Belém (27/08/2010)
– O Ibama apreendeu nesta quinta (26/08) mais uma remessa
de barbatanas de tubarão num porto de Belém,
no nordeste do Pará. Desta vez, a carga de 1,4
toneladas seria exportada para Hong Kong, onde o produto
é utilizado na indústria alimentícia.
Além de perder as barbatanas, avaliadas em mais
de R$80 mil, a empresa recebeu multa de R$128 mil.
“O exportador não
provou a destinação correta das carcaças
de tubarão, o que revela que os animais foram vítimas
da prática do ‘finning’”, disse o analista ambiental
e biólogo Gunther Barbosa, que investigou o caso.
Proibida por uma portaria do Ibama, o “finning” ocorre
quando o pescador corta apenas as barbatanas do tubarão
e descarta a carcaça no mar. Muitas vezes o animal
resiste à amputação e é jogado
ainda vivo na água, mas não sobrevive. Os
pescadores praticam o “finning” por motivos econômicos,
já que transportar um barco cheio de barbatanas,
produto muito valorizado no mercado internacional, é
mais lucrativo que ocupá-lo com o tubarão
inteiro.
Empresas fantasmas
A exportadora autuada solicitou ao Ibama a liberação
da carga para Hong Kong no início da semana. Após
análise da documentação que comprovaria
a cadeia produtiva do produto (da origem das barbatanas
até a destinação das carcaças),
foram identificadas diversas irregularidades. Entre elas,
havia notas fiscais de venda de carcaças de tubarão
para empresas fantasmas.
Os agentes do Ibama vistoriaram
as supostas empresas compradoras das carcaças,
mas encontraram uma padaria e uma fábrica de palets
nos locais. Segundo Gunther Barbosa, os proprietários
desconheciam porque seus endereços estariam sendo
usados para atividade relacionada à pesca. “As
empresas declaradas pelo exportador eram fantasmas e estavam
sendo utilizadas para mascarar o descarte das carcaças
de tubarão no mar, contrariando a lei”, disse ele.
Nelson Feitosa
Ascom Ibama/PA