Pesca
pode alterar rota tradicional de desova de arenques em 800
km
Pesquisa
publicada na Nature revela que pesca de peixes mais velhos
interrompe elo cultural da espécie
23/08/2025 – A pesca
seletiva por idade está causando mudanças
significativas nos ecossistemas marinhos, afetando especialmente
o comportamento migratório dos peixes. Um estudo
do Instituto de Pesquisa Marinha da Noruega mostrou que
o arenque norueguês de desova primaveril (NSS) alterou
sua rota migratória em cerca de 800 km para o norte.
Isso ocorreu devido à perda da "memória
coletiva" dos cardumes, causada pela remoção
dos peixes mais velhos — responsáveis por transmitir
o conhecimento das rotas aos mais jovens por meio da aprendizagem
social. Essa prática compromete a cultura migratória
dos cardumes e fragmenta as rotas tradicionais.
O estudo "Herring spawned
poleward following fishery induced collective memory loss",
(Arenque desova em direção aos pólos
após perda de memória coletiva induzida pela
pesca ) publicado na revista Nature, investigou como a interrupção
do aprendizado social causada pela pesca seletiva afetou
a geografia de desova do arenque norueguês de desova
primaveril. Utilizando dados de pesca de 1995 a 2024, pesquisas
acústicas anuais de 2018 a 2024 e experimentos de
marcação entre 2016 e 2023, os pesquisadores
identificaram uma mudança significativa na migração
da espécie. Tradicionalmente, os arenques desovavam
ao sul, em Møre, após migrarem do norte da
Noruega. No entanto, devido à perda da memória
coletiva nos cardumes, o centro de desova deslocou-se cerca
de 800 km para o norte, chegando à região
de Lofoten.
Os dados de arrasto acústico
revelaram uma forte diminuição na sobreposição
entre peixes jovens e mais velhos durante a desova, reduzindo
as chances de transmissão cultural das rotas migratórias.
Recapturas de arenques marcados confirmaram que cardumes
mais recentes passaram a seguir a nova rota para o norte,
consolidando a mudança no local de desova. Os pesquisadores
alertam que, com a formação de um novo padrão
migratório reforçado pela memória coletiva
atual, restaurar as rotas históricas pode ser inviável.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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