Aumento
da temperatura do mar cria movimento da vida marinha
Estudo
indica que espécies estão fazendo movimentos
até então incomuns de regiões
07/07/2025 – Um estudo
da Universidade de Southampton revela o impacto das mudanças
climáticas nos ambientes marinhos, destacando o fenômeno
da "tropicalização". Espécies
tropicais estão se deslocando do equador para os
polos devido ao aumento das temperaturas do mar, enquanto
espécies temperadas estão recuando devido
ao calor excessivo, enfrentando mais competição
por habitat e a chegada de novos predadores.
A tropicalização,
o movimento em massa da vida marinha em direção
aos polos, está alterando a ecologia dos oceanos
e gerando uma série de impactos nos ecossistemas,
biodiversidade e economia global. O estudo foi publicado
durante a COP28, onde líderes discutem o aquecimento
global. Pesquisadores destacam a necessidade de compreender
melhor os efeitos da tropicalização para prever
seu avanço, responder aos impactos e apoiar a conservação
da biodiversidade mundial.
Nos últimos anos,
as mudanças climáticas têm alterado
fatores físicos, como as correntes oceânicas,
que afetam a dispersão das espécies. As correntes
de água quente estão aquecendo mais rapidamente
do que a média global, facilitando o movimento das
espécies tropicais para os polos e a retração
das espécies temperadas. O Mar Mediterrâneo
foi o primeiro local a registrar esse fenômeno, tornando-se
um "hotspot de tropicalização" devido
ao aumento de espécies tropicais. Desde então,
a tropicalização tem sido observada globalmente
em latitudes médias.
Karolina Zarzyczny, pesquisadora
da Universidade de Southampton e principal autora do estudo,
destacou que a tropicalização está
gerando diversas consequências ecológicas e
evolutivas para espécies, comunidades e ecossistemas,
com potencial para alterar a diversidade global. Ela observou
que, embora a pesquisa nos últimos 20 anos tenha
focado principalmente nos impactos ecológicos, ainda
há uma compreensão limitada das consequências
evolutivas. Zarzyczny defende uma abordagem abrangente que
integre monitoramento, pesquisa genética e evolutiva
com as mudanças ecológicas observadas, a fim
de entender melhor os efeitos da tropicalização.
O estudo publicado na revista
Trends in Ecology and Evolution é uma revisão
detalhada da literatura dos últimos 20 anos, destacando
lacunas no entendimento científico sobre a tropicalização.
A Dra. Suzanne Williams, coautora do artigo, aponta que,
embora a distribuição de espécies em
zonas tropicais, subtropicais e temperadas seja bem documentada,
ainda falta compreensão sobre as consequências
evolutivas de longo prazo quando novas espécies convivem.
Ela defende o uso de métodos variados, incluindo
registros históricos e coleções de
museus, para entender melhor a evolução e
as interações das espécies no contexto
da tropicalização.
A interação
entre ecologia e evolução pode resultar em
novos traços ou comportamentos nas espécies.
Um exemplo disso é o estudo liderado pelo Dr. Phil
Fenberg, que observou cracas vulcânicas temperadas
se adaptando para se proteger de predadores tropicais em
expansão na Baixa Califórnia. Da mesma forma,
peixes-donzela tropicais e peixes de recifes temperados
estão alterando seus comportamentos alimentares e
sociais para coexistir. Outras consequências evolutivas
incluem o surgimento de espécies mais resistentes
ao calor e a perda de diversidade genética à
medida que as espécies temperadas recuam, o que pode
prejudicar a adaptação futura dessas espécies.
O fenômeno da tropicalização
não afeta apenas a ecologia, mas também têm
implicações socioeconômicas, algumas
positivas. Durante sua pesquisa, Karolina observou que pântanos
salgados estão sendo substituídos por ecossistemas
de manguezais, que têm uma maior capacidade de captura
de carbono. Isso pode ser vantajoso na redução
dos níveis de CO2 na atmosfera, trazendo um possível
benefício ambiental.
A expansão das comunidades
de corais devido à tropicalização pode
ter um impacto positivo na economia local, especialmente
com o aumento do turismo de mergulho. No entanto, esses
corais tendem a ser das mesmas espécies, oferecendo
menos variedade de habitat em comparação com
recifes tradicionais. Os cientistas envolvidos na revisão
pedem uma ação urgente para estudar regiões
pouco exploradas, como a África e a América
do Sul, a fim de entender melhor os fatores e consequências
complexas da tropicalização e como desacelerar
esse processo.
O Dr. Phil Fenberg, coautor
do artigo, sugere que uma maneira de mitigar os impactos
negativos da tropicalização é criar
redes de áreas marinhas protegidas nas regiões
afetadas. Essas áreas poderiam ajudar a reduzir impactos
como a pressão da pesca e a degradação
do habitat, permitindo que as espécies se aclimatem
à tropicalização. Isso daria mais tempo
até que medidas mais eficazes possam ser tomadas
para desacelerar o aquecimento global.
Os pesquisadores precisam
realizar mais monitoramento dos ecossistemas em processo
de tropicalização para entender melhor seus
drivers e dinâmica. Isso requer dados de várias
fontes, como registros de pesca, ciência cidadã
e pesquisas de biodiversidade. Estudos futuros podem utilizar
tecnologias avançadas, como o monitoramento do DNA
de organismos marinhos (eDNA), para investigar regiões
em tropicalização.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay