Belém (11/04/2013)
- O Ibama identificou uma movimentação indevida
de 64 mil metros cúbicos de créditos de
madeira serrada (o equivalente a 3,2 mil caminhões
cheios), nestas últimas duas semanas, enviados
em massa e de forma fraudulenta por serrarias em cinco
diferentes estados para abastecer madeireiras no Pará.
Vinte e sete empresas
paraenses envolvidas no esquema, cujo objetivo era esquentar
madeira ilegal explorada nas florestas protegidas do estado,
tiveram hoje o acesso aos sistemas eletrônicos federal
DOF e estadual Sisflora/PA bloqueados pelo instituto,
e não poderão mais negociar produtos florestais
no país.
No total, cerca de cem
madeireiras no Pará recepcionaram os créditos
indevidos do esquema e também poderão ter
o acesso ao mercado bloqueado nos próximos dias.
As empresas envolvidas, além das multas, que até
o momento somam R$ 10 milhões, serão denunciadas
ao Ministério Público por formação
de quadrilha, fraude nos sistemas oficiais de administração
ambiental e crimes fiscais.
Essa é a maior
operação de envio de créditos virtuais
interestadual, ou seja entre os sistemas eletrônicos
DOF e Sisflora/PA, flagrada nos últimos anos pelo
Ibama, segundo os analistas ambientais envolvidos nas
auditorias que identificaram as irregularidades.
As transações
fictícias, que não envolviam de fato o transporte
da madeira serrada para o Pará, ocorreram entre
primeiro de março e 10 de abril. Os créditos
virtuais saíam de contas no DOF de serrarias localizadas
nos estados do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia,
Roraima e Tocantis, o quais recebiam créditos dos
estados do nordeste, sudeste e sul do país, num
sistema de triangulação. Em seguida, entravam
nas contas no Sisflora/PA das madeireiras que, assim,
podiam emitir Guias Florestais fraudadas para "legalizar"
a madeira irregular que já possuíam.
"Era uma rota absurda
porque o Pará é um estado produtor, rico
em florestas, não tem sentido vir madeira de fora",
explica o chefe da Fiscalização do Ibama
no Pará, Paulo Maués.
O grosso do volume entrou
primeiro em quatro empresas do Pará que espalharam
os créditos no mercado. Principalmente para esquentar
madeira irregular na região de Paragominas e Novo
Progresso. "Uma parte dos créditos já
foi utilizada para mandar madeira esquentada para todo
o Brasil e houve inclusive exportação. Mas
já retiramos cerca de 20 mil metros cúbicos
do mercado e vamos obrigar os envolvidos a estornarem
todo o total recebido ilegalmente", afirma Maués.
Nelson Feitosa
Ascom Ibama/PA