Plantas
têm mecanismo de pólen para atrair beija-flores
Pesquisa
revela como competição pode aumentar chances
de reprodução
14/05/2025 – Quando
os beija-flores se alimentam do néctar da flor de
Hypenia macrantha, uma planta que cresce nas margens dos
rios do Cerrado, eles são surpreendidos por uma explosão
de grãos de pólen, a partícula reprodutiva
masculina, que se aderem ao seu bico. Esses grãos
podem ser levados a uma flor da mesma espécie em
fase feminina, onde terão a chance de fecundar os
óvulos. No entanto, se a ave visitar uma flor em
fase masculina, uma nova explosão de pólen
pode remover parte dos grãos anteriores, aumentando
as chances de fertilização da última
planta visitada, conforme descreve um estudo publicado na
revista The American Naturalist.
Os pesquisadores usaram
um crânio de beija-flor para depositar pólen
colorido no bico e, com o auxílio de um microscópio,
contaram quantos grãos ficaram aderidos. Em seguida,
introduziram o bico em uma flor e observaram quantos grãos
coloridos permaneciam após a "explosão"
de pólen. Em média, 40% do pólen foi
removido, e em alguns casos, até 75% foi retirado.
A erupção
de pólen da H. macrantha foi registrada a uma velocidade
de 2,62 m/s (9,5 km/h), equivalente a uma corrida moderada.
Embora seja uma das mais rápidas entre as plantas,
sua velocidade é muito inferior à da amora-branca
(Morus alba), que atinge 170 m/s (612 km/h), quase o dobro
da velocidade de um carro de Fórmula 1. De acordo
com os pesquisadores, a explosão de pólen
é um mecanismo comum nas plantas, mas seus efeitos
na competição masculina ainda são pouco
estudados.
Os pesquisadores investigavam
a competição reprodutiva em plantas que, assim
como as orquídeas, armazenam seu pólen em
pequenas bolsas que se fixam nas patas dos insetos. Segundo
elee, devido ao espaço limitado no polinizador, esses
pacotes podem se sobrepor aos grãos reprodutivos
de outra flor, tornando-os inutilizáveis. Ao tocar
pela primeira vez a flor de H. macrantha, durante uma visita
ao Parque Estadual do Rio Preto, em Minas Gerais, um dos
pesquisadores logo suspeitou que a explosão de pólen
poderia ser um exemplo de competição masculina.
Cerca de 94% das plantas
possuem flores hermafroditas, muitas com fases masculina
e feminina. Em H. macrantha, quando a ave ativa a catapulta
da flor, ela passa da fase masculina para a feminina em
dois dias, podendo então receber pólen de
outras flores. Como cada planta pode ter até 10 flores,
algumas ainda na fase masculina, a ave pode visitar várias
flores, intensificando a competição. No reino
animal, também existem diversas formas de competição
de esperma, como nas libélulas, cujos pênis
possuem ganchos para remover esperma de rivais antes de
inserir o seu próprio.
Outra estratégia
é o plug copulatório, utilizado por machos
de diversos grupos, como abelhas, répteis e primatas.
Após a cópula, a secreção do
macho coagula e sela o trato reprodutivo da fêmea.
Embora a fêmea possa remover essa "tampa",
o esperma do macho tem mais tempo para fecundar o óvulo.
Mais informações:
Artigo científico: ANDERSON, B. Pollen wars: Explosive
pollination removes pollen deposited from previously visited
flowers. The American Naturalist. v. 204, n. 6. 10 out.
2024.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações FAPESP
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay