Dados
sobre aves melhoram estimativas de espécies de abelhas
nativas
Descoberta
pode ajudar a orientar os esforços de conservação
das abelhas selvagens
15/09/2025 – Um estudo
publicado na PLOS One mostra que combinar dados de observação
de aves com informações sobre cobertura do
solo melhora a precisão na previsão da riqueza
de espécies de abelhas selvagens. Essa abordagem
supera o uso isolado de apenas um tipo de dado e pode fortalecer
estratégias de conservação. As abelhas
selvagens, diferentes das melíferas domesticadas,
têm papel essencial na polinização e
na saúde dos ecossistemas, mas enfrentam quedas populacionais
preocupantes.
Cientistas do Laboratório
de Ornitologia Cornell e do Centro de Sustentabilidade Cornell
Atkinson realizaram um estudo para melhorar o conhecimento
sobre a riqueza de abelhas selvagens nos Estados Unidos,
diante da escassez de dados sobre sua distribuição.
Segundo a pesquisadora Josée Rousseau, autora principal,
essa falta de informações prejudica o planejamento
de ações eficazes de conservação.
Para suprir a falta de dados
sobre populações de abelhas, pesquisadores
utilizaram registros do programa eBird, uma base colaborativa
de observações de aves. Segundo Amanda Rodewald,
do Laboratório de Ornitologia Cornell, as aves são
indicadores ecológicos eficazes, muitas vezes oferecendo
insights sobre a qualidade ambiental mais precisos que imagens
de satélite — e podem, assim, ajudar a prever
a presença de abelhas selvagens.
Os pesquisadores combinaram
os dados do eBird, informações públicas
sobre cobertura do solo e registros de campo de abelhas
do GBIF e da Symbiota para prever a riqueza de espécies
de abelhas selvagens no leste e centro dos EUA. A análise
envolveu mais de 476 mil registros de abelhas (792 espécies),
79 espécies de aves e dados do Departamento de Agricultura
dos EUA. A abordagem mostrou que integrar dados de aves
com variáveis ambientais é mais eficaz na
previsão da diversidade de abelhas do que utilizar
fontes isoladas.
Segundo Josée Rousseau,
os modelos anteriores de previsão de populações
de abelhas baseavam-se apenas em dados de cobertura do solo,
mas a inclusão de dados sobre aves permite uma compreensão
mais precisa das paisagens que favorecem maior riqueza de
abelhas, ajudando na conservação. Amanda Rodewald
acrescenta que aves e abelhas reagem de forma semelhante
às mudanças no habitat, e as aves podem revelar
detalhes ambientais — como plantas floridas ou manejo
do solo — que imagens de satélite não
captam.
O estudo identificou que
certas aves, como os pássaros-gatos-cinzentos e os
corrupiões-de-pomar, podem indicar habitats favoráveis
às abelhas, como áreas com arbustos floridos,
florestas abertas e pomares. Também revelou que a
riqueza de espécies de abelhas é maior ao
longo da Costa Leste e dos Montes Apalaches, e menor nas
regiões agrícolas do Centro-Oeste, onde predominam
monoculturas como milho e alfafa.
De acordo com Rousseau,
os resultados indicam que a conservação de
abelhas deve ser adaptada a cada região: em locais
com alta riqueza de espécies, como os Apalaches,
é essencial proteger habitats já favoráveis,
enquanto em áreas agrícolas intensivas, o
foco deve ser na restauração de habitats.
Organizações
de conservação, comunidades e empresas com
compromissos sustentáveis procuraram os pesquisadores
em busca de dados mais precisos para orientar ações
de preservação dos polinizadores. A ferramenta
desenvolvida pelo estudo ajuda a responder duas questões
essenciais: onde concentrar os esforços para aumentar
a abundância de abelhas e se as intervenções
estão realmente melhorando o habitat para esses polinizadores.
Saiba mais: Josée
S. Rousseau et al., Onde estão as abelhas selvagens:
pássaros melhoram indicadores de riqueza de abelhas,
PLOS ONE (2025). DOI: 10.1371/journal.pone.0321496
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay