27/05/2024
– A poluição plástica gerada pela atividade
humana é frequentemente ilustrada por imagens marcantes de
animais marinhos que acabaram presos e mortos em resíduos
flutuantes, entretanto as consequências da poluição
plástica nos oceanos se estendem muito além disso.
As regiões polares do Ártico e da Antártida
cada vez mais sofrem com a poluição plástica,
que se estende desde as áreas de gelo flutuante até
a terra, como macroplásticos maiores (>5 cm), microplásticos
(0,1 µm-5 mm) e nanoplásticos (<0,1 µm) que
acabam sendo transportados por longas distâncias ou mesmo
ingeridos em áreas mais povoadas durante as migrações
sazonais.
Foi publicada na revista
Frontiers in Marine Science, um estudo sobre o problema com foco
nas aves marinhas que vivem nas regiões glaciais. O pesquisador
Ph.D.,Davide Taurozzi e o professor Massimiliano Scalici, da Universidade
Roma Tre, Itália, juntaram seus esforços em um projeto
para resumir 40 anos de pesquisa sobre a ingestão de microplásticos
por aves marinhas, de 1983 até os dias atuais.
Os
pesquisadores investigaram o conteúdo do estômago e
excrementos das aves, em mais de 1.100 amostras. Eles examinaram
alimentos temporariamente armazenados durante viagens de busca,
guano (mistura de excrementos e resíduos metabólicos)
e pellets regurgitados de alimentos não digeridos, entre
outras partículas. Os pellets foram o componente principal
das amostras, seguidos pelo conteúdo estomacal e guano, enquanto
o conteúdo das bolsas foi pouco encontrado.
De todos os animais pesquisados
pelo menos 13 espécies de aves marinhas, habitantes de paisagens
polares, ingeriram microplásticos, espécies como pequenos
auks, fulmares do norte, gaivotas glaucas, murros de bico grosso,
petréis de queixo branco, cagarras, cagarras fuliginosas,
pinguins-rei , pinguins-de-adélia, barbicha pinguins, pinguins
gentoo, skuas marrons e skuas do polo sul.
Foram extraídas
3.526 partículas das amostras de aves marinhas, o que representa
pelo menos 1 partícula microplástica em 90% das amostras
do Ártico e 97% da Antártida. Trinta e seis (36) partículas
foram encontradas em uma única ave.
Em relação
à composição plástica, os pesquisadores
encontraram 14 tipos diferentes de polímeros nas amostras,
sendo o polietileno o mais abundante, seguido do polipropileno e
do poliestireno. Foram encontrados predominantemente como fragmentos,
gerados pela quebra de objetos plásticos maiores que podem
ser obtidos de itens como sacolas plásticas, recipientes
para alimentos e bebidas e embalagens protetoras de espuma.
Nas aves a ingestão
de partículas plásticas pode bloquear o trato gastrointestinal,
aumentar a toxicidade e o estresse oxidativo, além de desencadear
reações imunológicas. Os pesquisadores ficaram
alarmados, pois além da preocupação com a ingestão
direta de partículas pelas aves, foram encontrados microplásticos
no krill, uma fonte de alimento para alguns pinguins, destacando
como o problema pode afetar ecossistemas e teias tróficas.
Hoje, existem apenas 64 e 43 espécies de aves marinhas habitando
o Ártico e a Antártida, respectivamente, números
que vêm diminuindo nos últimos anos, demonstrando a
necessidade de rigorosas medidas de conservação.
Os impactos da ação
do homem na biodiversidade do Ártico e na Antártida
são a prova de que nenhum lugar da terra está imune
aos efeitos das ações humanas, e que ações
e estratégias para frear e mitigar fatores de estresse ambiental
deve ser uma preocupação contínua para todos
nós.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
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