Marabá (29/03/2010)
– Fiscais do Ibama na Operação Corcel Negro
apreenderam ontem 27,7 toneladas de ferro gusa fabricado
com carvão ilegal pela Sidepar Siderurgia do Pará,
em Marabá, no sudeste do estado. A siderúrgica,
a maior do setor no ranking paraense, também teve
seu acesso ao Sisflora bloqueado e foi multada em R$ 38
mil. Até a suspensão da sanção
pelo Ibama, a indústria está impedida de
adquirir produtos florestais.
A Sidepar foi flagrada
na quarta-feira (24/03) inserindo dados falsos no Sistema
de Comercialização e Transporte de Produtos
Florestais (Sisflora), ao confirmar a chegada na empresa
de dois caminhões carregados com 170 metros de
carvão e receber o crédito correspondente.
Os veículos e o
carvão, no entanto, estavam apreendidos pelo Ibama.
Dias antes, eles foram retidos por falta de licença
para o transporte de carga perigosa e por estar em desacordo
com a autorização para transporte florestal,
e nunca poderiam ter descarregado na siderúrgica.
“O carvão que entrou
na Sidepar era irregular. Ela recebeu um produto fabricado
com a destruição da floresta amazônica
como se fosse o legalizado. Se os caminhões com
as cargas legais não entraram no pátio,
então, ela fraudou o sistema de controle estadual”,
explica o coordenador da Corcel Negro, Paulo Maués.
Falta de rigor
Segundo Maués, ficou comprovada a falta de rigor
da Sidepar quanto à origem do carvão que
utiliza. “O carvão ilegal é um dos vetores
do desmatamento. Um grande consumidor do produto como
o setor siderúrgico precisa ter controle sobre
seus fornecedores, sob o risco de queimar a floresta amazônica
para alimentar seus fornos”, diz ele.
O ferro gusa apreendido
pela Corcel Negro corresponde a 60 metros do total inserido
irregularmente pela Sidepar no Sisflora, já que
para cada tonelada de gusa produzido se utiliza 2,2 metros
de carvão. O ferro gusa equivalente aos outros
110 metros foram retidos pelo Ibama hoje. “A empresa usou
carvão de desmatamento para produzir esse ferro
gusa. Logo, ele não tem origem legal. É
fruto de um crime ambiental”, afirma Maués.
Operação
nacional
A Corcel Negro começou na segunda (22/3) com cerca
de 220 fiscais do Ibama. Ela é a maior ação
de combate à produção, o transporte
e o consumo ilegal de carvão já organizada
no país. Os alvos da operação se
espalham pelos principais estados produtores e consumidores
de carvão irregular: Pará, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal,
Tocantins, Piauí, Maranhão, Bahia, Minas
Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo
e Mato Grosso do Sul.
A Operação
Corcel Negro conta com o apoio da Polícia Rodoviária
Federal, do Ministério do Desenvolvimento Social,
Eletrobrás, Eletronorte, Furnas e Promotorias Estaduais
e Municipais.
Nelson Feitosa
Ascom/Ibama/PA