15/02/2023
– Uma nova pesquisa indica que resíduos de plástico
podem ser usados como matéria-prima para a produção
de uma membrana de alto desempenho. Este material poderia ser empregado
pelo setor químico para a separação de energia
de combinações químicas complexas ou para limpar
resíduos. Segundo os pesquisadores, membranas poliméricas
podem ser importantes ferramentas nos desafios de conservação
da natureza.
De acordo com os pesquisadores, essa
estrutura porosa pode reduzir a pegada ecológica em processos
de separações industriais, auxiliar no tratamento
de afluentes e até chegar ao acesso de água potável.
O estudo publicado na revista Green Chemistry, indica que na maioria
das vezes a fabricação de membranas envolve materiais
não renováveis e de origem fóssil, causando
um impacto a mais sobre o meio ambiente, na contramão da
sustentabilidade de cadeias produtivas.
O objetivo do estudo, segundo os pesquisadores,
é avançar na sustentabilidade da membrana polimérica,
de maneira que esses produtos possam ser desenvolvidos com matérias-primas
de base biológica e de resíduos de plásticos
a partir da economia circular, até a chamada química
verde.
Segundo dados da pesquisa, os plásticos
poliolefínicos são quase metade de todas as embalagens
e itens descartados. Isso se dá, entre outras coisas, pelo
baixo custo e alta estabilidade térmica e química
do produto. São embalagens de xampus e condicionadores, sacolas
reutilizáveis, entre outras embalagens.
Os pesquisadores explicam que essas
propriedades também tornam as poliolefinas interessantes
para a produção de membranas microporosas hidrofóbicas,
utilizadas no processo de purificação de óleos
e outros produtos industriais. "No entanto, os principais desafios
para o processamento de poliolefinas em membranas porosas são
as altas temperaturas necessárias para dissolvê-las
- geralmente entre 140 e 250 graus Celsius - e a gama limitada de
solventes que podem ser usados, a maioria deles à base de
combustíveis fósseis", explica Malinalli Ramírez
Martínez, Ph.D. aluno que liderou a pesquisa no grupo de
Suzana Nunes, na King Abdullah University of Science and Technology
KAUST (Universidade de Ciência e Tecnologia Rei Abdullah).
A pesquisa mostra que para aperfeiçoar
o processo, dois solventes de base biológica melhoraram a
sustentabilidade da cadeia produtiva. Solventes renováveis
derivados de biomassa não alimentar conseguem dissolver poliolefinas
em 130 graus Celsius. Outra vantagem apresentada no estudo é
a fabricação de um solvente produzido a partir de
resíduos plásticos de alimentos, ou seja, de uso único.
Mais informações: Malinalli
Ramírez-Martínez et al, Solventes de base biológica
para dissolução de poliolefinas e fabricação
de membranas: de resíduos de plástico a materiais
de valor agregado, Química Verde (2022). DOI: 10.1039/D2GC03181G
Da Redação, com
informações de agências interacionais.
Foto: Reprodução/Pixabay
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