São Paulo (11/08/2011)
– Na mansão luxuosa em São Paulo onde se
buscava o casal envolvido com a venda ilegal de animais
silvestres pela internet, os fiscais do Ibama encontraram
um verdadeiro depósito de pássaros, jacaré,
cobras e até um lagarto alaranjado conhecido como
Monstro de Gila, típico dos Estados Unidos. Na
sala, a equipe se deparou com um gavião voando,
na provável suíte do casal havia um aquário
com jacaré. A cada novo quarto, mais animais foram
localizados.
Era o início da
Operação Arapongas, uma ação
integrada entre o Ibama e a Polícia Federal que
foi deflagrada na manhã de ontem para desarticular
uma organização criminosa de tráfico
e comércio ilegal de animais no Paraná,
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia,
Ceará e Paraíba.
Segundo a coordenadora da Operação pelo
Ibama, Maria Luiza Souza, o instituto apreendeu até
o momento 2.631 animais silvestres e a Polícia
Federal executou sete mandados de prisão de envolvidos
no tráfico e comércio de animais da fauna
silvestre brasileira e exóticos. Com os presos
foram encontrados jacarés, cobras, pererecas, gavião,
falcão, passarinhos, lagartos, quati, aranhas,
escorpiões, entre outros.
A investigação
aponta que a quadrilha agia comercializando animais por
meio de um site na Internet, no Brasil e no exterior.
O site não tinha autorização do Ibama.
Os investigados recebiam encomendas de todo e qualquer
tipo de animais, como répteis, anfíbios,
mamíferos e pássaros. Esses animais seriam
obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares
e captura de animais silvestres na natureza.
A operação
foi batizada com o nome da cidade paranaense Arapongas
onde está sediada a empresa responsável
pelo site http://www.zoopets.com.br, que oferecia bichos
com pagamento parcelado em até 18 meses, sob a
falsa propaganda de “Animais legalizados pelo Ibama” e
com imagens dos animais .
As negociações sob investigação
envolviam inclusive duas ONGS , uma de São Paulo
e outra de Campina Grande, que se apresentavam como “defensores
da natureza”. Ambas negociavam, reproduziam e vendiam
animais. As investigações identificaram
que para burlar os sistemas de controle ambiental, as
ONGs reaproveitavam os microchips de animais mortos.
Na sede da ONG em São Paulo, a fiscalização
do Ibama localizou cobra sem o dispositivo implantado
para identificar a origem legal, conforme exige a legislação,
e também microchips separados e notas fiscais.
“A tentativa de ludibriar a fiscalização
não prosperou. Quem se traveste de atividade legal
para realizar tráfico de animais será alcançado
em algum momento”, afirma o coordenador de fiscalização,
Roberto Cabral.
As investigações
começaram a partir da identificação
do site da Zoopets, em outubro do ano passado. Durante
as investigações, com vistas a comprovar
a materialidade de crime, agentes do Ibama e da Policia
Federal negociaram e receberam uma Tiriba (Pyrrhura perlata)
de origem ilegal por R$ 700,00, entregue por via aérea
com documentos fraudulentos.
O transporte de animais
era feito por via aérea e os traficantes utilizam
caixa com fundo falso, visando encobrir os animais ilícitos.
Há indícios de biopirataria devido a esse
procedimento e as espécies venenosas encontradas.
“Essa
operação tem natureza emblemática
e forte potencial de dissuasão aos traficantes
de fauna, e está plenamente alinhada com os novos
rumos da fiscalização ambiental federal”,
afirmou o coordenador Geral de Fiscalização
do Ibama, Bruno Barbosa, que acompanhou em São
Paulo os trabalhos da Operação Araponga.
Ascom/Ibama
Fotos: Ibama