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Cavernas
Iporanga - São Paulo

 

Preservando as cavernas



A conservação e a preservação depende de nós




Nossas casas de pedra: Conservar uma caverna é manter suas características próprias inalteradas, de modo a modificar o menos possível o ambiente.



Uma caverna não é um simples túnel escavado entre rochas, vazio e escuro. Seu ambiente, assim como suas formas de vida e a própria formação dos espeleotemas estão intimamente ligados ao meio externo que a circunda. Por isso, qualquer alteração na superfície reflete diretamente no mundo subterrâneo.



A poluição das águas, por exemplo, nociva em qualquer circunstância, tem efeitos muito danosos quando elas percorrem o interior de uma caverna. Um rio poluído pode comprometer toda a manifestação biológica. Não é admissível que dejetos industriais, minerais ou domésticos, sejam lançados em cursos de água que venham se tornar subterrâneos.

O desmatamento, além de descaracterizar o contorno regional, poderá também influir de maneira direta sobre a caverna, pois a destruição do revestimento vegetal poderá dar início a desmoronamentos e deslizamentos de terra, que irão de uma forma ou de outra interceptar ou desviar o leito original do rio na caverna.



Da mesma maneira, as atividades ligadas à utilização direta do espaço interior podem, se feitas de forma inadequada, descaracterizar o meio cavernícola e prejudicar o seu frágil equilíbrio ecológico.



A visitação ocasional, feita por turistas e religiosos, é uma atividade que tem despertado um interesse cada vez maior.



Na verdade, as cavernas sempre tiveram lugar de destaque na imaginação e crendice popular. Talvez isso possa ser atribuído aos aspectos bizarros e misteriosos das ornamentações e a ausência total de luz nos salões e galerias.



No Brasil inteiro são ouvidas estórias de desaparecimento de pessoas e de manifestações sobrenaturais e divinas no interior de cavernas. Os próprios nomes dados a grande número de cavernas demonstram esses fatos: Caverna das Fadas, Caverna do Diabo, Buraco do Inferno, Gruta Sinistra, Lapa do Bom Jesus etc.



Com base neste aspecto "divino", existem cavernas institucionalizadas pelo uso como verdadeiros templos, locais de peregrinação e romaria. Na Europa, as grutas de Lourdes e de Fátima são talvez os melhores exemplos do caso. No Brasil, a Lapa do Bom Jesus, a Gruta dos Brejões (BA) e a Terra-Ronca (GO) são polarizadoras de festas religiosas, trazendo toda uma população regional que monta ali suas barracas de sapé, celebra missas, realiza casamentos, batizados e faz promessas, deixando no local grande quantidade de devotos.



No Brasil, distribuída por quase todos os pontos de nosso teritório, existem aproximadamente 50 cavernas que são utilizadas para festas religiosas e recebem durante o ano um grande público, atraído pelas belezas de suas ornamentações.



O que se observa em todas as cavernas brasileiras abertas ao turismo é uma infinidade de estalactites e estalagmites quebradas. Quase todas as formações existentes no chão estão pisoteadas. É o condicionamento trazido do mundo exterior, onde "aquilo que está no chão é lixo". Dentro de uma caverna não existe esta diferenciação, e todos os espeleotemas formados fazem parte de um só conjunto.

Nessas cavernas existem as mais variadas formas de dejetos espalhados pelos cantos. São restos de comida, latas, plásticos etc., numa verdadeira agressão ao meio natural.
Talvez tudo isso pudesse ser evitado, se os ógãos responsáveis pela exploração turística se preocupassem em desenvolver estudos relativos ao manejo adequado de cavernas ou, no mínimo, adotassem os já existentes.



Muitos desses atos predatórios como, por exemplo, a construção de pontes e passarelas, muitas vezes desnecessárias; represamentos de rios; remoção de argila; iluminação inadequada etc., poderiam deixar de ser feitos. Aliás, a iluminação das cavernas feita de forma errada é possivelmente o maior problema criado nas cavernas turísticas.



Do ponto de vista turístico, a luz é um fator importante, pois oferece maior conforto e segurança ao visitante. Ocorre que essa mesma iluminação irá de uma forma ou de outra alterar substancialemte o ambiente cavernícola, modificação essa que oderá alcançar níveis lastimáveis, se feita sem critérios técnicos e conhecimentos.



A colocação de holofotes com luzes fixas e constantes interferirá tanto na temperatura ambiental, como na umidade do ar, fatores geralmente imutáveis ao longo dos anos. Essas modificações poderão ser sentidas no desaparecimento de certos animais, na alteração de seus hábitos e comportamento, no crescimento de vegetação clorofilada, na decomposição de espeleotemas etc. A iluminação com luzes coloridas agrava ainda mais essa situação, pois, além de causar as alterações citadas, descaracteriza toda a paisagem, e convém lembrar que se pretende mostrar ao visitante a obra da natureza, e não as obras do homem na natureza.



Qualquer planejamento que procure implantar uma infraestrutura turística deve, antes de mais nada, dar um exemplo conservacionista. O visitante deve ser estimulado a preservar esse ambiente e não ser levado a contribuir para sua destruição, como ocorre na maioria dos casos.



As áreas próximas às entradas de quase todas as cavernas exploradas turisticamente são, por exemplo, transformadas em meros "pontos comerciais" com a venda de "lembranças da caverna", dando ao turista o primeiro exemplo de depredação. Essa comercialização lamentavelmente não se restringe às portas das cavernas. Chega até as vítrinas de grandes lojas de pedras preciosas e cristais, como o oferecimentos desses mesmos espeleotemas, agora manufaturados e tranformados em jóias e cinzeiros.


Caverna da Água Suja, no núcleo Santana, Petar


As grutas correm ainda um outro risco, diferente do causado pelo uso inadequado e sem planejamento. É aquele muito mais grave e destruidor representado pela exploração mineral. Em busca da matéria-prima, firmas minerados têm conseguido destruir cavernas inteiras.

Essa atitude inconseqüente vem desde o tempo do império, quando depósitos fossilíferos foram destruídos pela exploração do salitre. Mais recentemente, na mina de Santa Blandina, município de Itapeva (SP), foi descoberta uma pequena gruta com formações estalactíticas de cor esverdeada feitas de malaquita (carbonato de cobre). Tal raridade, no entanto, não existe mais, porque a área foi dinamitada e totalmente destruída.



Ainda no Estado de São Paulo, mais especificamente no Vale do Ribeira, várias firmas mineradoras ameaçaram a existência de grutas e depósitos fossilíferos com a exploração do calcário para a produção do cimento e da cal.

Quando alguém quebra um espeleotema e escreve seu nome na parede branca de uma galeria ou, ainda, quando regiões inteiras são destruídas, um ato irreparável está sendo feito contra a natureza.



Os motivos que levam a isso não se justificam. Não se pretende aqui dar lugar a delongadas considerações sobre os aspectos mesquinhos e egoístas deste tipo de procedimento. O que se quer é levantar o problema, oferecendo uma contribuição para que seja desenvolvido entre nós um espírito preservacionista em relação ao patrimônio natural.



Diante deste quadro desfavorável, torna-se clara a importância de uma conscientização popular em defesa desses monumentos naturais.



Somente com fortalecimento de uma mentalidade preservacionista poderemos evitar que bens naturais ainda existentes sejam destruídos em nome de interesses imedialistas e em prejuízo das próximas gerações.

Acessando as cavernas

Técnicas espeleológicas

Exploração: Desvendar a cada passo salões e galerias onde jamais outro homem penetrou, descobrir fantásticas formações minerais e estranhas formas de vida é sem dúvida uma das mais excitantes aventuras que a natureza ainda nos reserva.



Explorar uma caverna é isto; buscar entendê-la enquanto manifestação de inúmeras forças naturais, o que exige acurada observação, tecnologia adequada e senso de equipe.



No caminho da exploração, inúmeros perigos e obstáculos físicos se opõem ao avanço do explorador. O ambiente pode lhe ser hostil pela ausência de luz, pelo frio e pela umidade e o caminhamento dificultado por grandes distâncias e desníveis, por pisos irregulares e escorregadios, por estreitamento e "tetos baixos". Da mesma forma, rios lagos e cachoeiras ou ainda trechos desmoronados, sifonados e inundações podem não apenas dificultar a penetração mas até torná-la imposível.

Equipamentos: A roupa pode ser composta por um macacão que deve ser resistente, leve, ignífugo (não propagar fogo) e de material que não retenha água; meias compridas impermeabilizadas, que envolve a barra do macacão protegendo as pernas do frio e de eventuais pancadas; e um calçado leve (pode ser uma bota ou tênis) com sola de borracha antiderrapante e bico rígido (para facilitar as escaladas). Botas de borracha, muito usadas em países onde a temperatura da água é mais baixa, perdem muito de suas funções em cavernas tropicais como as do Brasil, tornado-se incômodas e inadequadas.

Vista externa da Caverna da Água Suja, no Parque Estadual Turístico
do Alto Ribeira


Luvas que não retirem a sensibilidade dos dedos, podem ser de grande utilidade nas escaladas em locais estreitos e nas paredes àsperas ou angulosas, servindo também para manter as mãos limpas para quando se manusear equipamentos fotográficos e filmagem.



É igualmente recomendável levar um agasalho leve para lugares onde há a incidência de água fria ou em explorações onde se despenda muita energia pelos esforços exigidos. O descuido com a perda de calor pode levar o explorador a um estado de hipotermia que chega ocasionar problemas de extrema gravidade ou mesmo a morte em alguns casos.



Completando, aparecem o cinturão de segurança ou a "cadeirinha" e o capacete (metálico, plástico, ou fibra), que, além de proteger a cabeça contra eventuais batidas ou quedas, também serve como suporte para o bico de luz (carbureteira ou lanterna).
A ausência de luz é o principal problema a ser enfrentado no ambiente cavernícola, requerendo, portanto, sistemas de iluminação adequados e fontes de luz complementares.



No Brasil, o sistema de iluminação mais utilizado ainda é o de carbureto. Um reator, preso ao cinto de segurança, produz o gás acetileno resultante da reação química entre o carbureto e a água. Este gás levado or meio de uma mangueira plástica até o bico de gás instalado na parte frontal do capacete. Regulando a entrada de água no sistema, o explorador pode obter uma chama maior ou menor, de acordo com suas necessidades. Este tipo de iluminação é de baixo custo, fácil manutenção o oferece luz quente e difusa.
A iluminação por meio de lanternas de cabeça também é usada, mas o desenpenho não é tão bom quanto o da carbureteira. Porém, sua vantagem em relação à conservação da caverna é maior pois não deixa as marcas no teto do fogo da carbureteira em lugares muito baixo, e não deixa os resíduos da combustão causada pelo carbureto. Além deste equipamento básico, o explorador deve trazer à mão uma boa lanterna de pilhas, que, além de ser muito útil na exploração (iluminação de tetos, galerias estreitas etc), na fotografia (para facilitar a focalização) e nas observações geológicas e biológicas, é fundamental como equipamento de segurança.



O explorador deve dispor também de outras fontes alternativas de iluminação, como isqueiros, fósforos (à prova d'água), velas, reserva de carbureto etc., tudo cuidadosamente protegido da umidade e da água.



Este material faz parte de uma pequena caixa estanque conhecida no meio espeleológico como "tesouro", que, além dos objetos citados, deve trazer uma pequena reserva de alimentos (chocolates, por exemplo), utensílios de primeiros socorros - Veja mais na série especial sobre primeiros socorros "Dr. Pick-upau" na seção Dicas do Pick-upau -, um pequeno alicate, desentupidores de bico de gás e peças de reposição como os próprios bicos e lâmpadas e pilhas para as lanternas. A experiência tem mostrado a utilidade e necessidade destes equipamentos em inúmeras situações.


Entrada da Caverna Alambari de Baixo, Petar


Outros equipamentos são ainda indispensáveis numa excursão a cavernas: cordinhas ou fitas de náilon em número e dimensões adequdadas têm sempre uso garantido; o mosquetão, peça de metal leve, semelhante a um cadeado grande, é sem dúvida o mais versátil e útil dos equipamentos espeleológicos, sendo utilizado em praticamente todas as manobras de escalada e segurança.



Completando este quadro, tem-se a mochila, que deve ser leve, resistente, impermeável, de dimensões médias, com bolsos chapados (ou internos) e sem fivelas ou quaisquer peças salientes. Tanto as mochilas como os macacões e demais equipamentos devem ser de cores claras e vivas, facilitando a identificação visual.



Os obstáculos e as técnicas:
Raras são as cavernas que se apresentma como longos e retilíneos túneis onde o explorador pode movimentar-se com facilidade. Mesmo quando suas galerias são amplas e pouco inclinadas. O piso das grutas costuma apresentar acúmulos de argila, poças e cursos de água, trechos escorregadios, blocos desmoronados instáveis e uma série de irregularidades que dificultam o caminhar de pessoas pouco experientes.



Caminhar em cavernas requer uma certa prática. É necessário manter um ritmo adequado, nem rápido nem lento; o tamanho dos passos também deve ser controlado e o equilíbrio deve ser igualmente desenvolvido.



Só assim o explorador poderá economizar suas energias, "despregar os olhos do chão" e apreciar no geral e nos detalhes a paisagem e a beleza que o rodeiam. Com a prática constante ele fica sabendo, em um simples relance, onde pode pisar ou se apoiar, que tipo de piso está a seus pés, se um trecho é escorregadio ou não, enfim cria um diálogo mudo com a pedra e o ambiente, que lhe dá liberdade e segurança nos movimentos. A experiência não pode, no entanto, justificar a neglegência, assim como a resistência ou a força física não podem justificar a falta de técnica.



Um problema comumente enfrentado pelos exploradores é o representado pelos "tetos baixos", pelas "entaladas" e pelo "quebra-corpos" que, como indicam os próprios nomes, são locais estreitos de difícil ultrapassagem. Tais estreitamentos obrigam muitas vezes o explorador a ratejar por pisos enlameados, ajoelhar-se sobre seixos rolados e, em vários casos, não por serem intransponíveis mas por serem de difícil ultrapassagem, tais estreitos guardam almplos salões e enormes galerias à espera de exploradores mais preparados e persistentes.



Para vencer este tipo de obstáculo não existem técnicas, apenas conselhos e, mesmo assim, a prática direta e contínua pode ensinar melhor que eles.



O caminhar pode às vezes ser barrado por uma parede muito inclinada ou vertical, geralmente lisa, molhada e escorregadia, que deve ser escalada.



Estas escaladas são geralmente facilitadas pela presença de fendas e saliências na rocha além de espeleotemas resistentes e volumosos (estalagmites, colunas etc) firmemente cimentados à parede. Começa aí no entanto, o problema de segurança, pois escorregões ou quedas podem ser desastrosos.



A segurança neste tipo de escalada é feita por corda flexível que o explorador vai "fixando" à parede por meio de fitas (laçadas) de náilon presas às saliências rochosas e "nós" (pequenas laçadas de corda fina terminada em peça metálica semelhante a uma porca de parafuso) que vão sendo entalados nas fissuras das paredes. As fitas e os nós servem como polias que direcionam e suportam a corda durante a subida e que sustentam o explorador em caso de queda.



Os lances de escalada podem ainda localizar-se em juntas de paredes perpendiculares e em fendas não muito largas. Em ambos os casos, as técnicas básicas são de contraposição de forças como a "oposição", a "chaminé" e a "tesoura".


Entrada da Caverna Morro Preto, núcleo Santana, Petar


Na "oposição" o corpo do explorador se desloca externa e paralelamente à fissura (ou fenda estreita), onde as mãos se apóiam, tracionado-a. Simultaneamente, os pés, pressionando a parede perpendicular à fissura, caminham por ela (subindo ou descendo) em movimento sincronizado com o das mãos.



Na "chaminé" o deslocamento se dá interna e verticalmente ao longo da fenda. O explorador fica como que sentado perpendicularmente a ela com os pés pressiondo a parede da frente enquanto as costas e as mãos pressionam a de trás, alterando-se no movimento de subida ou descida.



O explorador pode ainda deslocar-se horinzontamente ao longo de galerias estreitas e profundas (fendas verticais) utilizando-se da técnica de "tesoura'.



Em posição vertical , com braços e pernas estendidos, pode caminhar pela fenda pressionando e se apoiando nas paredes laterais. Outro obstáculo comum ao deslocamento dos exploradores é o representado pelos poços e abismos que, por vezes, são os únicos caminhos possíveis para o prosseguimento da exploração.



Ao encontrá-los, a primeira preocupação do explorador é saber sua profundidade, para o que dispõe de dois métodos principais:



O primeiro baseia-se no cálculo visual, sendo iluminar o fundo do abismo com o fecho de uma lanterna. Quando desnível é muito grande ou o piso muito escuro, pode-se prender a lanterna na extremidade de uma corda e descê-lo, a fim de que a bse do poço sejá vista.



Outro método é calcular o tempo necessário para se escutar o som de uma pedra deixada cair no abismo. A tabela a seguir permite o cálculo imediato de profundidade em função deste tempo.



O uso deste método pode ser igualmente útil para indicar patamares a meio caminho (pelas pancadas da pedra) e o tipo de material dos pisos (rocha, argila, água) pelo som produzido. Só deve, porém, ser utilizado em casos onde não se disponha de outras formas e com extremo cuidado para não provocar desmoronamentos e não danificar cordas e escadas já instaladas no abismo.



A exploração de lances verticais (poços e abismos) apela para técnicas artificais que se resumem em "preparar a via", colocando-se apoios artificiais como os pregos e pitões ou de "criar uma via artificial independente" com cordas, escadas e mastros.



Existem dois tipos de escada para a espeleologia: as escadas rígidas de segmentos montáveis e as escadas flexíveis de cabo de aço.



As primeiras, assim como os mastros (também montáveis), têm a mesma finalidade, ou seja, permitir ao explorador atingir galerias superiores (até 10 m de desnível), cuja entrada se situe em lugares de difícil acesso. A escada rígida resolve o problema de forma direta, mas é volumosa e de difícil transporte; o mastro, menos pesado e volumoso, é utilizado como suporte para uma escada flexível que é fixada em sua extremidade superior, pela qual sobe o explorador. Tanto uma técnica como outra, apesar de representarem as únicas soluções possíveis no desenvolvimento de certas explorações, são obviamente restritas a expedições em cavernas de acesso mais fácil e contando com equipes mais numerosas.


Estalagmites e estalactites se juntam formando uma coluna na Caverna Santana (Petar)


As escadas de cabo de aço, inventadas por De Joy na França em 1937, é um equipamento corriqueiro e indispensável a todas as equipes de exploração de cavernas. Possuem degraus de alumínio, são leves e podem ser enroladas para facilitar o transporte. As quatro extremidades do cabo de aço terminam por elos de corente recortados em forma de "c", que possibilitam a conexão de diversos lances consecutivos de escada, possuindo cada uma delas 10 de comprimento.



Tais escadas são utilizadas para vencer poços e abismo (subida e descida), sendo fixadas por meio de cordas, fitas de náilon ou amarradas de cabo de aço às saliências rochosas ou às ornamentações de resistência e imobilidade
comprovadas.



Em função da morfologia do abismo ou da localização dos pontos de amarração, a escada pode ficar encostada às paredes do poço ou inteiramente livre (lance em negativo).



No caso de a escada ficar encostada às paredes. É impostante o cuidado para não haver deslocamento de pedras, que podem atingir pessoas situadas mais abaixo ou mesmo danificar a escada. Por esta razão, é fundamental que antes mesmo de fixar a escada os exploradores cuidem da "limpeza" do lance, recolhendo as pedras instáveis e amontoando-as longe das bordas do poço.



Em caso de lance "em negativo" existe o problema de a escada entrar em movimento de pêndulo ou rotação dificultando o deslocamento. Para solucionar estes problemas é necessário que o explorador saiba posicionar-se na escada. Seu corpo deve ficar o mais vertical possível, seus braços devem envolver a escada de forma a segurá-la com as palmas das mãos voltadas para o corpo e seus pés devem deslocar-se alternando-se pela frente (ponta dos pés) e por trás (calcanhar).



É importante salientar a necessidade da corda de segurança em todos os lances de escada. Esta segurança pode ser realizada de diversas maneiras, adequando-se às condições do local. São quatro os métodos de segurança mais conhecidos: superior, inferior, mista e a de auto-segurança, que serão descritos juntamente com as técnicas de subida e descida com cordas.



No caso de escaladas em paredes muito inclinadas, pode-se utilizar de uma "corda-fixa". Esta corda presa em locais na extremidade superior do lance serve como um corrimão de segurança para o explorador que sobe "caminhando" perpendicularmente à parede. O uso desta técnica, que pode ser muito útil para dar maior velocidade à equipe de exploração, tem, no entanto, seu uso restrito a poucos e pequenos lances da escalada.



Em abismos, as descidas e subidas também podem ser feitas com o uso de cordas e equipamentos especiais, o rapel clássico ou com aparelhos. Para saber mais sobre as técnicas de rapel Veja também a matéria especial sobre rapel pendurada na seção Mundo.



Os perigos que representam os abismos, além de requerer e incentivar o desenvolvimento de técnicas e equipamentos especiais, faz com que o explorador se preocupem ainda mais com os aspectos relativos à segurança individual, controlando os impulsos da curiosidade e da aventura.


A monitora ambiental Jeany Oliveira ilumina uma das entradas da Caverna do Morro Preto


Tal atitude não ocorre, porém, no mesmo nível, com os obstáculos aquáticos em caverna que geralmente são vistos como inofensivos ou apenas incômodos, pois molham e provocam frio. Na prática, a água em caverna representa, se não o maior, um dos maiores perigos para o explorador. É importante que o exlorador, sem criar traumas, entenda que água em cavernas representam um sério e real perigo, que se manifesta de inúmeras formas.



A simples travessia de um rio mais volumoso ou com correnteza mais forte pode transformar-se em uma aventura frustante e perigosa. Em tais situações o explorador deve sempre contar com uma corda de segurança que com facilidade possa puxá-lo para margem.



Em lagos e poços profundos onde seja necessário nadar, os riscos aumentam, pois com sua vestimenta e seus equipamentos (mesmo que reduzidos ao mínimo) o explorador tem muito peso e pouca mobilidade. Por estes e outros motivos, como o aparecimento de cãibras, a perda de sua luz na água, além da corda de segurança, necessita ter consigo uma pequena bóia ou câmara de ar. Esta bóia será igualmente útil no transporte de mochilas e equipamentos que não podem ser molhados.



Se o trecho de água for muito longo, deve-se utilizar um bote inflável. Não dispondo desse equipamento, convém analisar a possibilidade de continuar a exploração em época de águas mais baixas (estações de seca) ou voltar devidamente equipado.



Saber quando para uma exploração é tão importante como planejá-la e executá-la devidamente. A falta de precaução e a negligência nunca foram qualidades na espeleologia.



Também as cachoeiras representam obstáculos respeitáveis em cavernas, principalmente se junto a elas exististirem lances de corda ou escada para vencer o desnível. Nestes casos, além de instalar o equipamento o mais afastado possível da queda-d'água, deve-se utilizar segurança múltipla (superior, inferior e-ou auto-segurança) e tomar especial cuidado a fim de evitar movimentos em pêndulo que podem colocar o explorador sob o jato de água e projetá-lo para fora do lance.

Caverna do Morro Preto, Petar


É igualmente importante que o explorador conte com uma lanterna de mão para dispor de luz nos casos, muito comuns, de a água apagar sua chama de acetileno.



O maior perigo das águas em caverna está relacionado à exploração de sifões. Estes sifões são trechos do rio onde, por estreitamentos, desmoronamentos ou quaisquer outros motivos, o nível da água atinge o teto da galeria. Tais trechos submersos, que podem ter apenas alguns centímetros de comprimento, às vezes atinge centenas de metros, os quais o explorador só pode ultrapassar mergulhando.



É fácil entender o perigo que representa este tipo de obstáculo, onde, além das dificuldades inerentes às cavernas (escuridão, argila, estreitamento etc.), somam-se as dificuldades relativas ao mergulho autônomo. Isto faz do "forçamento de sifões" uma tarefa para bons espeleólogos que sejam simultaneamente experientes mergulhadores e nunca uma atividade para novatos ou autodidatas.



Após um sifão pode existir salas ornamentadas ou mesmo quilômetros de galerias. Por isso, ao mesmo tempo que repelem e provocam medo, os sifões atraem o espeleólogo aguçando-lhe a curiosidade e despertando seu espírito de aventura. Foi este sentimento súbio que levou espeleólogos, como Norbert Costeret, a se aventurar sem roupas adequadas, sem cilindros de ar e sem nenhum outro equipamento de segurança, por um sifão na Gruta de Montespan e encontrar do outro lado um verdadeiro museu da cultura paleolítica.

Dema (Petar) e Andrea Nascimento (Pick-upau) observam a pequena entrada da Caverna Ouro Grosso, um das mais radicais da região


Constavam cerca de 50 gravuras nas paredes, aproximadamente 30 estátuas de argila (ursos, cavalos, felinos, bisões, hienas, mamutes e outros animais pré-históricos) além de signos e figuras antropomórficas gravadas em traço. Foi, entretanto, o mesmo espírito que causou a morte de inúmeros espeleólogos em diversos países.Vale destacar que em grande parte das cavernas abertas a visitação ao público trazem muitas ornamentações logo em seus primeiros metros e que na maioria das vezes o visitante fica satisfeito com tal beleza. Sendo dispensável aventurar-se mais adiante, colocando em risco a integridade física de todo o grupo, além do risco de danos irreparaveis em formações de milhões de anos. Nunca entre em uma caverna sem os equipamentos adequados e sem o devido acompanhamento de um guia. E lembre-se, mesmo seguindo todos os mandamentos da exploração em cavernas os imprevistos estão sempre presentes.

Jeany Oliveira (monitor ambiental) observa os espeleotemas da Caverna Santana, uma das belas do Petar



O Mundo das Cavernas: Parte 4
O Mundo das Cavernas: Tudo que você queria saber sobre cavernas mas tinha medo de escuro.

Apoio
Revista Eco Turismo
Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo

Fonte de pesquisa
A Problemática do Estudo de Biologia em Cavernas (Epeleo-Tema)
Princípios de Espeleologia Exterior (PAMA)
O Ambiente das Cavernas (SBE)
Pesquisas do Conjunto Hidrológico das Áreas (SBE)
Espeleologia no Brasil (PAMA)
Topografia Subterrânea Aplicada às Cavernas (P. Kruger)
Cavernas Brasileiras (Melhoramentos)


Nota
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