Britânicos
querem retirar gás carbônico do mar
Projeto
inovador começou a funcionar na costa sul da Inglaterra
22/08/2025 – O projeto
piloto SeaCURE, financiado pelo governo do Reino Unido,
busca desenvolver tecnologias para combater as mudanças
climáticas, focando na captura de carbono. Embora
reduzir as emissões de gases de efeito estufa seja
a principal prioridade, muitos cientistas acreditam que
também será necessário remover parte
do carbono já liberado. A proposta inovadora do SeaCURE
é testar a extração de carbono diretamente
do oceano, onde sua concentração é
maior do que na atmosfera, o que pode tornar o processo
mais eficiente.
Instalado nos fundos do
Weymouth Sealife Centre, o projeto SeaCURE utiliza uma tubulação
que traz água do mar até a costa para testar
uma abordagem inovadora de combate às mudanças
climáticas. A ideia é remover o carbono da
água de forma econômica, reduzindo indiretamente
o CO2 na atmosfera. Após o processamento, a água
é devolvida ao mar, onde pode absorver mais dióxido
de carbono, ajudando a mitigar o aquecimento global.
A BBC foi a primeira emissora
a visitar o projeto SeaCURE, guiada pelo professor Tom Bell,
do Laboratório Marinho de Plymouth. Ele explicou
que o processo começa ao tornar a água do
mar mais ácida, o que libera o carbono dissolvido
na forma de gás CO2. Esse gás é então
extraído em um grande tanque de aço inoxidável
chamado "stripper", que maximiza o contato entre
a água e o ar, acelerando a liberação
do CO2 — como quando se abre um refrigerante. O CO2
liberado é capturado e concentrado usando cascas
de coco carbonizadas, ficando pronto para armazenamento.
Após a remoção
do carbono, a água do mar é neutralizada com
álcali e devolvida ao oceano, onde começa
a reabsorver CO2 da atmosfera, ajudando a reduzir os gases
de efeito estufa. Embora existam tecnologias mais avançadas
que capturam CO2 diretamente do ar, o líder do projeto
SeaCURE, Paul Halloran, destaca que a água do mar
contém cerca de 150 vezes mais carbono que o ar,
oferecendo um potencial significativo. No entanto, o processo
exige muita energia. Atualmente, o projeto piloto remove
até 100 toneladas de CO2 por ano — equivalente
à emissão de cerca de 100 voos transatlânticos
—, mas seus idealizadores veem um grande potencial
de escala devido à vastidão dos oceanos.
Em apresentação
ao governo do Reino Unido, o projeto SeaCURE afirmou que
sua tecnologia poderia ser ampliada para remover até
14 bilhões de toneladas de CO2 por ano, se apenas
1% da água superficial dos oceanos fosse processada.
Para que isso seja viável, o sistema precisaria funcionar
com energia renovável, como painéis solares
em instalações flutuantes. Segundo Oliver
Geden, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas, a remoção de carbono é
essencial para alcançar emissões líquidas
zero e conter o aquecimento global. A captura de CO2 do
mar é uma das várias opções
disponíveis, e a escolha entre elas dependerá
principalmente dos custos envolvidos.
O projeto SeaCURE recebeu
£3 milhões (cerca de R$ 23 milhões)
do governo do Reino Unido e faz parte de um grupo de 15
projetos piloto que buscam desenvolver tecnologias de captura
e armazenamento de gases de efeito estufa. Segundo o ministro
de Energia, Kerry McCarthy, remover esses gases da atmosfera
é fundamental para alcançar emissões
líquidas zero. Ele destacou que iniciativas inovadoras
como o SeaCURE, da Universidade de Exeter, são essenciais
para impulsionar tecnologias verdes, gerar empregos qualificados
e promover o crescimento econômico sustentável.
Há preocupações
sobre o impacto da grande quantidade de água com
baixo teor de carbono no mar e nas criaturas marinhas. Em
Weymouth, a quantidade liberada é pequena, o que
torna improvável que cause danos. Guy Hooper, estudante
de doutorado da Universidade de Exeter, está investigando
os efeitos desse processo. Ele explica que organismos marinhos,
como fitoplâncton e mexilhões, dependem do
carbono para funções vitais, como fotossíntese
e formação de conchas. Hooper alerta que um
aumento significativo de água com baixo teor de carbono
pode afetar o ambiente, mas soluções como
diluição da água podem mitigar esses
impactos, o que deve ser considerado nas discussões
sobre o projeto.
Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
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Fotos: Reprodução/Pixabay