Governo
e Senado fecham acordo para reescrever Código Florestal
Mais uma chance para o meio ambiente
24/06/2011
- O governo, após ter sofrido derrota na Câmara
na votação do Código Florestal, está
trabalhando para evitar que ocorra uma nova disputa entre
os ruralistas e ambientalistas, em virtude dos pontos polêmicos
e em desacordo com o Planalto na discussão que ocorrerá
no Senado.
A
ideia do governo é que o novo código seja
escrito em conjunto pelas comissões da Agricultura
e de Meio Ambiente do Senado.
Durante reunião a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, e os relatores da reforma senador Luiz Henrique
da Silveira (PMDB-SC), Comissão de Agricultura, e
Jorge Viana (PT-AC), Comissão de Meio Ambiente, fecharam
acordo.
Quando
questionada a respeito da diferença de alinhamento
dos relatores, Izabella disse "Só vi convergências."
Ela
ainda defendeu mudanças no texto aprovado na Câmara.
Onze pontos que receberam aval dos deputados receberam mudanças
do governo.
"Não podemos ter um texto que gere contradições,
que não seja recepcionado pela sociedade, que não
esclareça para o agricultor familiar e o agronegócio
quais são seus direitos, como regulariza as questões
do passado e como avançamos uma agenda ambiental
sólida, com uso do território", afirmou
Izabella.
AJUSTES
Para a ministra agora é hora de procurar um clima
político para que haja o debate da proposta no Senado,
e não de apresentar essas questões.
"Temos
oportunidade para fazer ajustes e criar novas condições
em torno do debate político e do código em
relação ao clima, sobre a biodiversidade,
da agricultura de baixo carbono, um leque de temas."
Uma
das polêmicas do texto, comentada por Luiz Henrique,
sinalizou um alinhamento com o Planalto quando defendeu
que as “normas gerais” das regularizações
sejam estabelecidas pelo governo, com participação
dos Estados.
O senador explicou que "Essa é uma questão
que está escrito na Constituição, que
reserva poder concorrente para os Estados e dá União
o poder de estabelecer as normais gerais. O projeto é
construído nesse sentido”.
Ele,
que é relator do texto na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), disse que
é necessário ajustar o texto a fim de se evitar
os questionamentos judiciais. "Precisamos fazer [o
texto] dentro de consenso e que permita que a lei possa
não sofrer ataque de inconstitucionalidade."
Viana
defendeu um debate tranquilo, evitando falar de temas que
têm resistência do governo. "Eu mesmo falei
com o autor na Câmara [deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)]
e ele mesmo reconhece que o clima ficou de certa disputa
o tempo passou a ser adversário. O Senado tem que
cuidar das imperfeições."
+
Mais
Mais
tempo, mais anistia
Ficou
decido pelo governo a prorrogação por seis
meses do decreto de lei de crimes ambientais, que estava
para vencer. Tal prorrogação impede que multas
e sanções sejam aplicadas aos produtores irregulares.
A confirmação foi dada à Folha por
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no
Senado. "Acertei com a presidenta [Dilma Rousseff]
que o decreto vai ser prorrogado por seis meses".
Ele
reuniu assinaturas dos líderes da base aliada no
Senado, pedindo a prorrogação e encaminhou
para a presidente. A justificativa utilizada é que
o Senado precisa de mais tempo para analisar a reforma do
Código que está tramitando pela Casa.
De
acordo com ele, o clima da aprovação não
foi favorável e tem que se evitar que o debate seja
exaltado entre ruralistas e ambientalistas e possa interferir
na decisão do Senado. A bancada ruralista deseja
que o texto seja votado em 45 dias.
O
prazo negociado com o Palácio do Planalto de 180
dias envolve o retorno da reforma para nova análise
na Câmara, caso haja alguma alteração
no Senado é necessária nova votação
dos deputados.
O
governo pretende alterar onze pontos, o principal é
o que se refere à anistia dos desmatadores, já
que o projeto legaliza atividades agrícolas nas APPS
mantidas até julho de 2008. Outro ponto é
a autorização dos Estados na regularização
ambiental.
O Código será analisado pelas comissões
de Constituição e Justiça, Agricultura
e Meio Ambiente antes da votação no plenário.
O governo deseja que o texto final seja conjunto para conciliar
os interesses evitando as chamadas "pegadinhas".
Os relatores da reforma serão Luiz Henrique da Silveira
(PMDB-SC), Comissão de Agricultura, e Jorge Viana
(PT-AC), Comissão de Meio Ambiente.
Da
Redação
Com informações da Folha de São Paulo