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Coalizão Brasil responsabiliza governo federal por comércio ilegal de madeiras
Mensagem alerta para falta de fiscalização e afirma que 90% do desmatamento no Brasil é ilegal

23/11/2020 – Em nova carta, Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, formada por mais de 250 empresas do setor financeiro e do agronegócio, instituições de pesquisa e organizações não governamentais, responsabilizam o governo federal pelo comércio ilegal de madeiras nativa. O comunicado que afirma que 90% do desmatamento no país é ilegal foi enviado ao presidente Jair Bolsonaro e ao vice-presidente Hamilton Mourão, que também preside o Conselho da Amazônia, formado por representantes apenas do governo.

“Estudos recentes mostram que mais de 90% do desmatamento no país é realizado ilegalmente e a exploração florestal possui índices parecidos. Além do impacto ambiental e do prejuízo fiscal, a ilegalidade impune gera concorrência desleal para aqueles que operam dentro da lei”, diz a carta.

O grupo afirma que o próprio governo federal é o principal responsável pelo comércio ilegal de madeira no Brasil. A falta de fiscalização eficiente torna a extração e liberação de madeira mais frágil e suscetível a fraudes.

Pixabay/Reprodução

 



“O maior obstáculo a esse modelo é, justamente, a insegurança jurídica causada pela falta de fiscalização e comando e controle pelo Estado”, declara o documento. "O Brasil dispõe de conhecimento, informações e experiência suficientes para eliminar imediatamente a ilegalidade de sua produção e ir além. Mas isso só será possível quando todos os setores, públicos e privados, integrarem esforços, cooperarem e assumirem sua responsabilidade neste desafio", afirma o grupo.

Em resposta a carta da Coalizão Brasil, o vice-presidente Hamilton Mourão admite que o governo tem responsabilidade sobre a fiscalização. "Lógico que tem, né? Governo sempre tem, tudo que acontece ou deixa de acontecer é culpa do governo".

"Recebi [a carta]. Recebi eles pessoalmente na semana passada. Eles entregaram, já tinham conversado esse assunto comigo e, agora, entregaram oficialmente. Tem meia dúzia pontos que eles colocam ali que estão dentro da nossa área que estamos trabalhando, principalmente ligado à regularização fundiária, à questão de CAR em áreas ilegais. Estamos trabalhando nisso aí", disse o vice-presidente.

O vice-presidente afirma que o governo deve manter o trabalho de “estrangular” esse tipo de comércio, segundo ele, a Polícia Federal vem fazendo com a Operação Verde Brasil 2, realizada em conjunto com as Forças Armadas. "Você tem que estrangular o comércio. A partir do momento que você estrangula o comércio, que dizer que o cara que corta madeira na ponta da linha, se ele não tem, não consegue vender, né”, disse.

“É o que estamos fazendo na Operação Verde Brasil. Olha aí, já foram 175 mil metros cúbicos de madeira apreendidos, isso é madeira que não acaba mais, gente. Estrangular esse comércio, mesma coisa que você combater o narcotráfico. Tem que estrangular o dinheiro", afirma.

Pixabay/Reprodução

 



Na última terça-feira, 17, quando participava da cúpula do Brics, Bolsonaro disse que havia países que criticam o Brasil pelo desmatamento na Amazônia, mas que compram madeira ilegal do país. No dia seguinte, Bolsonaro afirmou que apresentaria a lista durante live, mas a lista não foi divulgada e afirmou que não acusaria "nenhum país". Mais tarde o vice-presidente afirmou que a lista trata-se de empresas e não de países.

Vale ressaltar que próprio governo federal alterou as regras de extração e apresentação de documentos para legalidade das madeiras extraídas e comercializadas.

Veja a íntegra da carta
19 Novembro 2020

O Brasil só vencerá o comércio ilegal de madeira se todos assumirem sua responsabilidade
Entre as bandeiras da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento composto por mais de 250 representantes do agronegócio, sociedade civil, setor financeiro e academia, está o combate à ilegalidade nas atividades rurais, incluindo o desmatamento e a exploração florestal predatória.

Estudos recentes mostram que mais de 90% do desmatamento no país é realizado ilegalmente e a exploração florestal possui índices parecidos. Além do impacto ambiental e do prejuízo fiscal, a ilegalidade impune gera concorrência desleal para aqueles que operam dentro da lei.

Nesse cenário, o Brasil perde uma enorme oportunidade, não apenas de garantir um ambiente de negócios no qual a lei é de fato aplicada, mas de promover uma economia que gere benefícios muito além do econômico, como, por exemplo, os modelos de concessão florestal, que viabilizam a produção de madeira enquanto preservam a cobertura vegetal e geram empregos verdes. Mas o maior obstáculo a esse modelo é, justamente, a insegurança jurídica causada pela falta de fiscalização e comando e controle pelo Estado. Outros modelos que aliam conservação e produção de madeira tropical são a silvicultura de espécies nativas e os sistemas agroflorestais, que ainda precisam de um olhar especial para ganharem escala.

A preocupação com esse cenário, infelizmente, não é nova. Há décadas a ilegalidade é uma das principais causas da violência no campo e de um ambiente avesso aos negócios e à atração de capitais. No entanto, com o aumento observado nos últimos anos nas taxas de desmatamento, o combate ao crime é hoje ainda mais urgente.

A maior parte da madeira brasileira é consumida no país. Segundo o Imaflora, os estados brasileiros consumiram, em 2018, 91% de toda madeira produzida na Amazônia. Os principais estados produtores são MT, PA e RO, sendo que a maior parte da madeira do MT e RO abastecem as regiões Sul e Sudeste, enquanto o PA atende boa parte da região Nordeste.

Nenhuma parte das cadeias de produção, dentro e fora do país, pode se declarar livre do problema da ilegalidade, seja ela uma empresa, comércio, consumidor e, obviamente, o governo. Se, juntas, essas partes apostarem em uma solução e atuação conjunta, todos ganham. Mas basta um desses elos não cumprir com seu papel que todos perdem.

Por isso, a Coalizão Brasil vê com esperança a manifestação de diversas vozes da sociedade que têm vindo a público externar sua preocupação e compromisso com a sustentabilidade. No entanto, é preciso destacar o papel crucial do poder público, já que empresas e investidores não têm – e nem deveriam ter – poder de polícia para lidar com invasões, roubo de madeira e outras ilicitudes que contaminam a cadeia de produção, atingindo os mercados nacional e internacional e reforçando outras atividades ilegais.

Identificar a origem dos produtos brasileiros e buscar ferramentas de rastreabilidade são desafios diários do setor privado, governo e da sociedade civil que precisam ser acompanhados da completa transparência de dados, tecnologia para melhor aproveitamento e produtividade (plantio, extração, serraria, uso etc.), desenvolvimento de mercado, diversificação dos usos e tipos de madeira, além de mecanismos inovadores para financiamento da cadeia da madeira.

O Brasil dispõe de conhecimento, informações e experiência suficientes para eliminar imediatamente a ilegalidade de sua produção e ir além. Mas isso só será possível quando todos os setores, públicos e privados, integrarem esforços, cooperarem e assumirem sua responsabilidade neste desafio.

Sobre a Coalizão Brasil
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento multissetorial que se formou com o objetivo de propor ações e influenciar políticas públicas que levem ao desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, com a criação de empregos de qualidade, o estímulo à inovação, à competitividade global do Brasil e à geração e distribuição de riqueza a toda a sociedade. Mais de 200 empresas, associações empresariais, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil já aderiram à Coalizão Brasil. A Agência Ambiental Pick-upau é signatária da Coalizão Brasil desde setembro de 2020.
Saiba mais: Coalizão Brasil

Da Redação, com informações da Coalizão Brasil e G1
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
 

 

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