Brasília (27/06/2013)
– Fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) e do Ibama desmontaram garimpo
ilegal no entorno da Floresta Nacional do Tapirapé
Aquiri, no Pará. O crime foi descoberto durante
a operação Tatu-Canastra, realizada em parceria
com a polícia ambiental do estado.
Os cerca de 60 garimpeiros
que atuavam no local foram obrigados a deixar a área.
Seis escavadeiras foram apreendidas. Os donos dos equipamentos
receberam multas que chegam a até R$ 1 milhão.
Além disso, foram recolhidas 30 motobombas, conhecidas
como "chupadeiras".
O rio Pena Branca, que
fica dentro da floresta Tapirapé Aquiri, foi o
mais atingido pela atividade ilegal do garimpo. O mercúrio
usado na extração do ouro atingiu a água.
Após notar a diferente tonalidade do rio, fiscais
do ICMBio suspeitaram do garimpo ilegal.
O caso foi encaminhado
ao Ministério Público Federal (MPF), que
deverá encaminhar as medidas judiciais para que
a Justiça puna os responsáveis pelo crime
ambiental. Todo o maquinário apreendido está
sob a responsabilidade do Ibama.
Mais rigor
Após a operação,
o Instituto Chico Mendes e o Ibama informaram que vão
intensificar o combate aos garimpos clandestinos na região.
"A nossa ideia é ampliar o monitoramento para
identificar as atividades ilícitas que estão
colocando em risco as unidades de conservação
e as áreas com recursos naturais representativos",
disse Edilson Esteves, do ICMBio, que coordenou a oeração.
Em Brasília, o
coordenador geral de Proteção Ambiental
do ICMBio, Virgílio Ferraz, participou na tarde
desta quinta (27) de reunião com a ministra Izabella
Teixeira, para discutir o assunto. Segundo ele, a ministra
pediu todo o rigor no combate a esses crimes ambientais.
Ele disse que novas operações deverã
ser realizadas nos próximos dias.
A área de floresta
invadida possui quase 200 mil hectares e, de acordo com
os fiscais, a maior parte dos danos causados pela prática
ilegal são incalculáveis e de difícil
reversão. "Eles descaracterizam totalmente
a bacia, inclusive alterando o curso de água, grutas,
nascentes. Ou seja, o maior impactado são os recursos
hídricos", informou José Scarpare,
fiscal do Ibama.
Documentos ilegais
Ao ser abordados, os garimpeiros
disseram ter sido contratados por uma cooperativa. Os
documentos da tal entidade, no entanto, eram todos ilegais,
não tinha qualquer validade, como constataram os
fiscais.
Esse tipo de prática
é muito comum na região. Por trás
dela, tem gente rica, poderosa, que compra as balsas,
máquinas e outros equipamentos, cria falsas cooperativas
e contrata ribeirinhos e moradores de pequenas cidades
para atua como garimpeiros.
"Nós estávamos
trabalhando, aí os órgãos vieram,
levaram nossos equipamentos e quando olharam os documentos
da cooperativa que nos contratou, viram que a documentação
não valia, era tudo ilegal", afirmou o garimpeiro
Divino Pereira.
De acordo com um levantamento
realizado pelos órgãos ambientais, atualmente,
na Amazônia Legal, existem cerca de 3 mil garimpos
clandestinos que ameaçam unidades de conservação,
reservas indígenas e rios. A recuperação
das áreas degradadas é o maior desafio dos
órgãos ambientais
"Os prejuízos
pra biodiversidade são incalculáveis, já
que essa área é de dificílima recuperação.
Serão necessários projetos de áreas
degradadas e só após algumas décadas,
a gente vai começar a ter um retorno, uma situação
próxima à original, antes desse impacto",
disse André Luis Vieira, da Flona de Tapirapé
Aquiri.
Fonte: ICMBio