhoria da qualidade
ambiental, constitui não só um novo e bom
exemplo a ser seguido, mas um verdadeiro marco na forma
como o Brasil enfrenta os problemas associados à
captura e comércio ilegal de animais silvestres”.
Cid Teixeira
Ibama Eunápolis/BA