08/10/2025
– Anualmente, são produzidas cerca de 460 milhões
de toneladas de plástico no mundo, mas apenas 9% desse total
é reciclado. O restante é incinerado (12%) ou descartado
em aterros e oceanos (79%), onde permanece no ambiente. Com o tempo,
o plástico se fragmenta em microplásticos (<5 mm)
e nanoplásticos (<1.000 nm). Esses nanoplásticos
têm gerado crescente preocupação com a saúde
pública, pois podem entrar no corpo humano por meio do ar,
da água, dos alimentos e até pelo contato com a pele.
Um estudo publicado na ACS ES&T
Water mostrou que os efeitos nocivos dos nanoplásticos (NPs)
são agravados por sua capacidade de interagir com contaminantes
tóxicos, como metais pesados. Pesquisadores do Instituto
de Tecnologia de Nova Jersey descobriram que NPs derivados de plásticos
comuns (PET, PS e PP) adsorvem facilmente íons de chumbo
e cádmio, funcionando como "cavalos de Troia".
Dessa forma, transportam esses metais para dentro dos organismos,
aumentando a bioacumulação e os riscos à saúde.
Estudos revelaram que nanoplásticos
(NPs) podem se mover pelo corpo humano e foram detectados em sangue,
fezes, pulmões, sêmen e placentas. A tentativa do sistema
imunológico de eliminá-los pode causar inflamação
crônica e aumentar o risco de neoplasias (crescimento celular
anormal). Devido à sua grande área de superfície,
as NPs também adsorvem metais pesados como chumbo, cádmio,
mercúrio e arsênio, tornando esses contaminantes mais
biodisponíveis e potencializando seus efeitos tóxicos
no organismo.
A maioria dos estudos sobre nanoplásticos
(NPs) utiliza versões comerciais uniformes, geralmente de
poliestireno, que não representam as NPs reais, as quais
possuem tamanhos e formatos irregulares — fatores que influenciam
diretamente sua toxicidade e propriedades físico-químicas.
Para obter dados mais realistas, pesquisadores coletaram resíduos
plásticos do lixo, como garrafas de PET, caixas de PS e embalagens
de PP, e produziram NPs autênticos utilizando sal grosso como
meio de moagem, sem adição de produtos químicos.
Utilizando técnicas como espalhamento
dinâmico de luz, microscopia eletrônica e espectroscopia,
os pesquisadores confirmaram que os nanoplásticos (NPs) produzidos
a partir da moagem de resíduos com sal apresentavam formas
irregulares e tamanhos inferiores a 200 nanômetros —
características semelhantes às dos NPs encontrados
no ambiente real. As análises mostraram que esses NPs têm
alta capacidade de adsorção de íons de metais
pesados, como manganês, cobalto e zinco. Entre os materiais
testados, o polipropileno (PP) demonstrou o maior desempenho, adsorvendo
mais de 99% do chumbo (Pb²?) em apenas cinco minutos. Os resultados
indicaram ainda que a adsorção ocorre por quimissorção,
formando uma monocamada em superfícies homogêneas das
partículas.
Diante desses achados, os pesquisadores
ressaltam a importância de investigar mais profundamente as
interações entre NPs e metais pesados para compreender
melhor os riscos toxicológicos e ambientais associados. Esse
conhecimento é essencial para desenvolver estratégias
eficazes de mitigação da poluição por
nanoplásticos, que representam uma ameaça crescente
à saúde pública e aos ecossistemas.
Saiba mais: Ananda Pokhrel et al.,
Geração de nanoplásticos erodidos a partir
de resíduos do mundo real e sua capacidade de adsorção
de metais pesados, ACS ES&T Water (2025). DOI: 10.1021/acsestwater.4c01191
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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