Pesquisa:
Por que algumas aves se divorciam e outras vivem juntas
por toda a vida
As
complexas relações nas comunidades de avifauna
23/12/2025 – A dinâmica
de relacionamento entre aves pode ser tão complexa
quanto à dos humanos. Embora algumas espécies
formem pares monogâmicos para a vida, uma nova pesquisa
revelou que outras trocam de parceiro após uma única
temporada de reprodução. Compreender os motivos
por trás dessas escolhas pode oferecer insights sobre
como a evolução influencia esse comportamento.
O estudo foi publicado na Ecology Letters.
Para muitas espécies
de aves, permanecer com o mesmo parceiro pode resultar em
melhores taxas de reprodução, devido à
familiaridade e à cooperação na criação
dos filhotes. No entanto, trocar de parceiro também
pode ser vantajoso, permitindo encontrar um parceiro de
melhor qualidade ou um melhor local de nidificação,
o que aumenta as chances de sucesso reprodutivo. O divórcio
entre aves é comum, ocorrendo em mais de 90% das
espécies monogâmicas socialmente, e pode, em
alguns casos, levar a melhores resultados reprodutivos e
maior expectativa de vida. Pesquisadores buscam entender
as razões e os impactos dessas separações
na vida das aves.
O estudo de 24 anos sobre
as toutinegras-das-Seychelles (Acrocephalus sechellensis),
uma ave canora monogâmica, ajudou a entender o fenômeno
das separações de parceiros. Essas aves, que
podem viver até 19 anos, mas têm uma vida média
de 5,5 anos, são interessantes por não migrarem
e por serem facilmente rastreadas, permitindo a coleta de
dados detalhados sobre suas parcerias e sucesso reprodutivo.
O estudo sobre as toutinegras-das-Seychelles
revelou que o divórcio é influenciado por
fatores como a produção reprodutiva anterior,
a duração do relacionamento e a idade do macho.
Pares que produziram menos ovos eram mais propensos a se
divorciar na estação seguinte. Machos jovens
e mais velhos tinham maior taxa de divórcio do que
os de meia-idade, com a menor taxa ocorrendo em machos de
6 a 7 anos. Além disso, fêmeas que perdem sua
posição reprodutiva após uma separação
apresentam menores taxas de sobrevivência, indicando
que o divórcio pode ter custos.
O divórcio em toutinegras-das-Seychelles
é menos comum do que em outras espécies, ocorrendo
em apenas 14% das parcerias, enquanto 69% terminam por viuvez.
Isso provavelmente se deve à intensa competição
por pontos de reprodução. A pesquisa destaca
as complexidades dos relacionamentos aviários, sugerindo
que, embora o divórcio possa trazer oportunidades
melhores, ele também envolve riscos.
O estudo não encontrou
benefícios de curto prazo para a aptidão física
decorrentes do divórcio, e as consequências
a longo prazo parecem ser principalmente negativas para
as fêmeas que perdem sua posição reprodutiva.
Isso sugere que o divórcio pode ter custos significativos
para as aves.
A pesquisa revela que a
vida amorosa das aves é mais complexa do que se imaginava.
Os cientistas buscam entender melhor as estratégias
adaptativas das aves para sobreviver e prosperar em seus
habitats naturais, e futuras pesquisas investigarão
se o divórcio é uma estratégia de sobrevivência
ou apenas uma consequência de circunstâncias
desafiadoras.
Mais informações:
Frigg JD Speelman et al, Causas e consequências do
divórcio em uma ave socialmente monogâmica
de vida longa, Ecology Letters (2024). DOI: 10.1111/ele.14471
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay