Pintar
uma das pás eólicas de preto pode reduzir
em 72% mortes de aves, diz pesquisa
Estudo
afirma que essa ‘pintura de contraste’ pode
acelerar o licenciamento de parques eólicos em locais
considerados mais sensíveis
24/08/2020 – Cientistas
do Instituto Norueguês de Pesquisa da Natureza (NINA
– The Norwegian Institute for Nature Research), descobriram
que pintar de preto uma das três pás de uma
turbina eólica, pode reduzir em até 72% mortes
de aves. Segundo a pesquisa, se essa “pintura de contraste”
fosse implementada em novos parques eólicos poderia
reduzir a resistência pública sobre esses empreendimentos
e acelerar processos licenciatórios para instalação
em regiões consideradas sensíveis à
vida selvagem.
A pesquisa realizada pelos
noruegueses verificou dados de mortes de aves coletados
entre 2006 e 2016, em um parque eólico da Statkraft
que produz 152,4 MW, de Smøla, uma ilha na costa
oeste da Noruega, um local com grande quantidade de aves.
Quatro turbinas no parque
de Smøla tinham uma única pá pintada
de preto em agosto de 2013, quando mortes de aves foram
registradas, os dados foram verificados durante sete anos
e meio antes da pintura e três anos e meio depois.
Cães farejadores foram usados para encontrar carcaças
e penas de aves, além do trabalho de funcionários
do parque eólico e transeuntes que contribuíram
com os dados da pesquisa.
Os dados da pesquisa revelaram
que houve “uma redução média
de 71,9% na taxa de mortalidade anual, após a pintura
das turbinas, em relação às turbinas
de controle [ou seja, não pintadas]”. Segundo
os autores do estudo, publicado na Revista Ecology and Evolution,
dados apontam que o número de mortes variou “consideravelmente”
de ano para ano, o que indica a necessidade de estudos em
longo prazo para que os resultados sejam consolidados.
Os pesquisadores explicam
que as aves são suscetíveis a voar em direção
as turbinas e dizem que uma única pá ou lâmina
pintada na cor preta, em cada turbina, pode ajudar a reduzir
os acidentes e evitar a morte das aves.
“Em relação
aos humanos, as aves têm um binocular estreito [por
exemplo, usando ambos os olhos para focar em um objeto]
campo de visão frontal e provavelmente usam seu monocular
[usando cada olho independentemente] e campos de visão
laterais de alta resolução [ou seja, tendo
olhos em lados opostos de suas cabeças] para detectar
predadores, coespecíficos [isto é, aves da
mesma espécie] e presas”, escrevem os autores.
“Dentro de um suposto
espaço aéreo aberto, as aves podem, portanto,
nem sempre perceber obstruções à frente,
aumentando assim o risco de colisão. Para reduzir
a suscetibilidade à colisão, o fornecimento
de dicas visuais 'passivas' pode aumentar a visibilidade
das pás do rotor, permitindo que as aves tomem medidas
evasivas no tempo devido”, conclui.
Segundo os pesquisadores,
as aves veem as pás brancas giratórias como
uma “mancha de movimento” – o efeito de
desfoque que os humanos veem quando acenam com a mão
rapidamente na frente dos olhos e não percebem esse
desfoque como um objeto em movimento.
Deste modo, acredita-se
que pintar uma pá de preto é criar padrões
de movimento que as aves percebem como um movimento de fato,
diz no estudo “já que a visão frontal
das aves pode ser mais sintonizada com a direção
do movimento”.
Outro estudo preliminar
realizado em laboratório com falcões americanos,
na Universidade de Maryland, em 2003, avaliou o impacto
de sete combinações diferentes de pás
sendo listradas, cambaleantes e totalmente pretas, além
de pás coloridas para observar quais eram mais vistas
pelas aves. Segundo o estudo, o padrão todo preto
demonstrou ser o mais visível pelas aves.
“Recomendamos replicar
este estudo, de preferência com turbinas mais tratadas,
ou implementar a medida em novos locais e monitorar fatalidades
por colisão para verificar se resultados semelhantes
são obtidos em outros lugares, para determinar até
que ponto o efeito é generalizável”,
diz a conclusão do estudo dirigido pelos pesquisadores
noruegueses.
“É de extrema
importância obter mais percepções sobre
a eficácia esperada de medidas de mitigação
promissoras, por meio de experimentos direcionados, e aprender
fazendo, para mitigar com sucesso os impactos na avifauna
e apoiar um desenvolvimento sustentável da energia
eólica em todo o mundo.”, diz o estudo.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Recharge News e agências
internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay/Pixabay