Novo Progresso (03/12/2012)
— O Ibama enviou mais agentes para a frente da operação
Soberania Nacional na região de Dom Eliseu, no
sudeste do Pará, onde grupos de madeireiros ilegais
realizaram neste final de semana ações violentas
contra servidores do instituto. O primeiro grupo de reforço,
com fiscais e homens da Polícia Militar do Pará,
chegou ao município na madrugada desta segunda-feira
(03/12). Foram deslocados de Marabá, distante cerca
de 230 Km, onde fiscalizavam carvoarias na operação
Saldo Negro. "O Ibama manterá sua presença
na região e promoverá ações
ainda mais duras para combater essas práticas criminosas",
disse o chefe da Fiscalização do órgão
no Pará, Paulo Maués.
O Ibama combate intensamente o desmatamento e a exploração
ilegal de madeira na região de Dom Eliseu — que
inclui Ulianópolis, Rondon do Pará e Paragominas.
Apenas com a operação Soberania Nacional,
iniciada em setembro, o instituto aplicou R$ 44 milhões
em multas e embargou sete mil hectares de florestas irregularmente
desflorestadas nestes municípios. "Estamos
pressionando quem produz de forma ilegal para fora do
mercado e, por isso, a reação desesperada",
explica Maués. Segundo ele, uma grande operação
já está em planejamento para desarticular
o setor madeireiro que se envolveu nos ataques contra
o Ibama.
Ameaças em Dom Eliseu
Os conflitos começaram na manhã de sábado
(01/12). Dois caminhões apreendidos pelo Ibama
com madeira ilegal foram retidos por cerca de 30 homens,
próximo a ponte sobre o rio Bananal, em Dom Eliseu.
O grupo armado não permitiu a saída dos
fiscais por cerca de três horas. Os líderes
da emboscada foram os mesmos que, no dia seguinte (02/12),
organizaram uma manifestação violenta no
centro do município. No protesto, incendiaram pneus
e ameaçaram por fogo no hotel onde se hospedavam
os agentes federais. Os madeireiros queriam que o Ibama
se retirasse da região. O ato começou às
8h e terminou somente às 13h, após uma reunião
— entre a coordenadora da operação Soberania
Nacional na região, Taíse Ribeiro, e as
lideranças locais — acordar o fim da manifestação,
com a promessa de assinatura do Termo de Ajustamento de
Conduta que está em negociação para
o setor, envolvendo Ministério Público Federal,
Ibama e as secretarias de Meio Ambiente do Pará
e de Dom Eliseu.
Vingança contra o cacique no Piriá
O Ibama fiscalizava explorações irregulares
de madeira na Terra Indígena Alto Rio Guamá,
em Nova Esperança do Piriá, a 400 km de
Dom Eliseu, quando dois fiscais e o cacique Valdeci Tembé,
guia da operação, também foram alvos
de uma emboscada. A ação ocorreu ainda no
sábado, às 19h, mas patrocinada por outro
grupo de madeireiros irregulares. Desta vez, foram cerca
de 150 homens armados. Os fiscais rendidos haviam ficado
num trecho da estrada, vigiando uma caminhonete quebrada,
enquanto um grupo maior, com seis agentes e oito homens
do Batalhão de Polícia Ambiental do Pará,
entrou na mata para localizar uma exploração
ilegal.
Com chegada do invasores, o indígena fugiu para
a floresta. Os madeireiros, que usavam droga e bebiam
cachaça durante o ataque, diziam que “queriam o
índio”. Os dois agentes ficaram em poder dos agressores
até à uma hora de domingo, quando retornou
o restante da equipe do Ibama. O coordenador da ação,
Norberto Neves, negociou a saída em segurança
dos agentes. Nenhum servidor do Ibama ou policial ficou
ferido ou sofreu agressão física. O cacique
Valdeci Tembé ainda está desaparecido.
Nelson Feitosa
Ascom/PA