16/06/2012
- 15h39 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata
Giraldi - Enviadas especiais da Agência Brasil
- Rio de Janeiro – A delegação
do Brasil, que assumiu o comando das negociações
na Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20),
vai apresentar hoje (16) um documento consolidado
sobre o que foi acordado até agora entre
as delegações dos 193 países
que participam do evento. Já foram negociadas
cerca de 38% das propostas. Porém, as divergências
ainda são intensas e atingem principalmente
recursos e conceitos básicos.
Desde
ontem (15), os negociadores intensificaram os trabalhos,
ampliando as reuniões para até as
23h. O objetivo das delegações foi
adiantar ao máximo o texto preliminar a ser
apresentado hoje para os brasileiros para a consolidação
do documento final. Nos próximos dias 20
a 22, o material será examinado por cerca
de 115 chefes de Estado e de Governo.
Ontem,
o ministro das Relações Exteriores
do Brasil, Antonio Patriota, pediu aos grupos que
redobrassem os esforços para a obtenção
de acordos e para o fim dos impasses até
a reunião de cúpula. O apelo gerou
reações, mesmo que ainda faltem 62%
do documento para serem negociados, segundo o diretor
do Departamento de Desenvolvimento Sustentável,
Assuntos Econômicos e Sociais da Rio+20, Nikhil
Seth.
“[Ontem]
as negociações estavam caminhando
bem melhor do que há dois dias”, disse
Seth, informando que mesmo indicando avanços
nos debates, a porcentagem não reflete a
disposição dos negociadores em chegar,
rapidamente, a um acordo. “Muitos negociadores
disseram que se sentem encorajados com o clima positivo
e que certamente haverá avanços mais
importantes com a provável conclusão
do texto até o dia 19.”
Seth
confirmou que as negociações ainda
estão travadas por pontos estratégicos
do debate, que não encontram consenso entre
os representantes dos países desenvolvidos
e dos países em desenvolvimento. As divergências
recaem principalmente sobre questões como
a implementação dos compromissos com
o desenvolvimento sustentável, a transferência
de tecnologias e a reafirmação e o
aprofundamento de metas estabelecidas há
20 anos, na Rio92.
“Havendo
acordo em relação a essas questões
maiores, ocorrerá acordo em torno das outras
questões. Não existe um grupo especial
tratando da reafirmação de compromissos
da Rio92. O tema aparece em vários parágrafos
do texto. Ou seja, uma vez que essas questões
divergentes estejam resolvidas, resolveremos esses
colchetes rapidamente”, disse Seth, mantendo
o otimismo sobre os acordos.
No
entanto, Seth alertou que não é mais
o momento para debates minuciosos e que as negociações
entraram em uma nova modalidade. O governo brasileiro
vai anunciar como, no comando das negociações,
vai conduzir esses debates. As reuniões dos
comitês preparatórios foram encerradas
ontem à noite, mas alguns grupos continuarão
tentando refinar o texto para que o documento seja
concluído no dia 18 e submetido à
Organização das Nações
Unidas (ONU) no dia 19.
+
Mais
Movimentos
sociais denunciam retrocessos na agenda ambiental
brasileira
16/06/2012
- 16h12 - Rio+20 - Vladimir Platonow - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro –
O Brasil enfrenta um retrocesso em sua agenda ambiental,
depois de ter registrado importantes avanços
nos últimos anos, segundo avaliação
do documento Agenda Socioambiental: Avanços
e Obstáculos Pós Rio-92, divulgado
hoje (16) na Cúpula dos Povos, no Aterro
do Flamengo, na zona sul da cidade, paralelo à
Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
O
diretor de Políticas Públicas da organização
não governamental SOS Mata Atlântica,
Mário Mantovani, disse que foram muitos os
avanços desde a II Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento Humano (Rio92). Porém,
destacou que nos últimos anos também
ocorreram retrocessos, como a aprovação
do Código Florestal pelo Congresso e a liberação
de obras que produzem impactos ambientais, como
as grandes barragens.
“Vinte
anos depois, não tem uma empresa que não
tenha o tema ambiental nas suas propostas de responsabilidade
social. Na sociedade civil, cresceu muito o número
de ONGs. Mas o que nós percebemos é
que o governo, que tinha avançado muito,
teve um grande retrocesso, aceitou a chantagem de
segmentos atrasados, principalmente a oligarquia
rural, que não agregam valor ambiental. Pelo
contrário, concentram terras e fazem com
que o Brasil seja um dos países que mais
usam venenos [agrotóxicos] no mundo”,
disse Mantovani.
O
presidente do conselho diretor do Instituto Democracia
e Sustentabilidade (IDS), João Paulo Capobianco,
também chamou a atenção para
a falta de avanços ambientais nos anos recentes.
Segundo ele, isso ocorre por causa da visão
do governo de que o desenvolvimento é o que
importa.
“Tivemos
muitos avanços que agora estão caminhando
para retrocessos”. Tudo aquilo que veio da
Rio92 está agora sob ameaça, incluindo
a redução de unidades de conservação
por medidas provisórias, modificação
na legislação de proteção
das florestas, mudanças no sistema de licenciamento,
fragilizando a capacidade de avaliação
de danos ambientais. Tudo o que possa ameaçar
o crescimento a qualquer custo tem que ser eliminado.
O
documento Agenda Socioambiental: Avanços
e Obstáculos Pós Rio-92 foi assinado
por 11 entidades ambientais e pode ser acessado
no endereço www.idsbrasil.net.
Fonte: Agência Brasil