26/11/2010 
                              - Priscilla Mazenotti - Repórter da Agência 
                              Brasil - Brasília – Na 16° Conferência 
                              das Partes da Convenção-Quadro das 
                              Nações Unidas sobre Mudança 
                              do Clima (COP-16), que começa na próxima 
                              segunda-feira (29), o Brasil deverá adotar 
                              um papel de cobrança de metas em relação 
                              a outros países. Segundo a ministra do Meio 
                              Ambiente, Izabella Teixeira, o Brasil tem feito 
                              o “dever de casa” e, agora, pode assumir 
                              o papel de negociador na conferência.
                            A 
                              meta é garantir a aprovação 
                              de um pacote de medidas que envolvem a mitigação 
                              das emissões de gases de efeito estufa, o 
                              financiamento de políticas para essas reduções 
                              e a transferência de tecnologias. O governo 
                              brasileiro sabe que as negociações 
                              em alguns pontos específicos encontrarão 
                              impasses, como o que trata da segunda fase do Protocolo 
                              de Quioto, assinado em 1997, no Japão.
                            A 
                              primeira fase previa a redução de 
                              5,2% nas emissões, com base nas emissões 
                              de 1990. A segunda fase prevê a redução 
                              de 20% a 40% por parte dos países desenvolvidos. 
                              Mas os debates não incluem os Estados Unidos, 
                              que se recusaram a assinar o protocolo. Para eles, 
                              as negociações são no sentido 
                              de reduzir as emissões entre 14% e 17%. Segundo 
                              a ministra, a diferença de redução 
                              na emissão para os Estados Unidos e os demais 
                              países desenvolvidos poderá criar 
                              impasses entre esses próprios países 
                              nas negociações.
                            Outro 
                              ponto que será de difícil negociação, 
                              segundo Izabella Teixeira, é o que trata 
                              do financiamento de políticas para a redução 
                              das emissões de gás carbônico. 
                              O Brasil é favorável à proposta 
                              de permitir que o financiamento das políticas 
                              com esse objetivo seja público. Já 
                              os Estados Unidos, por exemplo, entendem que a estratégia 
                              de financiamento não deve ficar sob a responsabilidade 
                              da convenção, mas que vá para 
                              uma estrutura parecida com a do Banco Mundial. “Existe 
                              toda uma complexidade quando se trata de dinheiro 
                              privado. Mas vamos discutir, negociar. Prefiro entender 
                              o dinheiro privado como uma adicionalidade”, 
                              disse a ministra.
                            Durante 
                              a COP-15, realizada em dezembro do ano passado, 
                              na capital da Dinamarca, Copenhague, os países 
                              ricos se comprometeram a repassar US$ 30 bilhões 
                              até 2012 e criar um financiamento de longo 
                              prazo para chegar a investimentos de US$ 100 bilhões 
                              anuais em 2020.
                            Para 
                              a ministra, a regulamentação do mecanismo 
                              de Redução de Emissões por 
                              Desmatamento e Degradação (Redd) poderá 
                              não ser aprovada na COP-16. “Não 
                              temo o atraso [na aprovação do Redd]. 
                              Prefiro estabelecer condições sólidas”, 
                              disse. “Mas não dá para ficar 
                              esperando dez anos”, completou.