Porto Alegre (22/04/2010)
- Equipe formada por 12 agentes ambientais Federais do
Ibama do Rio Grande do Sul e por policiais civis cumpriram
na última terça-feira (20) sete mandados
de busca e apreensão no município de Venâncio
Aires. Durante a ação, 150 pássaros
foram apreendidos. Os alvos, compostos por criadores amadores
de passeriformes, foram identificados pelo Núcleo
de Inteligência do Ibama local por meio do cruzamento
de dados do Sistema de Passeriformes - Sispass, Receita
Federal e denúncias. Eles vinham sendo investigados
há mais de seis meses.
Do total de pássaros
apreendidos, 90 canários-da-terra oriundos de criação
amadorista vinham sendo cruzados com canários belgas
e canários peruanos, gerando animais híbridos
que eram anilhados com anilhas de criadores comerciais
e vendidos no mercado como espécie exótica
por uma empresa fantasma. Entre os outros passeriformes
apreendidos, encontravam-se curiós, bicudos, trinca-ferros
e bicos de pimenta.
Ao final da ação,
a equipe do Ibama foi solicitada por agentes da Polícia
Federal a comparecer em residência às margens
da Rodovia RSC 287, no mesmo município, onde foram
apreendidos outros 120 pássaros nativos, 40 pássaros
exóticos e 15 jabutis. “Se considerarmos que mais
de 100 animais estavam sem anilhas e com comportamento
muito arredio, além de terem sido encontrados diversos
pássaros mortos, que, provavelmente, vieram a óbito
por stress de viagem, podemos inferir que eram produto
do tráfico de animais silvestres que seriam comercializados
na região”, afirma o responsável pela Divisão
de Controle e Fiscalização - Dicof/RS, o
analista ambiental Régis Fontana Pinto.
O criador amador responsável
pelos animais apreendidos foi conduzido ao presídio
pela Polícia Federal e permanecerá preso
por crime de falsificação de selo público.
“Lavramos um Laudo de Constatação para subsidiar
o procedimento da Polícia pois sete anilhas falsificadas
também foram encontradas junto com os pássaros
apreendidos”, comenta a responsável pelo Núcleo
de Fauna na ação, a analista ambiental Fernanda
Rauber. No local ainda foram recolhidos 30 alçapões,
57 gaiolas e inúmeras caixas de transporte.
Todos os animais apreendidos
serão triados no Cetas do Parque Zoológico
de Sapucaia do Sul, de responsabilidade da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente - Sema/RS, e posteriormente
destinados para criadores conservacionistas e mantenedores
de fauna silvestre registrados junto ao Ibama.
Ao final do dia, foram
totalizados seis Autos de Infração, num
valor total superior a R$ 250 mil. Os infratores, além
da multa pecuniária, responderão na justiça
pelos crimes ambientais que cometeram.
Dicof/Ibama/RS
+ Mais
“Jericão” causa
devastação ambiental e ameaça a vida
da sociedade
Porto Velho (19/04/2010)
- Fulano e ciclano, pais de família, aqui denominados
infratores ambientais; A e B, Analistas Ambientais, aqui
denominados Agentes Ambientais Federais. Em uma esquina
qualquer de um município do estado de Rondônia,
fulano e ciclano passam com o “jiricão” carregado
de torras de origem ilícita na frente de uma viatura
do Ibama e são devidamente abordados.
O jiricão, uma
espécie de caminhão sem cabine, sem espelho,
sem sinalização, sem placa, motor exposto,
nenhum item de segurança e sem qualquer tipo de
documentação circula livremente pelos municípios
do interior, colocando em risco a vida do seu condutor,
dos passageiros e da sociedade. São comuns os acidentes
com esse tipo de veículo, algumas vezes sendo difícil
retirar os restos mortais de quem o conduzia ou teve o
azar de estar na sua frente quando se desgovernou.
Fulano, cidadão
brasileiro que estudou até a segunda série,
pai de quatro filhos, casado há doze anos, dissidente
de Mato Grosso do Sul, torna-se “toreiro”, cuja função
é retirar ilegalmente madeira do meio ambiente
para vendê-la a centenas de madeireiras locais.
Com ele, ciclano, seu sobrinho, casado com dois filhos,
nível de instrução: segunda série,
cuja função é ajudante de toreiro.
Mas não se enganem
esses transgressores. Como formiguinhas, vão retirando
árvores centenárias e, com o passar dos
dias, devastam grandes áreas de floresta nativa.
Eis o novo Modus Operandi que se configura como a mais
nova forma de desmatar e de predar o patrimônio
natural que a todos pertence.
Os fiscais federais, no
cumprimento da sua missão, temem por suas vidas
ao abordar esses infratores que, mesmo sabendo da transgressão
que estão cometendo, insistem neste intuito. Os
fiscais têm, muitas vezes, a comunidade local a
seu desfavor. Algumas vezes, fiscais se deparam com toreiros
armados que tentam defender seus ilícitos. Neste
caso, pode haver tiroteio. Em outros, tais “engenhocas”
são abandonadas na estrada, enquanto os infratores
fogem ilesos.
Essas cenas são
comuns no interior da Amazônia. Enquanto infratores,
utilizando-se de veículos perigosos que transgridem
as leis ambientais e de trânsito, são protegidos,
enquanto cidadãos brasileiros imbuídos da
defesa do meio ambiente são vistos, em alguns casos,
como “os homens maus”. Haja civismo para nossos Agentes
Ambientais Federais.
Valdemir Tedesco
Ascom/Ibama/RO