Declínio
de aves norte-americanas surpreende pela rapidez nos habitats
mais adequados
Regiões
mais prósperas para as aves registram desaparecimento
acelerado
02/12/2025 – Um estudo
publicado na Science revelou que as populações
de aves na América do Norte estão diminuindo
mais drasticamente em áreas onde se esperava que
estivessem prosperando. Pesquisadores do Laboratório
de Ornitologia de Cornell analisaram 36 milhões de
observações do programa eBird, combinadas
com dados ambientais de satélite, para 495 espécies
entre 2007 e 2021. O objetivo era identificar tendências
populacionais confiáveis, mas os resultados mostraram
padrões de declínio preocupantes.
O estudo mostrou que 83%
das espécies de aves analisadas estão sofrendo
declínios mais acentuados justamente nas áreas
onde são mais abundantes, contrariando expectativas
de que prosperariam nesses locais. A autora principal, Alison
Johnston, destacou que habitats anteriormente ideais estão
se tornando inadequados, indicando mudanças ambientais
profundas e preocupantes na natureza.
Johnston iniciou o estudo
como pesquisadora associada no Laboratório de Ornitologia
de Cornell e atualmente é professora na Universidade
de St. Andrews, no Reino Unido. A pesquisa se soma a uma
série de alertas sobre o declínio das aves
na América do Norte. O relatório "Estado
das Aves" de 2025 revelou quedas populacionais em quase
todos os biomas dos EUA, e um estudo de 2019 já havia
apontado a perda de quase 3 bilhões de aves no Canadá
e nos EUA desde 1970.
Segundo Johnston, o estudo
de 2019 já alertava para uma emergência, e
agora, com os novos dados, há informações
suficientes para elaborar um plano de resposta. A pesquisa
publicada na Science oferece um mapeamento detalhado das
tendências populacionais de aves em áreas de
27 km por 27 km — a escala mais fina já usada
em uma análise desse tipo em um território
tão amplo.
Amanda Rodewald, diretora
do Centro de Estudos de Populações Aviárias
de Cornell, destacou que esta é a primeira vez que
se obtêm dados em grande escala sobre mudanças
populacionais de aves em áreas tão amplas
e detalhadas. Antes, as tendências eram avaliadas
apenas em grandes regiões, mas com o avanço
do aprendizado de máquina e a contribuição
massiva de dados por cientistas cidadãos, agora é
possível identificar declínios específicos
em áreas pequenas, como cidades. Isso revela que
algumas espécies podem parecer estáveis em
geral, mas estão em declínio acentuado em
locais específicos.
Johnston afirmou que, para
quase todas as espécies, foram encontradas áreas
tanto de aumento quanto de diminuição populacional.
Ela destacou que essa variação espacial nas
tendências populacionais não era visível
em análises mais amplas. As áreas de aumento
populacional são vistas como positivas, pois podem
indicar sucesso em esforços de conservação
ou identificar locais com potencial para recuperação
das populações de aves.
Esse declínio da
população nas áreas onde são
mais abundantes, com destaque para as aves das pradarias
e da tundra ártica, que apresentam tendências
particularmente preocupantes. No entanto, os pesquisadores
também observaram que, para quase todas as espécies,
existem áreas onde as populações estão
aumentando, o que representa um sinal positivo e pode orientar
as ações de conservação. O mapeamento
detalhado das mudanças populacionais ajudará
a identificar as causas dos declínios e permitir
respostas mais estratégicas e precisas.
A pesquisa também
evidenciou o poder da ciência participativa, com a
colaboração de voluntários do programa
eBird, que possibilitou a coleta de dados em larga escala.
Daniel Fink, pesquisador sênior do laboratório,
afirmou que, sem os dados do eBird, o estudo não
seria possível. A equipe utilizou modelos de aprendizado
de máquina e novas metodologias estatísticas
para analisar as mudanças nas populações
de aves, levando em consideração possíveis
vieses nos dados. Para garantir a precisão dos resultados,
foram realizadas mais de meio milhão de simulações,
exigindo um vasto poder computacional. As descobertas fornecem
informações cruciais para as organizações
de conservação e formuladores de políticas
direcionarem melhor seus esforços na proteção
das aves em declínio.
Saiba mais: Alison Johnston
et al., O declínio das aves na América do
Norte é maior onde as espécies são
mais abundantes, Science (2025). DOI: 10.1126/science.adn4381
. www.science.org/doi/10.1126/science.adn4381
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay