Brasília (06/02/2014)
- A primeira etapa da operação de fiscalização
Rios Federais foi realizada no médio Solimões,
na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
e Reserva Extrativista Auati-Paraná nos municípios
de Tefé, Maraã e Fonte Boa. Até o
momento, os autos de infração lavrados somam
95 mil reais em multas. Houve, ainda, apreensão
de um barco regional, 1.680 kg de pirarucu, 110 kg de
piracatinga, 74 kg de tambaqui e 23 animais silvestres
(aves e quelônios).
O flagrante da matança
de botos e jacarés para uso como isca na pesca
de piracatinga é muito difícil, considerando
a vastidão dos ambientes aquáticos, e por
se tratar de uma prática silenciosa que ocorre
nas madrugadas e em lugares de difícil acesso.
Em novembro de 2013,durante
a fiscalização do Defeso nos rios Purus
e Tapauá, foi encontrada uma embarcação
pesqueira que utilizava porcos domésticos abatidos
como isca para captura de piracatinga. No decorrer da
Operação Piracatinga realizada em dezembro,
foi constatado o uso de vísceras de gado bovino
na referida atividade pesqueira, alternativa já
bastante recorrente na região, segundo os pescadores
locais.
Considerando também
as constantes fiscalizações que são
realizadas para coibir e combater a prática criminosa
de matança de botos e jacarés, os analistas
do Ibama observam que há um indicativo de redução
dessa prática e mudança de comportamento
por parte dos pescadores em busca de alternativas lícitas.
Também foram realizadas incursões fluviais
em locais onde supostamente ocorre tráfico de alevinos
de aruanã e matança de botos e jacarés
para uso como isca na pesca de piracatinga (peixe necrófago
com crescente demanda no mercado exterior), todavia, tais
ilícitos não foram flagrados.
A Operação
Rios Federais conta com apoio do ICMBio, Instituto Mamirauá,
Capitania Fluvial de Tabatinga/Marinha do Brasil, Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA,
Polícia Militar de Tefé e do Batalhão
Ambiental.
IBAMA/AM
Foto: Fonte Divulgação IBAMA/AM
A ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, destacou a possibilidade de parte dos
alertas emitidos pelo Deter corresponderem a alteração
de paisagem autorizada, nos moldes da nova Lei Florestal.
“O fato de 68% dos alertas se encontrarem em áreas
de domínio estadual quer dizer que esses dados
podem, sim, dialogar com a supressão legal de vegetação”,
afirmou. Segundo o levantamento, os 32% restantes ocorreram
em áreas de competência federal, que incluem
unidades de conservação, terras indígenas
e assentamentos.
Sofisticação
Os indicativos de queda
no desmatamento decorrem das ações integradas
entre os governos federal e dos nove estados formados
pela floresta, por meio do Fórum de Secretários
da Amazônia, além do apoio das equipes da
Polícia Federal e do Exército. “Os trabalhos
dos últimos dois meses foram focados em sofisticar
os processos de controle”, declarou Izabella.
A fiscalização
segue duas frentes. As operações de prevenção
e resposta rápida aos alertas de desmatamento por
meio das operações em terra. Enquanto isso,
também são realizadas as ações
de inteligência para desmontar a cadeia econômica
ligada à exploração da floresta,
com prioridade na investigação e no monitoramento
de áreas embargadas. “A preocupação
é com os processos criminosos que levam ao desmatamento”,
ressaltou a ministra.
A redução
nos índices foi verificada em quase todos os estados.
O Pará ficou entre os recordistas na redução
do desmatamento. No estado, os alertas foram de 294 km²
nos últimos seis meses, contra 423 km² registrados
no período imediatamente anterior. O Mato Grosso
seguiu a mesma tendência, com 375 km² de registros
de alteração de paisagem, contra os 523
km² verificados entre agosto de 2012 e janeiro de
2013.
Multas
Durante o período,
o volume de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) superou a marca de R$ 500 milhões, num
total de 1.540 autos de infração. O Mato
Grosso liderou a lista de autuações, com
R$ 266 milhões. A fiscalização atuou
em áreas de desmatamento e nas estradas, embargando
mais de 40 mil hectares de terras e apreendeu 26 mil metros
cúbicos de madeira, o correspondente a cerca de
300 caminhões carregados.
Os representantes dos
governos locais endossaram os esforços para coibir
ações ilegais na Floresta Amazônica.
“Esses índices resultam da integração
entre o MMA e os estados, qualificando informações
do que é desmatamento ilegal e do que é
supressão autorizada”, afirmou o secretário-executivo
do Fórum de Secretários da Amazônia,
Grayton Toledo, titular da Secretaria de Meio Ambiente
do Amapá.
Clique aqui para ver o resumo do relatório do Deter.
Lucas Tolentino e Paulenir Constâncio - MMA
Foto: Martim Garcia - MMA