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O uso racional da água

O que é a água?
A água é um composto formado por dois átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O), resultando daí a sua representação química: H2O. Pode ser encontrada na natureza em três estados físicos: líquido, que é o caso das chuvas, rios, lagos e oceanos; gasoso, como nas nuvens e vapores; e sólido, quando congelado nas geleiras e blocos de gelo.

A água é, ao lado do ar, um elemento essencial para a existência de vida no planeta, desempenhando um papel fundamental nas funções biológicas de animais e plantas. A sobrevivência do homem, como a de todos os seres vivos, depende da água que corresponde a cerca de 75% do seu peso corporal.

E não é somente porque mata a sua sede, mas porque a água está presente em todas as atividades humanas, desde a higienização pessoal, até a produção de alimentos, construção de suas casas, fabricação dos mais diversos produtos e como meio de recreação, transporte e afastamento de dejetos.

Toda a história da humanidade está vinculada à água. As grandes civilizações se formaram junto a grandes rios, como o Tigre e o Eufrates, na Mesopotâmia, o Nilo, no antigo Egito, o Indo, onde hoje se localiza a Índia e o Paquistão, e o Huang He, ou o Rio Amarelo, na China. Esses cursos d’água, ao se extravazarem nas cheias, fertilizavam as várzeas e garantiam safras generosas de alimentos, ofereciam pesca abundante e constituíam o caminho natural e estratégico em seus deslocamentos.

As grandes cidades do mundo têm suas histórias ligadas a um rio. É o caso de Roma, erguida às margens do Tibre; Paris, cuja paisagem tem sempre o Sena ao fundo; e Londres, que tem o Tâmisa, em cujas margens foram construídos o Palácio de Westminster e a Torre de Londres, que são duas das principais referências da cidade.

São Paulo, a quarta maior metrópole do mundo, e o Rio Tietê, igualmente, não permitem que se conte a história de uma sem falar do outro. O Tietê, um rio exclusivamente paulista, foi o caminho por onde se deslocaram os primeiros bandeirantes que demandavam o interior do país. O rio foi o grande manancial de abastecimento até a metade do século XX, espaço de lazer e recreação e, triste papel de todos os rios, o meio para o afastamento do esgoto da cidade.

Por causa da sua aparente abundância, em suas diversas formas, a humanidade nunca deu a devida importância à água, utilizando-a de forma indiscriminada no abastecimento humano, produção industrial e agropecuária e como meio de dissolução de dejetos.

Por isso, a escassez de água em algumas regiões do mundo já é realidade. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO, a escassez de água já afeta 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo, enquanto outras 500 milhões já começam a sentir essa ameaça.

Providências urgentes precisam ser tomadas para reverter a situação, mesmo no Brasil, onde, apesar da abundância, a água é distribuída de forma irregular pelo país. O Estado de São Paulo já se ressente dessa carência, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, que abriga o maior parque industrial da América Latina.

O acesso à água potável é condição básica da democracia, pois trata-se de um bem fundamental à vida. É por esse motivo que a Organização das Nações Unidas, durante a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como a Rio 92, elegeu a data de 22 de março para celebrar o Dia Mundial da Água.

A preocupação da ONU é de conscientizar todos os povos do mundo a preservar os mananciais e utilizar a água de forma racional, sem desperdícios, para tornar mais justa a sua distribuição. Em outras palavras, a água na medida certa.

A água no mundo

A água cobre cerca de 75% do planeta, o que fez o russo Yuri Gagarin, primeiro cosmonauta a realizar um vôo orbital em torno do planeta, no dia 12 de abril de 1961, exclamar: “A Terra é azul”. Mas essa aparente abundância deve ser vista com cautela. Segundo estudos de Robert G. Wetzel, da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, em 1983, o volume de água existente no mundo é da ordem de 1,380 bilhão de km3. Mas é preciso considerar que cerca de 97,5% de toda essa água é salgada, restando apenas 2,5% de água doce, ou 35 milhões de km3. Deste total, aproximadamente 77,2% encontra-se retida nas calotas polares e em geleiras, 22,4% no subsolo, 0,35% nos lagos e pântanos, 0,04% na forma de vapores na atmosfera e apenas 0,01% nos rios, ou algo em torno de 126.200 km3, disponível para o consumo humano imediato.

Distribuição de água na biosfera e tempo de renovação

O volume de água no planeta é constante, mas a sua distribuição entre as várias formas de ocorrência pode ter se alterado em decorrência do aquecimento global, sendo provável a redução das extensões de geleiras e aumentado o nível dos oceanos.

Outra questão a ser considerada é a distribuição geográfica dos recursos hídricos, extremamente irregular, gerando distorções culturais e econômicas significativas. Cerca de 26 países dispõem de menos de mil m3 de água por ano por habitante, índice considerado alarmante pela ONU.

Veja a distribuição desses países por continente:
- África .............................. 11 países
- Oriente Médio ................... 9 países
- Europa ............................... 4 países
- Antilhas ............................. 1 país
- Extremo Oriente .................. 1 país

Outra questão que afeta a disponibilidade de água para abastecimento humano é a poluição. Alguns países, localizados na porção final dos cursos d’água, têm fartura de água mas com a qualidade comprometida pelos despejos urbanos e industriais ocorridos ao longo do seu percurso.

Países de grandes dimensões territoriais, especialmente os localizados em regiões tropicais, com intensas precipitações atmosféricas, são os que apresentam maior disponibilidade de água. São o caso do Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Índia e outros, cujos territórios são entrecortados por extensas bacias hidrográficas. Em contraposição, temos países como o Egito, Líbia e Argélia, na África, e Arábia Saudita, Síria e Jordânia, no Oriente Médio, onde a carência de água constitui motivo de tensão, afetando a estabilidade política e social na região.

Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, o acesso à água potável e ao saneamento básico deve ser considerado um direito básico do homem. Mas a realidade não nos permite sermos otimistas. Dados da própria entidade apontam que, em 2015, cerca de três bilhões de pessoas, ou 40% da população mundial nessa data, deverão enfrentar dificuldades para suprir as suas necessidades, morando em países sem água suficiente para atender à demanda na agricultura e na indústria.

Se o conteúdo de um recipiente de um litro correspondesse a toda água existente no mundo, a parcela de água doce equivaleria a um copinho de café e o volume disponível para consumo imediato do homem não seria mais umas poucas gotinhas.

A água no Brasil

País tropical, com grande extensão territorial, o Brasil foi privilegiado pela natureza na disponibilidade de recursos hídricos superficiais, concentrando cerca de 12% da água doce do planeta. Os rios nacionais apresentam uma vazão média da ordem de 180 mil m3/segundo. Assim, cada brasileiro dispõe de aproximadamente 34 mil m3/ano “per capita” de água, mais dos que os mil m3/ano “per capita” que as Nações Unidas julgam necessários para o homem viver com conforto, satisfazendo todas as suas demandas.

Mas, da mesma forma que no mundo, a distribuição dessa água também se dá de forma extremamente irregular. Enquanto a bacia do Rio Amazonas, a mais extensa do planeta, concentra 72% dos recursos hídricos superficiais do país, a região do semi-árido nordestino enfrenta escassez de água, com períodos de seca cíclicos. Se não considerarmos a bacia do Rio São Francisco, o Nordeste, que corresponde a cerca de 12% do território brasileiro, concentra apenas 2% das águas superficiais do país.

Veja a distribuição dos recursos hídricos superficiais no país:
- Região Norte ....................... 68,5%
- Região Centro-Oeste ........... 15,7%
- Região Sul ............................ 6,5%
- Região Sudeste ...................... 6,0%
- Região Nordeste .................... 3,3%

A situação de maior fartura ocorre na região com baixa ocupação demográfica, enquanto as áreas mais densamente povoadas, e com atividades industriais mais intensas, já experimentam a escassez do produto. Com efeito, um estudo da disponibilidade “per capita” mostra que o habitante da região Norte dispõe de quase doze vezes mais água do que a média nacional, enquanto o da região Centro-Oeste dispõe de um pouco mais do que o dobro. Em contrapartida, o habitante da região Sul precisa se contentar com menos da metade e os das regiões Sudeste e Nordeste com pouco mais de um décimo.

O Estado de São Paulo ficou com apenas 1,6% da água doce do país para tocar a locomotiva da nação, que responde por 35% do PIB e 22% da população nacionais. O cenário se torna um pouco mais alarmante se fecharmos o foco sobre a Região Metropolitana de São Paulo, que concentra 50% do PIB e da população estaduais.

Aqui, a carência de água já é uma realidade. Quase a metade dos 70 m3 por segundo de água consumida é bombeada do Rio Juqueri, levando a ameaça de colapso também para as cidades da bacia do Piracicaba-Capivari-Jundiaí. A situação, em menor grau, se repete no Vale do Paraíba e na Baixada Santista.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, uma pessoa necessita de, no mínimo, 80 litros diários, ou 2.400 litros mensais, de água potável para satisfazer as suas necessidades básicas – alimentação e higiene. A distribuição irregular da água no país cria distorções no perfil de consumo, com algumas regiões se aproximando perigosamente do patamar mínimo.

Veja o perfil de consumo de água em 25 Estados (Mato Grosso e Amazonas não figuram na pesquisa):

Consumo em litros por habitante por dia.
1º - Rio de Janeiro: 231,87
2º - Espírito Santo: 192,83
3º - Distrito Federal: 188,15
4º - Amapá: 174,93
5º - Roraima: 167,17
6º - São Pauloo: 165,67
7º - Minas Gerais: 143,44
8º - Maranhão: 141,88
9º - Santa Catarina: 129,23
10º - Rio Grande do Sul: 128,69
11º - Goiás: 127,03
12º - Paraná: 126,28
13º - Rio Grande do Norte: 115,84
14º - Sergipe: 114,10
15º - Ceará: 113,84
16º - Tocantins: 112,27
17º - Paraíba: 112,08
18º - Bahia: 111,53
19º - Piauí: 107,33
20º - Alagoas: 107,23
21º - Acre: 104,44
22º - Mato Grosso do Sul: 103,03
23º - Pará: 98,28
24º - Rondônia: 96,45
25º - Pernambuco: 85,14
Fonte: SNIS — Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, Ministério das Cidades

Os usos da água e o ciclo hidrológico

O uso mais imediato que o ser humano faz da água é na dessedentação, isto é, a ingestão de água para satisfazer as suas necessidades fisiológicas. Mas nas residências, além de matar a sede, a água é utilizado no preparo de alimentos, higienização, saneamento, limpeza e outras finalidades. Para tais necessidades, a Organização Mundial de Saúde – OMS recomenda o mínimo de 80 litros de água por dia por habitante.

Mas a oferta em volume inferior a 1.000 m3 por ano por habitante é considerado um patamar crítico pela ONU. Isto se justifica, pois além das necessidades do organismo, há o consumo representado pelos setores industrial, agropecuário e de serviços, que têm na água um insumo fundamental. É o caso da mineração, metalurgia, das indústrias de papel e celulose, química, e de alimentos e bebidas e outras, que fazem uso intensitvo da água.

Há casos em que a água é incorporada nos produtos e em outros, quando o seu uso se destina à refrigeração, por exemplo, em que esse recurso não é consumido e retorna à natureza. Mas ao retornarem aos corpos d’água passam a apresentar características diversas das originais, tornando-se inadequada para o consumo.

A natureza, no entanto, dotou o planeta de um grande sistema de purificação dessa água, que lançada nos corpos d’água acaba se diluindo nos oceanos. Trata-se do ciclo hidrológico, no qual a energia solar se encarrega de promover a evaporação das águas, especialmente as do oceano, condensando-as na atmosfera na forma de nuvens e precipitando-as na forma de chuvas.
Ao atingir o solo, essa água alimentam as reservas hídricas representadas pelos rios, lagos, geleiras e lençóis freáticos. A grande preocupação na gestão desses recursos é a demanda pela água superar a capacidade de renovação da natureza.

Período de tempo necessário para a renovação das reservas hídricas do planeta
Local Volume (em mil km3) Tempo de renovação
Oceanos 1.370.000 3.100 anos
Calotas polares e geleiras 29.000 16.000 anos
Água subterrânea 4.000 300 anos
Água doce de lagos 125 1-100 anos
Água salgada de lagos 104 10-1.000 anos
Água misturada no solo 67 280 dias
Rios 1,2 12-20 dias
Vapor d´água na atmosfera 14 9 dias

Fonte: R.G. Wetzel, 1983.

Os recursos hídricos renováveis correspondem a cerca de 40.000 km3 por ano, sendo que quase dois terços desse volume retornam aos oceanos após as chuvas. O restante é absorvido pelo solo, infiltrando-se nas camadas superficiais e depositando-se nos depósitos subterrâneos, que são as principais fontes de água dos cursos de água durante as estiagens, resultando, então, cerca de 14.000 km3 de suprimento de água. Por isso devem ser concentrados grandes esforços na gestão dos recursos hídricos para retardar o retorno das águas aos oceanos, retendo-a o maior tempo possível nos continentes.

Simultaneamente, é necessário implementar políticas para impedir que a ação antrópica interfira no ciclo das águas, alterando especialmente o regime de chuvas. Ações como o desmatamento para expansão das fronteiras agrícolas e para extração de madeira, levam à compactação do solo, prejudicando a penetração da água no solo e favorecendo o escoamento superficial, diminuindo a recarga dos aqüíferos subterrâneos.

A água constitui um bem econômico, especialmente nos dias atuais, justificando a cobrança pelo seu uso, o que já ocorre em diversos países. Essa sistemática está sendo implantada no Brasil. Em São Paulo, já ocorre a cobrança federal e estadual nas bacias hidrográficas do Piracicaba-Capivari-Jundiaí e do Paraíba do Sul, devendo ser estendida às demais bacias.

Em cada bacia, um comitê formado por representantes dos diversos setores da sociedade, incumbe-se da gestão, cobrança e administração dos recursos financeiros arrecadados.

A água potável e abastecimento público

A água potável, captada nos mananciais e processada nas estações de tratamento, tem implicação direta com a saúde e qualidade de vida da população. O abastecimento de água junto com o tratamento de esgoto contribuiu para reduzir a taxa de mortalidade infantil na Região Metropolitana de São Paulo.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, as condições sociais têm íntima relação com o saneamento básico. Dados estatísticos revelam que, na década de 1970, ocorria a morte de 85 crianças a cada mil nascidas vivas na Região Metropolitana de São Paulo. Esse número, em 1994, caiu para 26,10 e, em 2002, para 15,01.

Levantamento da Organização Mundial da Saúde – OMS revelam que cada dólar aplicado em serviços de saneamento resultam numa economia de cindo dólares nos sistemas de saúde do Estado. Em 400 a.C., Hipócrates já enfatizava a relação entre a qualidade da água e a saúde da população.

Para chegar às torneiras das residências, com qualidade e em quantidade suficiente, a água tem que percorrer um longo caminho, em que várias etapas devem ser cumpridas. É o que se denomina sistema público de abastecimento de água. Isto ocorre porque a água destinada ao abastecimento da população, ao uso doméstico, deve atender a rigorosas exigências previstas em lei.

Esse esforço todo é para evitar e controlar doenças e epidemias transmitidas pela água, e garantir a não interrupção desse fornecimento. Isso só é possível porque o abastecimento coletivo e público permite monitorar a quantidade e a qualidade da água desde o manancial (onde ela é retirada) até a distribuição para as residências. O que exige muitos recursos financeiros e humanos.

O sistema de abastecimento de água para fins de consumo humano é constituído de instalações e equipamentos destinados a fornecer água potável a uma comunidade. Sendo que o tratamento é a etapa mais cara e complexa de realizar. Cada uma destas etapas envolve muitos processos, que descreveremos.

Fazem parte de um sistema de abastecimento de água:
• Manancial: fonte de onde se tira o suprimento de água. A escolha do manancial deve ser condicionada tanto à disponibilidade (quantidade) como a qualidade da água.
• Captação: conjunto de equipamentos e instalações utilizados para retirar a água do manancial.
• Adução: é a parte do sistema constituída de tubulações sem derivações, que liga a captação ao tratamento ou o tratamento ao reservatório de distribuição. A adução pode ser por gravidade, recalque ou mista. Deve-se priorizar a adução por gravidade para se evitar gastos adicionais de energia.
• Tratamento: o tratamento visa remover impurezas existentes na água, bem como eliminar microorganismos que causem mal à saúde, adequando a água existente no manancial ao padrão de potabilidade em vigor.
• Reservatório de distribuição: o reservatório de distribuição é empregado para acumular água com o propósito de atender à variação do consumo horário, manter uma pressão mínima ou constante na rede e atender às demandas de emergência, como em casos de incêndio, ruptura de rede etc.
• Rede de distribuição: a rede de distribuição leva a água do reservatório ou da adutora para pontos de consumo residenciais, escolas, hospitais, indústrias, e demais locais a serem abastecidos na comunidade.

Para se obter água adequada em um sistema público de abastecimento é necessário que:

• As características de qualidade da água bruta, isto é, da água presente no manancial, sejam compatíveis com os processos de tratamento de água presente no manancial e com os processos de tratamento de água economicamente disponíveis.
• As características indicadoras da qualidade da água bruta mantenham-se suficientemente estáveis ao longo do tempo, o que implica o controle da poluição do manancial.
• O sistema seja projetado, construído, operado e mantido para criar condições que possibilitarão obter água de forma adequada, regular, sem ocorrência de alterações sensíveis na qualidade.

O tratamento de água pode ser feito para atender a várias finalidades:

• Higiênicas: remoção de bactérias, protozoários, vírus e outros microorganismos, de substâncias tóxicas ou nocivas, redução do excesso de impurezas e de teores elevados de compostos orgânicos.
• Estéticas: correção de turbidez, cor, odor e sabor.
• Econômicas: redução de corrosividade, dureza, cor, turbidez, ferro, manganês etc.

Águas subterrâneas

A água subterrânea representa outra importante fonte abastecendo mais da metade dos municípios paulistas, entre eles, Jales, Fernandópolis, Novo Horizonte, Ribeirão Preto, Araraquara e São José do Rio Preto. Por esse motivo, é fundamental que esse manancial também mereça o devido cuidado, com a realização de levantamentos de informações hidrogeológicas que permitam a exploração racional e econômica desse recurso.

No Brasil, importantes cidades dependem integral ou parcialmente da água subterrânea para abastecimento. São os casos de Mossoró e Natal (RN), Maceió (AL), Região Metropolitana de Recife (PE) e Barreiras (BA), entre outros. No Maranhão, mais de 70% das cidades são abastecidas com água subterrânea.

Importantes cidades do país dependem integral ou parcialmente da água subterrânea para abastecimento, como, por exemplo: Ribeirão Preto (SP), Mossoró e Natal (RN), Maceió (AL), Região Metropolitana de Recife (PE) e Barreiras (BA). No Maranhão, mais de 70% das cidades são abastecidas por águas subterrâneas, percentual que chega a 80% no Piauí.

Um dos aqüíferos subterrâneos mais importantes do mundo é o Guarani, que se estende pelos Estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e pelo Paraguai, Uruguai e Argentina, numa extensão de 1,2 milhão de km2, dos quais 840 mil k2 encontram-se no Brasil, estimando-se suas reservas em cerca de 45 mil km3.
Embora estejam melhor protegidos que os rios e lagos, os mananciais subterrâneos também estão sujeitos a contaminações decorrentes de ocupações inadequadas em áreas mais vulneráveis, por fossas, infiltrações de efluentes industriais, aterros sanitários e outros, além da superexploração, que pode levar ao esgotamento, especialmente após o desenvolvimento de poderosas bombas elétricas e a diesel com capacidade de operação extremamente elevada.

Os mananciais de São Paulo

A Região Metropolitana de São Paulo - RMSP já apresenta sérios problemas para garantir água em quantidade e qualidade adequada para seus 19 milhões de habitantes. A má gestão desse recurso resulta na destruição de importantes fontes de água, em altas taxas de desperdício e na destruição de seus mananciais pela expansão urbana.

A baixa disponibilidade hídrica da região – localizada próxima às cabeceiras do Rio Tietê – foi acentuada ao longo de sua história em função da poluição e da destruição de seus mananciais, entre eles os rios Tietê, Pinheiros, Ipiranga, Anhangabaú e Tamanduateí. Hoje a região é obrigada a importar água e a investir em sistemas de tratamento avançado para transformar água de péssima qualidade em água potável.

As áreas de mananciais da RMSP - que são responsáveis pela produção de água para abastecimento de toda a população, além da manutenção de atividades econômicas - ocupam 52% do seu território, englobam total ou parcialmente 25 dos 39 municípios que compõem a região.

Para dar conta do abastecimento atual de sua população, são necessários oito sistemas produtores de água, que produzem aproximadamente 68 mil litros de água por segundo (ou 5,8 bilhões de litros de água por dia), uma quantidade de água suficiente para encher 2.250 piscinas olímpicas por dia.

Volume de água produzido e população
atendida pelos sistemas produtores
Sistemas produtores de água Volume de água produzido
(mil litros/segundo) População atendida (mil habitantes)
Alto Cotia 1 400
Baixo Cotia 0,9 460
Alto Tietê 10 3.600
Cantareira 33 8.100
Guarapiranga 14 3.800
Ribeirão da Estiva 0,1 40
Rio Claro 4 1.200
Rio Grande (Billings) 4,8 1.600

A RMSP importa mais da metade da água que consome da Bacia do Rio Piracicaba, através do Sistema Cantareira - que se localiza a mais de 70 km do centro de São Paulo e conta com seis represas interligadas por túneis. O restante da água é produzido pelos mananciais que ainda restam na região - em especial Billings, Guarapiranga e cabeceiras do Rio Tietê - e que sofrem intenso processo de ocupação, a despeito da Lei de Proteção aos Mananciais estar em vigor desde 1975.

A quantidade de água produzida para abastecimento está muito próxima da disponibilidade hídrica dos mananciais existentes. Essa pequena folga coloca a região em uma situação crítica, em que um período de estiagem mais prolongado pode resultar em racionamento de água para grande parte da população. E, em pouco tempo, a região precisará de mais água. Porém, novas fontes de água dependem de construção de represas, que demandam áreas para serem alagadas, tempo e recursos financeiros que são pouco acessíveis atualmente, o que reforça a necessidade de preservação e uso adequado dos mananciais existentes.

Por esse motivo, a Secretaria do Meio Ambiente incluiu os Projetos Mananciais e Cobrança do Uso da Água entre os 21 Projetos Ambientais Estratégicos do Governo do Estado. O primeiro tem a finalidade de promover a proteção e recuperação das bacias hidrográficas da Guarapiranga, Billings e Cantareira, por meio de programas de educação ambiental para conscientização da comunidade e intensificação da fiscalização.

O outro projeto objetiva regulamentar a cobrança do uso da água, destinando os recursos para o gerenciamento dos recursos hídricos em cada comitê de bacia. Em julho de 2007, foi iniciada a cobrança nas bacias hidrográficas do Piracicaba-Capivari-Jundiaí e Paraíba do Sul. Até dezembro de 2010 a cobrança será estendida a 14 das 21 bacias existentes no Estado.

Dicas para uso consciente da água

• Diante da situação crítica de oferta de água no planeta, é fundamental que a sociedade se conscientize da necessidade de utilizá-la de forma racional, evitando os desperdícios. É preciso alterar hábitos de consumo, mudando o comportamento perdulário em relação a esse recurso da natureza.
• Veja como cada cidadão pode contribuir para preservar esse precioso bem. Veja algumas dicas simples que podem ser adotadas no dia-a-dia, contribuindo para a conservação e manutenção do abastecimento de água.

Na cozinha

• Durante a lavagem da louça, a melhor forma de economizar água é limpar os restos de comida dos pratos e panelas com esponja e sabão e só então abrir a torneira para molhá-los. Depois de ensaboar tudo, abrir novamente a torneira para novo enxágüe.
• Em um apartamento, lavar louça com a torneira meio aberta durante 15 minutos utiliza 243 litros de água. Com a economia, o consumo pode cair para 20 litros.
• Uma lavadora de louças com capacidade para 44 utensílios e 40 talheres gasta 40 litros de água. Por isso o ideal é utilizá-la somente quando estiver totalmente cheia.

No banheiro

• O banheiro é o local que mais consome água numa casa. Fique atento aos vazamentos e mantenha a descarga regulada.
• A vazão média de uma torneira é de 16 litros por minuto. Por isso manter as torneiras fechadas quando escovamos os dentes, ensaboamos a louça ou fazemos a barba representa uma boa economia.
• Um banho de ducha de 15 minutos, com o registro meio aberto consome 243 litros de água. Se fecharmos o registro, quando nos ensaboamos, e reduzirmos o tempo do banho para 5 minutos, o consumo de água total cai para 81 litros.
• No caso de banho com chuveiro elétrico, também de 15 minutos e com o registro meio aberto, são gastos 144 litros de água. Com o fechamento do registro e a redução do tempo, o consumo cai para 48 litros.

Na lavanderia:

• O mesmo vale para a máquina de lavar roupa e para o tanque. Junte bastante roupa suja antes de usá-los. Não lave uma peça por vez. A lavadora de roupas com capacidade de 5 quilos gasta 135 litros por ciclo de lavagem.

No jardim:

• Use um regador para molhar as plantas ao invés de utilizar a mangueira. Mangueira com esguicho-revólver também ajuda a economizar. Ao molhar as plantas durante 10 minutos com mangueira, o consumo de água pode chegar a 186 litros. Com as outras opções, pode-se economizar até 96 litros por dia!

Dicas gerais:

• Reutilizar a água numa casa é outra atitude inteligente. A água do último enxágüe da máquina de lavar pode, por exemplo, ser utilizada para a limpeza doméstica, e até para dar descarga nos banheiros. Quem vive em casa pode também coletar água de chuva para afazeres secundários, como lavar uma área ou regar as plantas.
• Não despeje o óleo de frituras na pia. Esta gordura, além de contribuir para o entupimento dos canos, dificulta o tratamento do esgoto. Separe este material e destine para locais que fabricam sabão.
• Pratique coleta seletiva. A reciclagem é uma maneira eficiente de contribuir na economia da água. Os produtos reciclados consomem menos água do que os produtos produzidos a partir de matéria-prima virgem.
• Se você detectar um vazamento de água na rua ou calçada, ligue para a empresa de saneamento de sua cidade e comunique da situação.
• Informe-se sobre a origem e o destino de tudo que você consome. Consumir produtos feitos com métodos ecológicos ajuda a diminuir os desperdícios na cadeia produtiva e os impactos no meio ambiente.
• Atenção aos desperdícios e descuidos no uso da água. Eles tornam o gasto muito maior do que o necessário, ainda mais em condomínios, onde o consumo é maior devido à pressão da água.
• Uma idéia simples e eficaz é expor a conta de água nos locais de passagem dos moradores, como elevadores e garagens, permitindo que todos se informem sobre os valores de custo e volume consumido.
• Também vale apresentar ao lado da conta cálculos simples como o volume médio consumido por cada apartamento, o valor correspondente em reais, e as diferentes faixas de consumo do condomínio.
• Não deixe a torneira aberta enquanto escova os dentes ou faz a barba.
• Tome banho rápido e ensaboe o corpo com o chuveiro desligado.
• Não deixe as torneiras pingando e elimine os vazamentos.
• Feche a torneira enquanto ensaboa pratos e talheres.
• Não utilize mangueiras para lavar carros ou calçadas. Use vassoura e balde.
• Reutilize a água da máquina ou do tanque, que já contém detergentes, para a lavagem de quintais, calçadas e áreas de serviço.
• Só regue o jardim nas horas de temperatura mais amena para evitar a perda por evaporação.
Elevado.
Fonte: Relatório Mensal 3 Projeto de Pesquisa Escola Politécnica / USPxSABESP - Junho/96 e informações técnicas da ASFAMAS.

Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo

 

Realização
Parque Ecológico do Guarapiranga, SMA-SP e Pick-upau

Pick-upau – 2008 – São Paulo – Brasil

 
 
 
 

 

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