21/05/2024
– Diante da ameaça significativa que a poluição
plástica causa aos ecossistemas e à saúde humana,
diversas abordagens estão surgindo a fim de mitigar esse
problema. Estas estratégias incluem a redução
da produção e da geração de resíduos
plásticos e a melhoria do design de materiais e produtos
feitos de plástico.
Recentemente, cientistas desenvolveram uma métrica destinada
para a criação de novos designers de produtos plásticos
que minimizem o impacto ambiental. Segundo um estudo liderado por
pesquisadores da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) e publicado
na revista ACS Sustainable Chemistry & Engineering, a adesão
a esta métrica pode acarretar em benefícios ambientais
e sociais.
Segundo os pesquisadores do estudo, apesar da poluição
plástica ameaçar substancialmente os ecossistemas
e a saúde humana, o consumo de produtos plásticos
continua a aumentar. Para diminuir seus danos, novas estratégias
de design de produtos plásticos, com informações
sobre as ameaças destes produtos ao meio ambiente e com baixa
persistência ambiental, estão em foco, conforme o estudo.
A utilização de plásticos com esses designers
pode resultar em um menor impacto ambiental. Os resultados do estudo
mostram que a mudança para materiais alternativos para tampas
de xícaras de café descartáveis, como diacetato
de celulose e polihidroxialcanoatos, possivelmente diminuiria os
custos ambientais em centenas de milhões de dólares.
No geral, estes produtos são criados para serem amigos do
meio ambiente, e levam em conta durante a sua criação
inúmeras preocupações ambientais, como emissões
de gases com efeito estufa e esgotamento de recursos, já
que estão disponíveis dados que estimam estes tipos
de impactos.
A seleção da matéria prima plástica,
em geral, é usada como parâmetro destas métricas.
Entretanto, até o momento, essas seleções não
consideram a persistência do plástico no meio ambiente
como poluição.
O autor principal do estudo Bryan James, um cientista e engenheiro
de materiais que atua como pesquisador de pós-doutorado no
Departamento de Química Marinha e Geoquímica da WHOI
expressou a importância de determinar metodologias para projetar
estes materiais, produtos e processos funcionais, de maneira sustentável,
incorporando os princípios da engenharia de materiais verdes
para o mundo em que desejamos viver.
O autor enfatiza a importância do próximo conjunto
de estratégias e ferramentas que engenheiros, designers de
produtos e até o consumidor médio podem empregar para
fazer escolhas mais sustentáveis, sem comprometer o desempenho
do produto.
O estudo da métrica de sustentabilidade integra a taxa de
degradação ambiental do plástico na seleção
dos materiais, derivando índices de materiais para persistência
ambiental. O estudo identifica os materiais utilizados e suas propriedades,
para escolha de quais devem ser priorizadas e desenvolvidas, com
adoção e investimento para criar produtos funcionais
e menos produtos plásticos com impacto ambiental negativo.
O estabelecimento e implementação de métricas
de sustentabilidade para persistência ambiental, são
o desafio atual para os pesquisadores, já que existem poucos
dados disponíveis sobre a imensa quantidade de plásticos
utilizados em bens de consumo. A boa notícia é que
estes dados vêm aumentando nos últimos anos, dando
taxas realistas de degradação ambiental dos diferentes
tipos de plástico, o que ajuda na escolha das melhores propriedades
a serem consideradas na implementação do design.
A partir destes dados, os cientistas puderam demonstrar que apesar
da troca de um material plástico por outro, em algumas situações
possa reduzir o custo de um produto e as emissões de gases
com efeito estufa, estas mudanças também devem ser
avaliadas em termos de minimização da vida útil,
e da persistência ambiental.
Por exemplo, se um designer de produto elencar apenas custos e emissões
de gases de efeito estufa em suas métricas, o ácido
polilático seria uma boa escolha. Entretanto, este material
é persistente nos oceanos. Por outro lado, o diacetato de
celulose e os poli-hidroxialcanoatos, atualmente apenas um pouco
mais caros que o ácido polilático, emitem menos gases
de efeito de estufa e não persistem no oceano.
O co-autor Christopher Reddy, cientista sênior do Departamento
de Química Marinha e Geoquímica da WHOI, enfatiza
que a maioria dos estudos se concentra em trazer a gravidade da
poluição plástica, enquanto este estudo aborda
também maneiras cientificamente significativas de resolver
o problema.
Como exemplo foi aplicado uma métrica pelos pesquisadores
ao redesenho de tampas de xícaras de café, usadas
no dia a dia. Hoje, milhares de milhões de tampas descartáveis
para copos de café, são usadas todos os anos, chegando
a representar cinco por cento de todos os detritos plásticos
recolhidos pelos esforços de limpeza costeira em todo o mundo.
Atualmente existem no mercado três designers de tampas diferentes
para xícaras de café em uso, feitas de também
de ácido polilático, polipropileno e poliestireno.
Procurando medidas mais sustentáveis, os pesquisadores avaliaram
qual possivelmente acarretaria em menor impacto ambiental.
James, um dos cientistas do estudo, ponderou sobre a questão,
indagando que uma tampa com um percentual um pouco maior de gases
do efeito estufa emitidas, mas com uma menor persistência
no meio ambiente, pode ser uma escolha mais benéfica do que
outra que embora emita menos gases de efeito estufa, é mais
persistente.
Ele destacou a importância de não se prender apenas
ao custo da produção de determinado produto, mas também
ao custo ambiental. Além disso, enfatizou que ao fabricar
produtos que persistam menos no meio ambiente, o custo ambiental
para a sociedade será menor.
O cientista trouxe a dificuldade, por exemplo, de desenvolver uma
nova tampa para uma xícara de café, com critérios
de sustentabilidade viáveis e ambientalmente conscientes.
Ele mencionou que durante a avaliação da melhor opção
de polímero para o meio ambiente, é preciso considerar
dados como quantidade de energia utilizada na sua fabricação
e emissões de efeito estufa geradas, entre outros.
Reddy destacou que durante a modelagem de um designer de uma tampa
de café não se consideram fatores importantes como
a persistência da tampa na realização dos cálculos.
Por isso elogiou o trabalho de Bryan na criação dessa
métrica, descrevendo-a como uma ideia inovadora.
No âmbito da pesquisa, destaca-se principalmente a mudança
da narrativa em relação à poluição
plástica, focando além da definição
do problema, e trazendo a busca por soluções sustentáveis.
Atualmente, apesar de se reconhecer a importância e a utilidade
dos plásticos, é consenso entre estudiosos do mundo
inteiro que a quantidade de plástico dispersado pelo meio
ambiente é alarmante.
Este estudo é um passo inicial significativo para lidarmos
com esse problema, permitindo que desenvolvamos materiais que atendam
às necessidades dos consumidores, sem esquecer-se de considerar
aspectos tão importantes como a quantidade e a persistência
dos plásticos no meio ambiente.
James finalizou enfatizando que a partir de estratégias como
estas, cientistas, engenheiros e designers, têm a oportunidade
de causar impactos ambientais positivos na crise da poluição
plástica. E que as métricas e métodos levantados
no estudo, podem vir a direcionar as decisões de design e
prioridades de pesquisa, voltadas a este objetivo.
Da Redação, com informações de agências
internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
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