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Países firmam acordo histórico que indica mudança no combate ao aquecimento
Texto de acordo de Paris resolve financiamento e mantém busca por 1,5ºC

12/12/2015 – Aprovado por consenso, o Acordo de Paris indica uma virada decisiva em como o mundo encara a questão das mudanças climáticas. Ao aceitar um objetivo ousado -- de limitar as emissões bem abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, e em direção a 1,5ºC--, os países assumem o compromisso de adotar medidas para esse fim. O acordo deve começar a vigorar em 2020.

Este é um acordo histórico: é a primeira vez que todos os países do mundo se comprometem em reduzir suas emissões (o Protocolo de Kyoto de 1997 era apenas para os países ricos), e com um objetivo que exige ações drásticas e imediatas -- já aquecemos 1ºC. E é aí que entram os entraves.

O documento não descreve quais ações os países devem fazer para reduzir suas emissões e nem traz metas para isso - nem as tidas como voluntárias -, ele apenas afirma que é necessário desenhar o caminho que deve ser perseguido nos próximos anos. Espera-se que até 2020, essas informações já estejam melhor delineadas, já que os países reúnem-se ano a ano para discutir mais detalhes do acordo. Revisões já estão marcadas para 2018 e 2019.

Também foi acertado o fundo de US$ 100 bilhões ao ano provido por países desenvolvidos para os países mais pobres reduzirem suas emissões e se adaptarem às mudanças climáticas. Os países emergentes são convidados a participar com doações. Este fundo deve ser revisto em 2025.

Com os objetivos claros no texto, a pressão por ações também se torna mais embasada. O clima entre ONGs ambientalistas é de comemoração. Para a maioria deles, o acordo é bom o suficiente para colocar o mundo no caminho das renováveis: seria o início do fim dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e derivados).

Mas, se por esse lado o acordo é bom, pensando no que já deveríamos estar fazendo, a cena muda de figura. O texto traz muito mais promessas e desejos do que ações concretas a serem realizadas. Para ser aprovado, todos os pontos que obrigavam os países a reduzirem suas emissões e até a aumentarem as metas (como é necessário para manter o aumento da temperatura em 1,5ºC) foram cortados.

A falta de garantia preocupa: "A grande preocupação é que não há nenhuma garantia de assistência para aqueles que sofrem de os impactos imediatos das mudanças climáticas, especialmente as populações mais pobres e vulneráveis", afirma Tasneem Essop, chefe da delegação do WWF na Conferência da ONU para o Clima.

Veja declarações

"Este é um momento histórico, não só para nós e nosso mundo hoje, como para nossos filhos e netos e futuras gerações. O acordo de Paris é uma virada decisiva na luta mundial contra as mudanças climáticas, que ameaçam a prosperidade de bem-estar de países ricos e pobres."

Nicholas Stern, pesquisador de mudanças climáticas da Escola de Economia de Londres, no Reino Unido

"O acordo possui elementos que criam oportunidade dos governantes optarem por ações mais e mais fortes ao longo do tempo em termos de mitigação, adaptação e financiamento. Isto é importante. O que precisamos agora é de que suas ações, incluindo reduções das emissões e financiamentos, sejam adicionadas para cumprir essa meta. Para que haja possibilidade do objetivo a longo prazo ser alcançado, os compromissos de financiamento e de redução de emissões terão de ser reforçados de uma forma justa antes de 2020."

Tasneem Essop, chefe da delegação do WWF na Conferência da ONU para o Clima

"Este é um momento histórico. Os governantes mundiais finalmente entenderam o que a ciência está dizendo faz tempo - nós temos que agir agora se queremos que o clima da Terra permaneça seguro. Hoje, eles se comprometeram a agir e agir conjuntamente. Historiadores verão isso como uma virada decisiva."

Michael Jacobs, conselheiro sênior do projeto New Climate Economy, e ex-conselheiro do primeiro-ministro britânico Gordon Brown

"Este acordo vai marcar uma verdadeira virada decisiva nos esforços mundiais para combater as mudanças climáticas. O texto reflete o movimento para uma maior ambição e as vozes dos mais vulneráveis. Ele acelera a transformação de energia que está bem encaminhada, apontando-nos para um futuro mais seguro e mais forte."

Jennifer Morgan, World Resources Institute

"Há progressos, mas não há grande ambição entre os países desenvolvidos. Todo mundo fala do 1,5°C. Basicamente, o acordo fala em perseguir essa meta. Mas em que contexto? Não há comprometimento de fato com isso no acordo.

Chee Yoke Ling, diretora da Third World Network

"Hoje a raça humana juntou-se por uma causa em comum, mas é o que acontece depois dessa conferência que realmente importa."

Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional

Entenda o acordo aprovado

Trajetória à baixa emissão com fluxo de financiamento

Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C e perseguir esforços para limitar este aumento em 1.5 °C acima dos níveis pré-industriais; promover um fluxo financeiro consistente com uma trajetória em direção a baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a um desenvolvimento resiliente ao clima e aumentar a habilidade de adaptação aos impactos adversos das mudanças climáticas.

Pico o mais rápido possível

As partes deste acordo objetivam alcançar um pico de emissões de GEE o mais rapidamente possível, reconhecendo que as nações em desenvolvimento vão levar mais tempo para alcanças seu pico de emissões.

Metas de redução

Cada parte deve fazer sucessivas contribuições nacionalmente determinadas (CND) para o acordo, mas no acordo não há um número a ser atingido ou já inicialmente prometido

Diferenciação entre ricos e pobres

As nações desenvolvidas devem continuar liderando por meio da adoção de metas de redução de emissões absolutas a serem aplicadas a toda a economia. Os países em desenvolvimento devem continuar a aumentar seus esforços para reduzir as emissões, e são encorajados a moverem-se ao longo do tempo em direção a metas de redução sobre toda a economia. As nações em desenvolvimento devem ser apoiadas, reconhecendo que este apoio permitirá que estas ajam com maior ambição.

Revisões a cada cinco anos

Os países devem comunicar suas metas nacionais de redução a cada período de 5 anos. Na próxima COP deve ser criado um calendário comum. Então, nas próximas COPs, deve ocorrer um inventário da implantação deste acordo para avaliar o progresso coletivo em direção aos propósitos do acordo e de seus objetivos de longo prazo. O primeiro "global stocktake", ou revisão, deverá ser feito em 2023 e a cada cinco anos a seguir desta data.

Transparência

A questão da transparência era essencial para o acordo, e ele prevê a criação de um Quadro de Transparência para a Ação e o Apoio. Isso quer dizer, transparência tanto para o dinheiro investido, quanto nas ações feitas a partir do financiamento. Além disso, cada país será responsável por suas metas, mas deve promover a integridade ambiental, transparência, acurácia, completude, comparabilidade e consistência, e assegurar que não sejam feitas duplas contagens.

Financiamento

Os países desenvolvidos devem fornecer recursos financeiros que ajudem as nações em desenvolvimento com a redução das emissões e adaptação; países emergentes são encorajadas a fornecer ou continuar a fornecer voluntariamente recursos para estas ações. As nações desenvolvidas devem continuar a liderar a mobilização de recursos financeiros, em US$100 bilhões por ano, com revisão em 2025

Já está em vigor?

O Acordo de Paris deve entrar em vigor no trigésimo dia depois que pelo menos 55 países que representem 55% das emissões globais tenham ratificado.
Do UOL, em São Paulo
Fernando Cymbaluk e Lilian Ferreira

+ Mais COP 21

"Acordo traz pontos essenciais, temos que ampliar a ambição", diz ministra

"O acordo traz os pontos essenciais, e temos as bases para ampliar a ambição no futuro", disse a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira. A brasileira trabalhou como negociadora do acordo nas duas semanas da Conferência do Clima, em Paris. Este é o primeiro acordo global para combater as mudanças climáticas.

No acordo, foi determinado que os países farão o possível para manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2ºC, perseguindo 1,5ºC em 2100. Um objetivo ambicioso, visto que já aquecemos 1ºC até hoje e as metas voluntárias limitariam o aumento da temperatura entre 2,7ºC e 3,5ºC.

"Este acordo deu início quando o Brasil disse que topava aceitar o novo acordo se todos estiverem a bordo, em Durban, na COP-17. Levamos cinco anos para construir esse acordo. Eu digo que tem o momento de Kyoto [1007], o roadmap de Bali [2007] e Durban [2011]." Em Kyoto foi firmado o primeiro acordo para redução de emissões de gases do efeito estufa, onde os países ricos deveriam cortar suas emissões em 5%. Depois, em Bali, foi criado o chamado "mapa do caminho", com cinco pilares de discussão para facilitar a assinatura de um compromisso internacional: visão compartilhada, mitigação (redução das emissões), adaptação, transferência de tecnologia e suporte financeiro. Em Durban, os trabalhos para um novo acordo em Paris começaram: prorrogou-se Kyoto, países em desenvolvimento também concordaram com metas de redução de emissões e firmou-se financiamento de ações de uS$ 100 bilhões ao ano.

Segundo a ministra, a posição brasileira foi parabenizada como facilitador das negociações. "Nós demos metas voluntárias ambiciosas, mudamos nosso foco, e isso dá uma credibilidade política ao país". O Brasil deu como meta reduzir emissões absolutas em 43% até 2030 visando a meta de 2ºC. Agora, essa meta deve ser revista para o país atingir o limite de 1,5ºC. Em 2012, o país já tinha reduzido suas emissões em 41% graças à queda do desmatamento de 2005 para frente. Nos últimos anos, as emissões brasileiras cresceram por causa do uso de termoelétricas e transporte.

"Essa gente bronzeada mostrou seu valor, agora é a hora da caipirinha, do champanhe", disse.

Mais cedo, a ministra tinha afirmado que o "Brasil pode fazer mais, deve fazer mais e quer fazer mais" no combate às mudanças climáticas. "Espero, sinceramente, que, em 2025, quem estiver cuidando do assunto seja mais ambicioso do que fui", disse.

Segundo ela, o acordo mostra uma disposição de todos os países de se esforçarem ainda mais para reduzir suas emissões. "Temos que trabalhar e implementar. É um esforço de toda a sociedade. É um desafio enorme para implementar a INDC (meta voluntária). Fazendo isso acontecer, por que não [ser mais ambicioso]?"

Izabella contou que no texto há uma decisão que considera um processo balanceado de adaptação e redução das emissões, levando em consideração a necessidade de desenvolvimento de "sumidouros", que absorveriam CO2 da atmosfera, num processo de neutralização de carbono. "Num processo de neutralização pós 2050, o Brasil teria o papel dos sumidouros, com reflorestamento, com recuperação de pastagens para ser mais do que um player de clima ser um player estratégico e econômico global de tecnologias e desenvolvimento nacional."

Segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, os países devem agora buscar aumentar ainda mais suas metas de redução das emissões. O Brasil, especificamente, deve combater mais o desmatamento, e evoluir na restauração florestal. Além disso, é preciso mudar o plano energético brasileiro que conta com 71% dos investimentos no setor para os combustíveis fósseis.
Do UOL, em São Paulo

+ Mais COP 21

Texto de acordo de Paris resolve financiamento e mantém busca por 1,5ºC

Após duas semanas de negociações, uma proposta para um novo acordo climático global foi apresentada na manhã deste sábado (12), na Conferência do Clima, em Paris. O texto propõe limitar o aumento da temperatura "bem abaixo de 2°C" até 2100 e fazer "esforços para limitar o aumento a 1,5 C°", mas não indica metas para atingir esse objetivo.

A questão do financiamento, que bloqueava as negociações, foi solucionada. Contudo, outros pontos polêmicos, como o da neutralização e das metas obrigatórias de redução de emissões, foram omitidos. Agora, o texto vai para aprovação no plenário da Conferência, que ou aprova ou rejeita o acordo em unanimidade.

Caso seja aprovado pelas 195 nações participantes da conferência, o documento representará um marco histórico, substituindo o antigo acordo, o Protocolo de Kyoto, de 1997 (renovado em 2012). O novo acordo, que passaria a vigorar a partir de 2020, deve valer para todas as nações, inclusive as mais pobres - um diferença com relação a Kyoto, que valia apenas para as nações mais ricas. Mais de 150 países apresentaram metas voluntárias para redução de emissões (as INDCs), que devem ser revistas a cada cinco anos, mas sem a obrigação de aumentar ou cumprir as promessas.

O texto foi divulgado pela ONU e já está disponível para as delegações (veja o documento em inglês).

Financiamento

No texto, os países desenvolvidos "pretendem" continuar seu objetivo de mobilização coletiva já existente até 2025 para financiar ações para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Mas, antes desta data, a COP deverá fixar um novo objetivo coletivo para financiamento a partir de um piso de US$ 100 bilhões por ano, tendo em vista as necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento.

Isso resolveu o impasse anterior: os países desenvolvidos não queriam arcar sozinhos com o financiamento, pedindo que os países em desenvolvimento mais ricos também contribuíssem. Esses, queriam manter a diferenciação entre os ricos que já emitiram muito e os países que ainda estão crescendo. Agora, os ricos assumem sua responsabilidade de liderar os investimentos, mas pedem uma revisão em 2025.

Neutralização

Na proposta final, a necessária neutralização das emissões foi retirada. Em seu lugar, o texto traz que os países atingirão o pico de emissões "assim que possível" (como no texto anterior), com uma consequente rápida queda, para "alcançar um equilíbrio entre as emissões feitas pelo homem e a capacidade de remover os gases do efeito estufa" na segunda metade deste século. No rascunho anterior, o objetivo era "alcançar a neutralidade das emissões", ou seja a conta final ser zero -- uma palavra que indica um objetivo muito mais forte. No primeiro texto, havia a menção à redução de 40% até 95% das emissões em 2050 frente a 2010.

Hollande exorta países a tomarem decisão histórica

O projeto para o combate às alterações climáticas foi concluído durante a madrugada e anunciada pelo presidente da COP-21 e chanceler da França, Laurent Fabius. O anúncio ocorreu com um atraso de duas horas e meia em relação ao previsto inicialmente.

O objetivo de limitar a temperatura a 1,5º C em relação à era pré-industrial é uma reivindicação impulsionada fortemente pelo estados insulares, particularmente ameaçados pelas mudanças climáticas.

O presidente francês, François Hollande, instou os 195 países representados em Paris a dar "o passo decisivo" ao adotar durante o dia o acordo final da Conferência do Clima.

Falando, da tribuna da COP21, de um "grande passo para a humanidade", o chefe de Estado francês apelou aos delegados para fazer este "12 de dezembro um dia não só histórico, mas uma data importante para a humanidade".

"A França pede, a França os exorta a adotar o primeiro acordo universal de nossa história", acrescentou.

Agora, os delegados dos países participantes fazem uma pausa para analizarem o documento e para almoçarem, devendo retornar para o plenário para dizerem se aceitam o texto ou não. Caso seja aprovado, algo que deve ocorrer por consenso, o acordo é então adotado formalmente.
Do UOL, em São Paulo

+ Mais COP 21

Entenda os principais pontos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas

O Acordo de Paris foi firmado neste sábado (12), entre 195 nações do mundo, com objetivos para manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2ºC até 2100 frente às temperaturas da era pré-industrial, perseguindo atingir 1,5ºC. Não foram dadas metas de redução de emissão de gases do efeito estufa, mas uma intenção global em mudar para uma economia de baixo carbono. A seguir os principais pontos do acordo elencados pelo especialista Délcio Rodrigues, vice-presidente do Instituto Vitae Civilis.

Pontos principais

Trajetória à baixa emissão com fluxo de financiamento
Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C e perseguir esforços para limitar este aumento em 1.5 °C acima dos níveis pré-industriais; promover um fluxo financeiro consistente com uma trajetória em direção a baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a um desenvolvimento resiliente ao clima e aumentar a habilidade de adaptação aos impactos adversos das mudanças climáticas.

Pico o mais rápido possível
As partes deste acordo objetivam alcançar um pico de emissões de GEE o mais rapidamente possível, reconhecendo que as nações em desenvolvimento vão levar mais tempo para alcanças seu pico de emissões.

Metas de redução
Cada parte deve fazer sucessivas contribuições nacionalmente determinadas (CND) para o acordo, mas no acordo não há um número a ser atingido ou já inicialmente prometido

Diferenciação entre ricos e pobres
As nações desenvolvidas devem continuar liderando por meio da adoção de metas de redução de emissões absolutas a serem aplicadas a toda a economia. Os países em desenvolvimento devem continuar a aumentar seus esforços para reduzir as emissões, e são encorajados a moverem-se ao longo do tempo em direção a metas de redução sobre toda a economia. As nações em desenvolvimento devem ser apoiadas, reconhecendo que este apoio permitirá que estas ajam com maior ambição.

Revisões a cada cinco anos
Os países devem comunicar suas metas nacionais de redução a cada período de 5 anos. Na próxima COP deve ser criado um calendário comum. Então, nas próximas COPs, deve ocorrer um inventário da implantação deste acordo para avaliar o progresso coletivo em direção aos propósitos do acordo e de seus objetivos de longo prazo. O primeiro "global stocktake", ou revisão, deverá ser feito em 2023 e a cada cinco anos a seguir desta data.

Financiamento
Os países desenvolvidos devem fornecer recursos financeiros que ajudem as nações em desenvolvimento com a redução das emissões e adaptação; países emergentes são encorajadas a fornecer ou continuar a fornecer voluntariamente recursos para estas ações. As nações desenvolvidas devem continuar a liderar a mobilização de recursos financeiros, em US$100 bilhões por ano, com revisão em 2025

Transparência
A questão da transparência era essencial para o acordo, e ele prevê a criação de um Quadro de Transparência para a Ação e o Apoio. Isso quer dizer, transparência tanto para o dinheiro investido, quanto nas ações feitas a partir do financiamento. Além disso, cada país será responsável por suas metas, mas deve promover a integridade ambiental, transparência, acurácia, completude, comparabilidade e consistência, e assegurar que não sejam feitas duplas contagens.

Já está em vigor?
O Acordo de Paris deve entrar em vigor no trigésimo dia depois que pelo menos 55 países que representem 55% das emissões globais tenham ratificado.
Do UOL, em São Paulo

+ Mais COP 21

ONGs mostram nas ruas de Paris desacordo com acordo da COP 21

Manifestantes 'pintaram' a região do Arco do triunfo de vermelho.
Proposta final do acordo na COP 21 foi divulgada neste sábado.

Várias manifestações percorreram neste sábado as ruas de Paris convocadas por ONGs para mostrar desacordo com a proposta de acordo da cúpula do clima de Paris (COP 21), que consideram insuficientes para combater o aquecimento climático.

A principal delas foi convocada junto ao Arco do Triunfo, onde os manifestantes, vestidos majoritariamente de vermelho, traçaram uma linha dessa mesma cor com a qual quiseram simbolizar os limites que não devem ser superados e a fronteira entre as vítimas do aquecimento global e seus causadores.

O delegado regional da polícia de Paris, Michel Cadot, lembrou que as manifestações estão proibidas pelo estado de emergência, mas reconheceu que 3 delas seriam toleradas, embora anunciou o desdobramento de cerca de 2 mil agentes para evitar atos violentos como os que ocorreram há duas semanas por ocasião da abertura da COP 21.

"A mudança climática tem que ser liderada por cidadãos, não podemos confiar em nossos políticos porque estão fracassando há 23 anos", garantiu à Agência Efe o ativista de Ecologistas em Ação Samuel Martín Sosa. Segundo ele, o acordo alcançado em Paris "não tem as bases de uma verdadeira transição energética".

Stelle Letouzet, septuagenária que milita nas "Avós pelo clima", garantiu que a geração atual "tem que defender o futuro de seus filhos" e pediu que sejam os cidadãos "que vigiem o cumprimento dos compromissos" da COP21.

"O que estamos a ponto de conhecer é um acordo medíocre. Os países não conseguem entrar em acordo sobre os objetivos de redução de emissões que necessitamos. Por isso estamos hoje aqui, para dize que se eles não fizerem, nós vamos conseguir", garantiu o peruano Antonio Zambrano.

Em um ambiente festivo, com tulipas vermelhas e rosas da mesma cor, os manifestantes levavam cartazes com o lema de "Justiça climática" e "Estado de emergência climático".
Do G1
Da Agencia EFE

+ Mais COP 21

Brasil ajudou a construir consenso chave na COP 21

Ministra Izabella se diz satisfeita com acordo e otimista sobre aprovação.
Brasileira esteve em fogo cruzado entre emergentes e EUA e Europa.

Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente do Brasil, Xie Zhenhua, negociador-chefe da China, Prakash Javadekar, ministro do Meio-Ambiente da Índia, e Edna Molewa, ministra do Ambiente da África do Sul, durante encontro do BASIC em Paris (Foto: Rafael Garcia/G1)
Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente do Brasil, Xie Zhenhua, negociador-chefe da China, e Prakash Javadekar, ministro do Meio-Ambiente da Índia (Foto: Rafael Garcia/G1)

O Brasil, que articulou uma das principais negociações para a elaboração da proposta de texto final da COP 21, se disse satisfeito com o texto do acordo do clima proposto pela presidência da COP 21. "O acordo reflete todas as posições que o governo brasileiro defendeu", afirmou a ministra do Meio Ambiente do país, Izabella Teixeira.

Segundo a brasileira, o país está satisfeito com o grau de ambição do acordo e com a maneira com que o texto, ainda não aprovado, trata a questão conhecida como "diferenciação". É nesse aspecto que o texto tenta separa diferentes obrigações e direitos para países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Izabella se viu num fogo cruzado na sexta-feira, quando a "Coalizão da Alta Ambição", um movimento liderado por países-ilha vulneráveis ao aumento do nível do mar, conseguiu apoio da Europa e dos EUA para incluir um objetivo mais ambicioso no acordo. Em vez de limitar o aumento da temperatura a 2°C, eles pediam que o texto estabelecesse a meta de 1,5°C, mais segura.

Não havia consenso, porque países como Índia e China resistiam a essa ideia, pois isso implicava na entrada de metas mais rigorosas de cortes de emissões por volta de 2050, cifras de "40% a 70%" ou "70% a 90%". Quem pressionava por isso era o Tony Debrum, ministro das relações exteriores das Ilhas Marshall, que lideram a coalizão da ambição.

Após conversar com países do bloco BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), Izabella recebeu uma visita de Debrum, que convidou o país a entrar na coalizão. Izabella aceitou, um tanto reticente, sob o argumento de que a coalizão passava apenas uma mensagem política, e não técnica, para alteração do texto esboço do acordo.

"Eu mostrei a ele a linguagem que vinha do BASIC, propondo que nós tivémos um avanço 'abaixo de 2°C' e 'na direção de 1,5°C'", contou Izabella. "Perguntei se essa linguagem o satisfazia, e ele disse que sim, plenamente."

O preço do aumento da ambição é que as metas de longo prazo para descarbonização, por volta de 2050, foram retiradas do texto. Cientistas presentes a eventos paralelos na COP 21 reclamaram muito disso, acusando o texto esboço de estar fora de compasso com a ciência. Poucos acreditam que sem obrigações ousadas ainda seja possível evitar os 1,5°C.

O embaixador do Brasil em Washington, Luiz Antonio Figueiredo, que foi um dos principais articuladores do país, defendeu o texto na sexta-feira. Afirmou que os cenários de redução específicos para atingir o grau de redução proposto no texto ainda precisam ser definidos.

E a redação proposta pelo Brasil e pelo BASIC sobreviveu, entrando no texto final do acordo.
Ambientalistas e integrantes de quase todas as delegações estão otimistas com relação à próxima plenária, que deve submeter a proposta de texto à aprovação definitiva.

Um negociador do Brasil afirmou que a Venezuela, um país que costuma usar seu direito individual de fala na plenária para atrapalhar as discussões de clima, está sob controle, e não vai travar a sessão.

Izabella afirma que trabalhou pessoalmente nisso e que outros países que se interpõem ao sucesso do acordo, como a Arábia Saudita, também foram enquadrados.
"Conversei com todo mundo, aqui. Só não conversei com o papa", afirmou. "A expectativa é positiva."
Rafael Garcia
Do G1, em Paris - o repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

+ Mais COP 21

Proposta final de acordo do clima elimina metas de longo prazo

Texto fala em manter a temperatura com uma elevação 'abaixo de 2°C'.
Países ricos garantem US$ 100 bilhões por ano para o combate.

O texto final proposto para o acordo do clima neste sábado (12) na COP 21, a cúpula do clima de Paris, fala em manter a temperatura do planeta com uma elevação "muito abaixo de 2°C" mas "perseguindo esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5°C".

PRINCIPAIS PONTOS DA PROPOSTA FINAL PARA ACORDO DO CLIMA

- Países devem trabalhar para que aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC
- Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano
- Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases-estufa necessária
- Texto não determina quando emissões precisam parar de subir
- Acordo deve ser revisto a cada 5 anos

O documento é candidato a se tornar um marco histórico, por ser o primeiro acordo global com compromissos de todos os países. A reação das ONGs foi positiva, mas manifestações foram realizadas nas ruas de Paris.

Não há nenhuma menção, porém, às porcentagens de corte de emissões de gases-estufa que serão necessárias para tal. A ausência de objetivos específicos de longo prazo desagrada a cientistas, mas o acordo deixa em aberto a possibilidade de que essas sejam estabelecidas posteriormente, com "a melhor ciência possível".

O tratado também não determina com precisão até quando as emissões precisam parar de subir e começar a cair, atingindo um pico.

"As partes do acordo visam atingir um pico global nas emissões de gases de efeito estufa assim que possível, reconhecendo que o pico levará mais tempo para países em desenvolvimento", diz o texto.

O documento ainda conclama os países a "adotar reduções rápidas a partir de então, de acordo com a melhor ciência disponível, de modo a atingir um equilíbrio entre as emissões antropogênicas por fontes (queima de combustiveis fósseis) e pela remoção por sorvedouros de gases de efeito estufa na segunda metade deste século."

Financiamento
Também está incluído o compromisso de países ricos de garantirem um financiamento de ao menos US$ 100 bilhões por ano para combater a mudança climática em nações desenvolvidas a partir de 2020, até ao menos 2025, quando o valor deve ser rediscutido.

O acordo também inclui um mecanismo para revisão periódica das promessas nacionais dos países para rever suas metas de desacelerar as emissões do efeito estufa, que não atingem hoje nem metade da ambição necessária para evitar o aquecimento de 2°C.

As promessas serão revistas de 5 em 5 anos, e a primeira reunião para decidir como isso deve ser feito acontece em 2018.

O texto foi submetido às delegações dos países. Quando plenária da COP 21 voltar a se reunir, o presidente da sessão deve perguntar se há alguma objeção e pode já decretar a aprovação do texto. Deve haver alguma demora, porque a maioria dos negociadores já manifestou intenção de falar à plenária.

Outro ponto crucial do acordo foi o estabelecimento de um mecanismo de compensação por perdas e danos causados por consequências da mudança climática que já são evitáveis. Muitos países pobres e nações-ilhas devem se beneficiar disso.

Desfazendo o nó?
Pela proposta, o acordo deve tomar uma forma legal a partir de 22 de abril de 2016, quando estará aberto para assinatura na sede da ONU em Nova York. Ele precisa ser submetido, dentro de cada país "a ratificação, aceitação ou aprovação pelos Estados".

Isso significa que, em países como os Estados Unidos, onde o Congresso de maioria republicana resiste em aprovar medidas de corte de emissão, as decisões podem ser implementadas por decretos presidenciais, sem a aprovação de leis no sentido estrito, envolvendo decisões do poder legislativo.

Se o texto for aprovado, isso desfaz um nó que durou décadas na negociação do acordo do clima, com a União Europeia o Brasil e outros grandes emissores exigindo um acordo "legalmente vinculante".

Alguns dispositivos foram colocados fora do documento do acordo, e entraram no texto de "decisão" da COP 21. Esses elementos não precisam de aprovação doméstica nos países, porque são emendas à "Convenção do Clima", já assinada pelas 195 nações em 1992.

Os principais objetivos com relação a financiamento, por exemplo, estão expressos neste instrumento. A forma jurídica híbrida foi a maneira que os articuladores do acordo propuseram para tentar implementar um documento forte.
Rafael Garcia
Do G1, em Paris - o repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

+ Mais COP 21

‘Chegamos a um acordo ambicioso e equilibrado’, diz presidente da COP 21

Meta será limitar o aquecimento abaixo de 2°C e 'buscando 1,5°C'.
Países ricos deverão financiar a proposta com US$ 100 bilhões por ano.

O presidente da COP 21, Laurent Fabius, afirmou neste sábado (12) ao abrir a sessão plenária da cúpula do clima de Paris, que conseguiu chegar à redação de um acordo do clima "ambicioso e equilibrado".

Fabius, que é ministro das relações exteriores da França, discursou na plenária mas ainda não divulgou oficialmente a versão oficial do texto, que deve sair só 13h30 (horário de Paris). Em seguida, a proposta seguirá para aprovação dos representantes de 195 países presentes no encontro.

O objetivo da COP 21 é formular um acordo global para corte das emissões de gases do efeito estufa e implementação de políticas de adaptação ao aquecimento global.

“Esse texto é o melhor equilibrio possível, um equilibrio poderoso e delicado", afirmou Fabius. "Se adotado, esse texto vai marcar um ponto de virada histórico."

O conteúdo exato do texto ainda não é conhecido, mas o chanceler francês mencionou alguns de seus pontos, como o objetivo de manter a temperatura do planeta com um acréscimo "muito abaixo de 2°C" e "buscando 1,5°C".

Também está incluído o compromisso de países ricos de garantirem um financiamento de ao menos US$ 100 bilhões por ano para combater a mudança climática em nações desenvolvidas a partir de 2020.

Outros tópicos foram mencionados, como a inclusão de um dispositivo para compensação por perdas e danos em nações afetadas pela mudança climática que já está em curso.

A ambição do acordo também deverá ser revisada a cada 5 anos, já que as promessas atuais de corte de emissão não são suficientes para segurar a elevação de temperatura a menos de 2°C.

Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, pediu aos representantes de 195 países presentes que aprovem o documento.

"As soluções para a mudança do clima estão na mesa, estão à nossa disposição agora", afirmou. "Vamos terminar o serviço. Bilhões de pessoas dependem de vossa sabedoria."

O presidente da França, François Hollande, fez um discurso emocionado. "Paris foi atacada há quase exatamente um mês”, disse, em referência aos atentados terroristas de 13 de novembro “A França os pede agora para adotar o primeiro acordo universal para o clima."

Ele também pediu à plenária que aprove o acordo. "O acordo nao vai ser perfeito para ninguém se ele for lido só com interesses particulares em mente", disse. "Não seremos julgados por nossas palavras, mas por nossos atos. Não por um dia, mas por um século."
Rafael Garcia
Do G1, em Paris - o repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

 

 
 
 
 

 

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